Uma planilha de controle de gastos para seu orçamento e fluxo de caixa


O controle do orçamento e fluxo de caixa é o primeiro (e essencial) passo na viagem lenta à independência financeira.
Segue um guia sobre seus fundamentos e o acesso gratuito à minha planilha pessoal de controle de gastos no Google Docs ou Excel, como ferramenta de auxílio nessa jornada.


Apesar de não ser consultor financeiro oficialmente, recebo regularmente pedidos de orientações sobre investimentos: em quê, como, e onde aplicar seu dinheiro.

Investigo inicialmente qual o montante mensal que seria disponibilizado para manter um aporte consistente e se essa meta estaria coerente com seu orçamento e fluxo de caixa anual a curto e médio prazo, uma vez que os cenários de investimento dependem fundamentalmente dessa informação. É indispensável conhecer os prazos que o dinheiro pode ficar investido sem sobressaltos.

Uma planilha de controle de gastos e fluxo de caixa para seu orçamento é o primeiro passo para a independência financeira

O final da conversa revela a resignação do meu interlocutor prometendo rever sua situação antes de entrar em contato novamente. Ou seja, ele não tinha uma planilha de controle de gastos e receitas, não monitorava seu fluxo de caixa, e muito menos tinha um orçamento.

Decidi, assim, partilhar publicamente a todos os leitores do blog a planilha que uso para controlar o meu próprio orçamento e fluxo de caixa. É um instrumento simples e efetivo que está em uso já há um bom tempo por mim e outras pessoas que já mostraram interesse anteriormente.

O texto possui duas partes fundamentais:

  1. Uma pequena teoria sobre os fundamentos sobre orçamento e fluxo de caixa;
  2. A disponibilização da planilha de controle dos gastos com o guia para preenchimento.

Primeiro, o controle de orçamento e fluxo de caixa. Depois, os investimentos

Você conhece alguém que sempre opina sobre investimentos, mas usa o cheque especial e arca com juros em pagamentos parcelados no cartão de crédito? Eu conheço… é um sério caso de inversão de prioridades. Ou ainda, o clássico ditado de colocar o carro na frente dos bois.

Um dos maiores enganos é imaginar a possibilidade de investir sem possuir um fluxo de caixa sólido que preserve o seu orçamento e permita um lucro consistente. Eles – o orçamento e o fluxo de caixa, são a base, a pedra fundamental, onde deve ser alicerçadas todas as decisões tomadas na esfera dos investimentos financeiros. Além de adquirir sabedoria, você evitará mergulhar no estresse do dia a dia em que faltam foco e prioridades.

Dar um passo de cada vez não impede, entretanto, o aprendizado precoce de diversas formas de investimentos financeiros, mesmo quando ainda não temos capital para isso. Tal conhecimento será essencial um dia.

Nesse texto, foco na primeira etapa: a crucial importância do controle do orçamento e do fluxo de caixa, com a disponibilização gratuita de minha planilha de controle financeiro pessoal, tanto em Excel como no Google Docs. Uma está salva no Google Drive e a outra, no OneDrive. Ambas disponíveis para compartilhamento.

Adequar as finanças – o orçamento e o fluxo de caixa

O controle financeiro pessoal é o passo inicial de algo muito maior. Sua energia primária deve estar aqui concentrada, com a finalidade de realizar uma economia mensal perene, sustentável, que possibilite um melhor planejamento para seus futuros investimentos.

O controle do fluxo de caixa e orçamento, entretanto, não é um fim em si mesmo. Ele é somente um meio para alcançar um dia a tão sonhada independência financeira, que é, de fato, a meta fundamental que encorajo todos a seguir.

Se você não nasceu em berço de ouro, a administração das finanças passa por esse controle mensal. Não existem atalhos. Na sequência do texto, explico rapidamente os objetivos por trás desses conceitos. Acredite: esse é o primeiro passo para a sua independência financeira!

“Não tenho tempo disponível para controlar receitas e despesas”

A procrastinação é comumente a razão principal das pessoas não possuírem um orçamento ou um fluxo de caixa. Repetem ad infinitum que ambos são importantes, mas nunca encontram tempo de elaborá-los. O ser humano tende a dar uma importância (muito) maior ao curto prazo. Além disso, tem alguma dificuldade de compreender as causas e consequências de seus atos. Muitas vezes, trocando causas por consequências.

Imaginem todas as distrações de curto prazo que não trazem resultado futuro algum? Você mesmo, tenho certeza, é capaz de enumerar vários exemplos pessoais. Negar a si próprio um pequeno tempo para preencher e analisar uma planilha de orçamento é um exemplo de falta de clareza de prioridades.

Uma das consequências é o desenvolvimento de um modelo mental que sabotará suas maiores chances de sucessos na vida. Não apenas sucessos financeiros (meios) mas também o verdadeiro fim: o sucesso na realização de seus sonhos.

Para os procrastinadores, a solução passa mais por atitudes motivacionais. Envolve algo além do que uma necessidade maior de conhecimento financeiro. Envolve a compreensão de que bons hábitos têm o poder de mudar nossa vida, como bem disse Charles Duhigg em seu sucesso “O Poder do Hábito”.

“Vou ficar escravo de uma planilha?”

Outra parte da população acredita que possuir uma planilha de orçamento e fluxo de caixa é equivalente a aprisionar-se em uma camisa de força. E que será impossível preservar sua liberdade para fugir do orçamento quando desejarem, embora isso não seja uma verdade absoluta.

Para essas pessoas, ao contrário das procrastinadoras, a motivação não possui influência nenhuma. O que elas precisam é de um maior entendimento de como funciona um orçamento, entendendo que uma liberdade pode ser ou efêmera ou pereneOu seja, é necessário escolher qual das duas formas de liberdade deseja para sua vida: momentânea ou definitiva?

Uma planilha de controle de gastos para seu orçamento e fluxo de caixa 1

Para quem tem algum conhecimento em gerenciamento, em algum momento da vida já esbarrou com o desafio de trabalhar com metas. Seja revendo ou aprendendo alguns conceitos, estabelecer metas é um assunto essencial que aprendemos na academia e importante em nossa vida pessoal.

Guarde esse texto para ler com calma após acessar sua planilha de controle de gastos. Ele possui os principais conceitos necessários para entender como as metas podem ser essenciais em aflorar a motivação que você precisa para alcançar todos seus objetivos.

Metas devem ser realistas, mas também desafiadoras. Logo, precisamos sair um pouco da zona de conforto (e buscar conhecimento para ampliá-la), mas sem causar sofrimentos que farão com que abandonemos nossos propósitos.

O orçamento

Um orçamento bem-feito pode ser uma forma de mostrar a si próprio sua capacidade de realização. Evidencia seu protagonismo, sua habilidade, sua flexibilidade em procurar soluções e manifesta, para seu deleite próprio, o seu potencial de conquista. Levá-lo a sério é um elemento estimulante para sua autoestima.

Uma planilha de controle pessoal de seus gastos e suas receitas propicia que você se coloque no centro das decisões da sua vida e não permite que a vida o leve ao seu bel-prazer. Possuir um orçamento faz com que você se sinta consciente em cada passo de sua vida. Sim, isso exige responsabilidade. Mas é um fator de motivação tremendo!

Uma planilha de orçamento permite flexibilização entre as categorias de despesas!

Uma planilha de orçamento possui um mito difícil de ser quebrado por algumas pessoas: o suposto engessamento das categorias de despesas. Ou seja:

“Se eu definir um teto de R$300,00 em roupas por mês e passar em uma loja e descobrir aquela mega liquidação, não posso gastar mais do que permite o meu orçamento?”

Bom, minha resposta aqui exclui quaisquer observações se essa é uma liquidação verdadeira ou se a pessoa está, de fato, precisando comprar roupas. Vamos assumir que para ambas as questões a resposta seja positiva, ou seja, a pessoa não está confusa na relação apego e prazer e não está sujeita às artimanhas da publicidade.

A resposta é sim, você pode e deve comprar. O orçamento admite flexibilização entre contas. Se você fixou para o mês um orçamento de digamos, R$ 5.000,00 divididos em várias categorias de despesas, a meta principal é cumprir esses R$ 5.000,00, mesmo que os valores das categorias sofram variações.

Entretanto, saber COMO você usou esses R$ 5.000,00 é importante para que você saiba em que está gastando, refletindo sobre a manutenção desses gastos posteriormente.

A planilha que disponibilizarei mostra em uma coluna, os percentuais gastos em cada categoria, para auxiliar você a gerenciar seus gastos e rever possíveis desvios durante os próximos períodos.

A planilha também permite a flexibilização entre meses!

Da mesma forma, o orçamento admite também flexibilizações mensais. A média mensal de gastos é muito mais importante. Assim, se ocorrer uma emergência em um mês, nada impede que o orçamento seja – temporariamente – desobedecido, se houver compensação posterior. O objetivo é que, no acumulado de um período, sua meta seja respeitada.

Você percebe que todos os impedimentos que bloqueavam sua iniciativa de seguir a sério uma planilha de orçamento não se sustentam quando analisados friamente? Mãos à obra?

Todas as diretrizes para criar e manter um bom orçamento estarão resumidos no guia que escrevi para o preenchimento da planilha. Estamos chegando lá. Além do orçamento, a planilha permite a possibilidade de tomada de decisões em função do fluxo de caixa, que veremos a seguir.

O fluxo de caixa

No campo empresarial, o fluxo de caixa engloba informações mais complexas, como obrigações a pagar, vendas a receber, entre outros. Isso não é necessário para um orçamento doméstico. Vamos aqui usar uma definição mais simples para aplicá-lo no nosso dia a dia.

O fluxo de caixa é tão importante quanto, e muitas vezes, confundido com o próprio orçamento. Enquanto o orçamento é uma previsão de receitas e despesas, o fluxo de caixa é sua conversão na realidade. É o que de fato, ocorre no dia a dia. É a ferramenta que vai mostrar a você a realidade dinâmica de suas finanças. O fluxo de caixa é a base para:

  1. rebalancear as despesas em suas categorias;
  2. analisar os melhores momentos para os investimentos;
  3. definir os montantes para investimentos;
  4. prever de forma consistente o seu futuro financeiro e;
  5. rever o seu orçamento quando necessário

Será, enfim, a pedra angular de toda sua vida financeira, complementada posteriormente com a planilha de controle de ativos, disponibilizada no texto da montagem inicial da carteira de investimentos de minha filha.

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Nessa tarefa, você precisa de um pouco de dedicação e ter a certeza de colocar todas suas receitas e despesas na planilha, para que ela seja a mais fidedigna possível. Para os mais desprendidos, isso pode ser um desafio. Porém, tenho certeza de que, aplicando um pouco de diligência à sua rotina, os frutos que serão colhidos serão tremendos.

Frutos esses não somente relacionados à independência financeira, mas também essenciais para a motivação e autoestima.

A planilha definitiva do orçamento e fluxo de caixa

O hábito de acompanhar seu histórico financeiro pode ser comparado ao cumprimento de uma dieta alimentar. Se as rotinas e as ferramentas utilizadas forem complicadas, elas terminam por desestimular sua manutenção.

Assim, a planilha precisa ser simples eficiente. Veja agora, nessa segunda parte do artigo, o link para fazer o download e um guia para preenchimento.

Uma planilha financeira com simplicidade e eficiência

A simplicidade de uma ferramenta é essencial para criar um bom hábito. O maior problema no hábito de possuir uma planilha de controle financeiro é acreditar que ela fornece sempre as informações corretas, mesmo quando isso não seja verdade. Afinal, ela precisa de um preenchimento preciso em suas células para proporcionar informações realmente valiosas.

Esquecimentos e falhas nas anotações ocorrem, independentemente quão zelosa é a pessoa que a preenche. Por isso, para uma planilha de fluxo de caixa ser eficiente, ela precisa possuir uma forma de conferir que os dados de receitas e despesas estejam corretos.

Basear suas decisões futuras em números que não são verdadeiros é um dos maiores autoenganos que podemos cometer na nossa vida financeira. Acreditar em um erro é pior que ignorá-lo. Como sugestão, leia o livro “Autoengano“, de Eduardo Gianetti. Vale a pena!

E é nesse particular que essa planilha difere de tantas que são distribuídas gratuitamente pela web. Ela permite uma auto checagem da veracidade das informações que foram inseridas, utilizando seu saldo de caixa.

Ela difere inclusive no visual. Vi algumas planilhas em Excel estão disponíveis para download em importantes sites de finanças que chegam a assustar. Essa é elegante e possui poucas formatações, ajustando-se posteriormente ao gosto do usuário. E claro, nada de fórmulas complexas. Menos é mais.

Vamos para a ação, então?

Guia de preenchimento da planilha de orçamento e fluxo de caixa

É importante você estar com a planilha aberta nesse momento. Acesse-a através do link abaixo e faça sua cópia pessoal. Será necessária uma confirmação em seu e-mail. Assim que tiver ela pronta para uso, passe para a próxima etapa.

Se você já é assinante do blog, é só acessar o link da página do assinante na última newsletter que enviei ao seu e-mail. Lá tem os acessos diretos a todas as planilhas disponíveis.

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Comentários iniciais

Antes de continuarmos, um alerta: para preservar as fórmulas existentes na planilha, preencha apenas as células em amarelo-claro. Todas as outras células são provenientes de cálculos automáticos. Não as altere.

A planilha está formatada para o fechamento de um ano-calendário. As colunas D a O correspondem aos meses de janeiro a dezembro. Para o próximo ano, você pode criar uma aba no mesmo arquivo, usando-o indefinidamente. Já inseri o ano de 2021 como exemplo.

As colunas A e B da planilha são dedicadas ao seu orçamento. Caso já possua experiência, fique à vontade para adequar as categorias de receitas e despesas às suas necessidades, inserindo ou deletando linhas.

Em cada categoria existe uma nota que pode ser acessada posicionando o mouse acima da célula. Você pode concordar com meus conceitos ou não – isso não é tão relevante. O ideal é que você se sinta bem com esse novo controle. Caso esteja começando do zero e não possui experiências com esse recurso, mantenha as definições de cada item e adéque conforme sentir necessidade no futuro.

Receitas

A célula B3 é preenchida com sua estimativa mensal de todas suas receitas. Lembre-se: orçamento é uma estimativa: não há necessidade de acertar 100% aqui. Entretanto, quanto mais realista for essa estimativa, melhor. Aponte o mouse sobre a célula e veja as notas de informações sobre cada categoria.

Despesas

As células B5, B6 e B7 são as despesas fixas, cujo total é dado na célula B8 automaticamente. São despesas pessoais obrigatórias e que não podem ser evitadas. Assim, possuem menos flexibilidade para serem alterados em uma rotina mensal.

As células B9 a B20 são as despesas variáveis, totalizadas na célula B21. A soma das duas despesas está na célula B22 e o resultado mensal (lucro) é apontado na célula B24, sendo a diferença do total de despesas e receitas. A célula B24 possui uma formatação condicional, tornando-se vermelha caso o valor seja negativo.

Considerações sobre o orçamento

O primeiro passo (e imprescindível) para um orçamento sério é manter o valor da célula B24 positivo. Caso sua sede de gastos for considerável, adéque seu orçamento. Só existe futuro financeiro quando se gasta menos do que se ganha. Não existe uma alternativa. Se a célula B24 ficar vermelha, volte e refaça seu orçamento.

Seja sensato nessa etapa em fazer com que seu resultado seja positivo e relevante. De onde você pensa que virá o dinheiro para realizar seus investimentos – e conquistar a independência financeira, mais tarde?

O orçamento realizado nas colunas A e B é, de certa forma, estático, mas não imutável, podendo ser revisto quando necessário. O importante é entender que ele fornece uma meta cujo cumprimento será checado nas próximas colunas que correspondem ao fluxo de caixa, ou seja, os valores REAIS que entram e saem do seu bolso.

Considerações sobre o fluxo de caixa e a forma de conferência dos lançamentos

As categorias no fluxo de caixa estão alinhadas ao orçamento. A diferença para essas colunas é que, enquanto na coluna B é uma ESTIMATIVA para os valores do seu orçamento, nas próximas colunas mensais você lançará os valores REAIS, mês e mês.

Como já comentado, erros e esquecimentos acontecem, então a conferência desses lançamentos é essencial. Isso vai ocorrer através da avaliação do seu saldo em caixa mês e mês (linha 28).

Lembram do autoengano? Mesmo preenchendo planilhas, muitas pessoas não obtêm uma visão real da sua situação financeira porque se esquecem de muitas despesas, que se tornam um ralo devorador de suas economias. É a famosa questão: “Mas para onde vai o dinheiro?”. Sem a resposta, você tomará muitas decisões erradas na sua história financeira.

Voltando às linhas 26 e 28: elas representam o seu dinheiro disponível que você considera como “não-investimento”. A linha 26 corresponde ao saldo inicial do mês e a linha 28, ao saldo final, após apontadas todas as receitas e despesas. Mas o que é esse dinheiro de “não-investimento”?

É o dinheiro que está parado na sua conta de banco (ou em contas remuneradas, como a Nuconta e outros bancos digitais). Considere também montantes aplicados em fundos de curto prazo e poupanças vinculadas à sua conta corrente, os quais você considera como dinheiro normalmente em uso.

Se possuir quaisquer outros investimentos, desconsidere-os. A planilha é de orçamento e fluxo de caixa e não uma planilha de investimentos ou de alocação de ativos.

Assim, você deve preencher a célula que corresponde ao seu saldo inicial do mês que você iniciará esse controle. Para o mês de setembro a célula é, por exemplo, a L26. Coloquei toda a linha em laranja apenas para diferenciação. Preencha apenas o saldo inicial do mês em que você está iniciando o controle. Mantenha todas as outras intactas. Posteriormente você poderá padronizá-la com suas cores preferidas.

Uma observação na automação das células

Aqui pode ser necessária uma pequena modificação nas células. A planilha está formatada para o início no mês de janeiro, e cada célula subsequente da linha 26 a partir de fevereiro, possui uma fórmula que copia os dados da linha 28 (saldo final mensal do mês anterior).

Assim, caso não deseje esperar até janeiro do próximo ano (e não esperem, leitores, pois além de tempo ser dinheiro, dinheiro também é tempo), será necessária uma modificação bem simples nesse transporte de valores. Caso tenha dúvidas, deixe-a aqui nos comentários.

Assim, esse saldo original será o seu pontapé inicial. É onde você está agora. Será seu ponto primevo para sua independência financeira e a base de controle de saldo mensal. Assim, é importantíssimo que seja preenchido de forma correta. Garanto que esse sacrifício inicial dará muitos mais frutos no futuro que imagina!

Como lanço investimentos e resgates de aplicações?

Cada pessoa possui uma situação financeira específica. Algumas estão renegociando dívidas, outras, sem investimentos e possibilidades de investir. Umas possuem investimentos, mas em situações transitórias, necessitam resgatar montantes para fechar as contas. Outras, com uma situação financeira mais saudável, aptas a investir regularmente.

A linha 27 contempla essas variações. Nela, mês a mês, incluem-se os montantes que foram sacados (para investimentos) ou depositados (provenientes de resgates) em sua conta de curto-prazo da linha 26.

Isso é imprescindível para que a conferência do saldo final (linha 28) seja feita de forma correta. Essa conferência é fundamental para que não esqueçamos de preencher as receitas e despesas o mais próximo da realidade possível. Explico melhor essa dinâmica adiante.

Apenas por convenção, para resgates de investimentos, coloque o valor do resgate com um sinal negativo. Para aplicações financeiras, mantenha-o positivo. O exemplo numérico abaixo deve esclarecer todas as dúvidas que ainda possua.

Exemplo de preenchimento da planilha de controle de orçamento e fluxo de caixa

Vamos analisar os dados que estão na planilha como exemplo. Imaginei dados totalmente aleatórios de alguém que preencheu a planilha desde o começo do ano até julho.

O pontapé inicial do saldo foi dado na célula D26. Naquele momento, às 00:01hs do dia 01/01/2020, esse indivíduo hipotético possuía dívidas, no valor de R$ 500,00, como, por exemplo, o uso do famigerado cheque “especial”. Repare que o valor está negativo.

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Ele estava desempregado e voltou a trabalhar a partir da segunda metade do mês de dezembro do ano anterior. Repare que as receitas mensais em janeiro são a metade dos próximos meses. Isso fez com que ele tivesse um resultado mensal negativo em janeiro (R$ – 3.200,00) apontado automaticamente em vermelho na linha 24.

Porém, ele ainda possuía um pequeno investimento, resultado do saque do seu FGTS de sua demissão anterior, e resgatou R$ 4.000,00 desse investimento para sua conta corrente, para cobrir suas despesas (linha 27). Assim, seu saldo final do mês de janeiro ficou em R$ 300,00 (apontado agora em verde na linha 28). Repare que o resgate, por convenção, entrou com o sinal negativo.

Ou seja, ele possuía um saldo inicial de R$ – 500,00 no início de janeiro. O resultado mensal de receitas e despesas foi de R$ – 3.200,00. Teve uma entrada de R$ 4.000,00 (resgate) resultando em um saldo final de (-500 – 3200 + 4000) R$ 300,00.

Para os meses subsequentes, repare que a planilha copia como saldo inicial, o saldo final do mês anterior.

Incorporando novas situações

Em fevereiro, nosso novo membro do mercado de trabalho recebeu seu salário integral e ajustou as contas. Obteve um resultado positivo entre receitas e despesas de R$ 1.800,00, que foi adicionado ao seu saldo inicial de R$ 300,00 perfazendo um total de R$ 2.100,00 em montantes de curto prazo.

Livros sugeridos no texto:

Em março, obteve o mesmo resultado mensal acumulando um valor considerável em dinheiro de curto prazo. Como ele já possuía algum conhecimento financeiro, decidiu não deixar tanto dinheiro parado e investiu R$ 3.000,00 em outros investimentos (lançados com sinal positivo), fazendo com que seu saldo apresentasse o valor de R$ 900,00.

É essa dinâmica que devemos entender. Preencher os próximos meses será uma tarefa bem simples.

Lembrando… preencha apenas as células em amarelo-claro. Para a linha 26, preencha apenas o saldo inicial do mês que está iniciando o controle. Assim as células automáticas funcionarão.

Controles, análises e objetivos – caminhando para o final

Bem, como havia comentado, essa planilha possui uma forma de conferência dos valores de receitas e despesas inseridos.

Como você perceberia que esqueceu de apontar aquela passadinha no posto onde você deu ao frentista R$20,00 em dinheiro apenas para um chorinho de combustível no tanque? Afinal, não apareceu a despesa na conta corrente (cartão de débito) ou na fatura do cartão de crédito para uma conferência posterior.

Essa checagem será feita exatamente pelos saldos finais mensais. Veja, por exemplo, a célula J28 no saldo final de julho no valor de R$ 8.100,00. Imagine que, quando o usuário soma todo seu montante de curto prazo encontra apenas um valor de R$ 7.000,00. Talvez você ache que há algo errado com a planilha. Mas não há.

Isso ocorre pela falta de apontamento de receitas ou despesas. Para testar, coloque na planilha o valor de R$ 1.200,00 na célula J20 e veja o que acontecerá. Você terá o saldo de R$ 7.000,00 no seu montante de curto prazo. Assim, uma diferença de saldo acusa um erro de preenchimento da planilha.

Ok, então a linha 20, da categoria “Diversos” é panaceia para esquecimentos, procrastinações e falta de diligência? Não é bem assim. Se usar demais essa categoria para acertos de saldo, os percentuais corretos das demais ficam distorcidos e não representarão a realidade.

Isso mesmo, nós temos percentuais! Note, na planilha, a coluna “Q”. Ela fornece o percentual de cada categoria de despesa nos seus gastos totais, sendo uma fonte de análise tremenda. Você pode concluir que está gastando muito em determinada categoria em detrimento de outra. Consumindo demais “Vestimentas pessoais” em detrimento ao “Lazer”, por exemplo.

Assim, é importante lembrar de qual categoria pertencem os gastos. Mas claro, a categoria “Diversos” pode ser usada para pequenos acertos. Não compensar ficar perdendo tempo por causa de poucos reais. Sugiro que o percentual dessa categoria fique sempre em torno de 1-2% de suas despesas gerais. Se começar a exceder, você perderá sua análise potencial.

Caros leitores, a postagem ficou enorme, mas acredito que todas as palavras eram necessárias para deixar bem explicada a ideia. Espero que não tenha sido maçante e que seja bem aproveitada. O empenho em levar a sério esse simples controle, repito, pode fazer uma grande diferença em seu futuro. Enfim, aproveitem a ferramenta e antecipem sua liberdade com a tão esperada independência financeira!

Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
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Hermogenes
Hermogenes
2 anos atrás

Muito obrigado por esse material maravilhoso. Estou começando agora minha jornada na educação financeira depois de muito tempo quebrando a cara e entrando em desespero sem saber pra onde meu dinheiro está indo. Vou aproveitar para começar 2022 diferente.

Novamente, muito obrigado. Ganhou mais um leitor assíduo.

Paulo
Paulo
2 anos atrás

Fala André beleza cara? Parabéns pelo excelente post!
Uma dúvida: você contabiliza tudo na manualmente? Por que estou pensando em fazer alguma automação com integromat pra pelo menos pré-separar os gastos do cartão nas categorias corretas. Já ouviu falar nesse tipo de serviço?
Por que ai economiza tempo de preenchimento. Ainda não sei como fazer mas irei começar a pesquisar.

Paulo
Paulo
Reply to  André
2 anos atrás

uum Entendi.
Então várias das linhas da planilha estão nos meus gastos do cartão de crédito, tento colocar tudo lá para poder ganhar o máximo de milhas/cashback.

E com isso as linhas de Comunicação, Transporte, Consumo Moradia, Saúde, Refeições, Presentes… ou seja praticamente todas as despesas variáveis vem no meu cartão de crédito.

O ideal não seria eu separar isso para poder ter base de análise aonde estou gastando mais e como eu posso cortar algo que está sendo exagerado?

Rafael Vinicius
3 anos atrás

Boa noite André, eu gostei bastante do conteúdo. foi de muito ajuda.

Rodrigo
Rodrigo
3 anos atrás

André, boa tarde!
Primeiramente, obrigado pelo conteúdo.
A dúvida que estava escrevendo foi esclarecida enquanto eu escrevia e pensava nela. Mas gostaria de manter o agradecimento.

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