O papel da rotina no gerenciamento de sua carteira de investimentos


A rotina, muitas vezes menosprezada, pode ser muito útil no sucesso e rentabilidade de sua carteira de investimentos, principalmente se ela utilizar a estratégia de alocação de ativos no controle e balanceamento do portfólio.


A finalidade desse texto é chamar a atenção para a importância da rotina na formação de cada pessoa como investidor autônomo. Muitas vezes negligenciada, ela, quando bem aplicada, é um dos fatores decisivos para nosso sucesso a longo prazo.

O papel da rotina na gestão de uma carteira de investimentos

Um depoimento de peso: Jordan B. Peterson

Não sei se você conhece Peterson. Caso negativo, sugiro conhecer. É uma pessoa que, por falar claras verdades de forma sincera, mesmo que politicamente incorretas, baseadas no conceito profundo de responsabilidade pessoal, vem sendo atacado massivamente pela sociedade mimimi coletivista atual.

Psicólogo e professor canadense, possui milhões de seguidores de seu canal de YouTube. Para quem não entende o inglês, existem vários canais em português que publicam seus vídeos traduzidos, sendo um dos mais comuns o canal do Jordan Peterson Legendado ou dos Tradutores de Direita. Vale a pena programar-se para assistir um pequeno vídeo diariamente.

Peterson publicou recentemente seu segundo livro: “12 regras para a vida: um antídoto para o caos“. Apesar de o título parecer algo de auto-ajuda, ele foge muito desse conceito. É verdade que seu intuito é possibilitar uma melhoria de nossa vida, mas passa longe de contar apenas casos óbvios e dar dicas de comportamentos.

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Antes, ele estabelece quais as melhores atitudes do indivíduo frente à sociedade e suas forças, que criam o caos e degradam nossas capacidades confundindo nossos propósitos.

Posicionando o homem através de sua história ancestral e com responsabilidade própria perante seus atos, transmite conceitos muito profundos, uma vez que ele usa sua vivência na psicologia em suas análises ao mesmo tempo que possui um senso de realidade concreta notável.

Comecei a lê-lo recentemente, e um trecho lido nesse final de semana me proporcionou um insight sobre a rotina, lembrando-me algumas tarefas do meu dia a dia na administração do meu portfólio de investimentos.

Peterson afirma que o corpo, para funcionar a contento, precisa atuar como uma orquestra bem ensaiada. Se todo o sistema não desempenhar seu papel adequadamente e no momento certo, o ruído e o caos podem surgir facilmente.

O que é rotina?

Abrem-se as alas então para o conceito de rotina, entendido como os hábitos da vida estáveis e confiáveis que repetimos automaticamente todos os dias (ou em um período específico). Com a repetição, eles perdem a complexidade e ganham previsibilidade e simplicidade.

Acordar em um mesmo horário, todos os dias, é o que ele recomenda, como exemplo, para todos seus pacientes. Ansiedade e depressão, muito em voga no mundo atual não podem ser facilmente tratadas, segundo ele, se o paciente tiver rotinas diárias imprevisíveis. Os sistemas que interferem na emoção negativa estão intimamente ligados ao nosso ritmo circadiano.

Sobre o conceito da repetição das atividades ganhando previsibilidade e simplicidade, é possível fazer uma relação óbvia com a excelência. Ou seja, quanto mais exercemos uma prática, melhores seremos em sua execução, uma vez que passamos a automatizar toda a situação através da construção de novas conexões cerebrais em virtude da plasticidade cerebral.

Essas ideias podem ser encontrados na famosa lei das 10 mil horas do livro de Malcolm Gladwell “Fora de Série” ou nas ideias de prática deliberada em “Direto ao Ponto: os segredos na nova ciência da expertise“, de Ericsson e Pool, que inclusive, fizeram alguma crítica à simplificação de Gladwell.

Ok, mas como essas ideias podem relacionar-se com a vida de um investidor que gerencia sua própria carteira de investimentos?

A psicologia da rotina no gerenciamento de uma carteira de investimentos

Iniciei o texto dizendo que a leitura de Jordan Peterson foi o estímulo para sua publicação. É verdade, mas omiti outro fato.

Uma semana antes de escrevê-lo, os fundos imobiliários da carteira de investimentos da minha filha pagaram seus dividendos. Ela ainda possuía algumas dúvidas no preenchimento de tais remunerações na planilha de controle de ativos.

Percebendo sua dificuldade, e, ao invés de dar as respostas prontas, colocando-a a pensar, percebi como a rotina é importante para o gerenciamento de um portfólio. Isso vale também para quem ainda está no início do ajuste do orçamento financeiro: o controle do que temos, do que auferimos e do que desejamos receber no futuro é fundamental para termos sucesso na vida financeira.

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Para termos excelências no gerenciamento do portfólio (afinal, já dizia um velho papa da administração – “só é possível gerenciar o que se mede”), precisamos colocar esses controles de alguma forma na nossa rotina.

Falta de tempo? Vamos falar sério: o difícil é realmente priorizar o que é realmente importante. Nesse mundo atual de redes sociais e suas interações superficiais, confundimos o importante com o urgente, o que torna muito difícil encontrar brechas e usar o tempo a nosso favor.

Reconheço que o começo é sempre difícil. Ele precisa ser superado, contudo, sem desculpas. Se você não consegue encontrar um tempo para definir o quadro de seu futuro, lamento, mas você colherá o que está plantando. Se deseja um pensamento mais altruísta, pense em seus filhos ou ajudar a quem precisa. Só podemos ser útil à alguém se tivermos tempo. Só temos tempo se tivermos estabilidade financeira. Enfim, o primeiro passo precisa ser dado. Essa é uma das abordagens da responsabilidade individual que fala Jordan Peterson.

Uma vez, entretanto, que começamos a incorporar bons hábitos na nossa rotina, aos poucos as ações começam a ficar automáticas (lembra da plasticidade do cérebro?) e o tempo dispendido nas atividades será cada vez menor (e você perceberá isso antes de chegar nas 10.000 horas de treino de Gladwell, garanto!). Quando menos percebermos, estaremos praticando bons hábitos mais por intuição do que por decisão.

Enfim, fazendo uma correlação com os pensamentos de Daniel Kahneman, em seu excelente “Rápido e Devagar“, utilizaremos mais as características do sistema 1 do que o sistema 2 do cérebro, que exige maior esforço. E, com isso, ampliaremos a nossa zona de conforto, fazendo-a muito mais útil e confortável aos nossos propósitos.

Algumas rotinas no gerenciamento dos ativos da minha carteira de investimentos

Para finalizar as ideias do texto, vamos agora a enumerar e comentar algumas das rotinas que possuo no gerenciamento da carteira de investimentos. Lembro que as rotinas são para os dias úteis, uma vez que nos finais de semana… bom… finais de semana são para se sair da rotina, não?

É importante ainda destacar que nenhuma rotina precisa ser necessariamente infalível. Imprevistos sempre existem. O único ponto é que eles precisam ser considerados como exceções, e nunca como desculpa para agendarmos o que é importante para “algum dia”, concorda? Vamos a elas então.

Rotinas diárias

  1. Entre uma ou meia hora antes da abertura do mercado leio os e-mails, procurando fatos relevantes de ações e FIIs que sigo. A maioria serve somente como informação, porém alguns podem ser interessantes, como oportunidades de subscrições de ações ou cotas.
    Fico atento nos produtos que as corretoras oferecem (é rara, mas quem sabe há alguma oportunidade?) e também se os meus alertas de preços de ativos foram excluídos em função de pagamento de dividendos para repô-los no HB da Socopa.
    Aqui fica um conselho: se você não quer ficar o tempo todo no HB, estabeleça alguns preços de compra e venda para seus ativos preferidos e use os alertas. Em geral, só abro o HB se algum dos alertas for acionado.

  2. Durante o início da abertura da bolsa, acompanho alguns índices como mercados e juros futuros. Mentalmente penso se tenho saldo suficiente na Clear para cobrir as variações negativas de eventuais quedas do dólar nos contratos futuros e se necessário, faço as transferências devidas.
    Se em algum momento, algum alerta de preço é acionado, coloco a ordem de compra ou venda no HB no preço que estabeleci previamente. Sobre corretoras, há mais informações em “As corretoras com as menores taxas de corretagem“.

  3. Feito isso, acompanho as leituras dos sites e blogs que assino em meu feed (já usei e escrevi sobre o Feedly, mas agora estou usando o Inoreader). Aqui incluo vários assuntos, desde investimentos, como política, filosofia, e outros hobbies na área de tecnologia, psicologia, automóveis e saúde.

  4. Na época de publicação de balanços trimestrais, o período da tarde fica bem preenchido com a leitura dos relatórios das empresas. Mesmo fora desse período, sempre tem um ou outro relatório mensal de fundos imobiliários para acompanhar.
    Além disso, gosto de acompanhar alguns fóruns de discussão para ver o que as pessoas estão debatendo. Pode parecer bobagem, mas é possível obter alguns insights ou avaliar para onde está indo o clima do mercado, ao menos em parte do capital nacional.
    Em 2019 comecei a repensar o tempo gasto nessas atividades e passei boa parte de minha carteira de investimentos para a gestão passiva. Estou comparando a rentabilidade das duas carteiras aqui.

  5. A meditação não podia ficar para trás. Apesar de já tê-la citada no blog, nunca fiz um texto específico para enaltecer sua importância. Acho-a essencial para mantermos a estabilidade emocional em nossa vida.

  6. A leitura de livro possivelmente não deveria ser considerada como uma “rotina” propriamente dita, pois não é algo que precisa ocorrer em tempos precisos. Mas ela está presente diariamente. É muito difícil passar um dia sem ao menos, meia hora de leitura de algum livro. Em dias mais tranquilos, a atividade passa fácil das 3 horas.

  7. Lembra daquele ditado, “mente sã, corpo são”? Pois é, as rotinas na academia são constantes nos dias de semana, alternando com algumas braçadas na piscina em dias quentes.
    Na academia (e também nas caminhadas ao supermercado, atividades voluntárias e períodos na cozinha), aproveito o tempo para ouvir podcasts selecionados e o programa Pingos nos Is da Joven Pan no começo da noite.

Rotina semanal

Pensei, pensei, e encontrei apenas uma atividade que poderia ser conceituada de rotina semanal: faço uma pequena avaliação da alocação de ativos do meu portfólio, para checar se, com o movimento dos preços ou com compras e vendas de papéis realizados durante a semana, houve alguma distorção no percentual que atribuí aos pilares da carteira de investimentos.

Para entender como funciona o rebalanceamento dos ativos nessa estratégia que utilizo há tempos, leia o texto “Alocação de ativos: um guia para iniciantes“.

Rotina mensal

A cada 30 dias é realizado o fechamento mensal, com a criação de uma nova coluna na planilha de histórico, atualização dos dados dos pilares da carteira e análise um pouco mais profunda da situação. Atualizo os rendimentos de todas as carteiras de investimentos, mantendo-os disponíveis na página da “Rentabilidade das Carteiras“.

Tanto os rendimentos quanto as perdas e as despesas são fechadas e lançadas no antigo software que agasalha meu histórico financeiro desde 1997: o Microsoft Money, que já foi tema de um artigo aqui no blog. Não troco nenhum app da moda por ele!

Rotina anual

Anualmente, no início de janeiro, é realizado o fechamento anual. Essa é uma atividade importante que visa avaliar se todo o planejamento de longo prazo está cumprindo as metas estabelecidas para toda a vida e se há necessidade de ajustes.

É o tempo de avaliar a variação de patrimônio e a nova TNRP, que é a sigla que uso para a taxa necessária para a remuneração do patrimônio, de forma que seu saldo ano a ano esteja andando conforme o objetivo estabelecido no meu planejamento.

A maioria das pessoas usa o conceito de TSR (taxa segura de retirada). Eu vejo alguns problemas com ele e coloquei meus pontos de vista sobre o assunto no artigo “A TSR, a planilha de plano patrimonial e meu histórico na TNRP“. Lá também tem um link para acessar a planilha de longo prazo que utilizo para tal planejamento.

Enfim…

Bem, espero que tenha ficado claro que a rotina, quando entendida como um balizador de bons hábitos, é muito importante para nosso equilíbrio e sucesso.

Encobrindo o caos que se evidencia em uma vida sem propósito, sem planejamento e cheios de expectativas momentâneas e sentimentos consequentes como a ansiedade, ela pode nos ajudar a mantermos centrados e cumprir as metas que designamos para nossas vidas.

E então? Será que os leitores investidores perceberam algumas semelhanças com suas próprias rotinas? Há outras que possam ser compartilhadas com os futuros leitores?

Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
ler sobre um resumo de minha história
ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
participar de um papo de boteco
curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.

E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?

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Alexandre Nascimento
3 anos atrás

Excelente a Matéria André! Principalmente de como fazer a rotina jogar a seu favor!

Viver Sem Pressa
3 anos atrás

Muito bom André, você é bem disciplinado, tenho muito ainda a aprender. Vou tentar elencar e estabelecer minhas rotinas diárias e semanais. As mensais e anuais estão bem estabelecidas, mas as outras ainda não. Um beijo.

Anônimo
Anônimo
3 anos atrás

Muito obrigado por compartilhar. Um tesouro de informação.

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