Os investimentos mais comuns no mercado financeiro e alguns pitacos


Quais são as aplicações disponíveis no menu do mercado financeiro que você pode usar para montar sua carteira de investimentos e gerenciá-la através da alocação de ativos?

Veja esse “guest post” e leia também meus comentários sobre outros dois importantes ativos, bitcoins, moedas digitais e o que analisar para escolher os melhores investimentos.


Olá, caros leitores do blog! Esse texto é um “guest post”, escrito pelo Roger Nunes, colaborador do (antigo) site Mercado Investidor. Para divulgação de seu trabalho, ele se ofereceu a escrever sobre os principais investimentos que nos são oferecidos atualmente pelo mercado financeiro. É um texto mais voltado aos iniciantes e, como ele mesmo apontou para mim, nada havia de semelhante no blog: é mais comum eu escrever de pontos específicos dentro de cada tipo de ativo que ele listou abaixo.

Os investimentos mais comuns do mercado financeiro

Agradeço ao autor e entendo que será um texto útil para referência a possíveis futuros leitores. E, apesar de concordar com a maioria das ideias gerais expostas, comento algumas observações do Roger para alguns ativos, aproveito para falar de moedas digitais e bitcoins, bem como expresso algumas considerações sobre as variáveis de escolha de investimentos que julgo relevantes.

Vamos, inicialmente, ao seu texto.

Os investimentos mais comuns do mercado financeiro 

As opções do menu do mercado financeiro são bem diversificadas, existindo diversas maneiras de realizar investimentos e usar seu capital para ter ganhos no mercado, seja a curto, médio e longo prazo.

E para você, leitor do blog Viagem Lenta, ter uma visão geral dessas possibilidades, apresentarei os tipos de investimentos mais populares, normalmente escolhidos por quem está entrando no mercado financeiro.

Tesouro direto 

O investimento é feito através da compra de títulos públicos, que, em última análise, promovem o financiamento do governo. Esses títulos são oferecidos ao mercado pela Secretaria do Tesouro Nacional e são uma fonte de empréstimos que permite os gastos públicos do Estado. Seus maiores riscos provêm de uma crise sistêmica nacional, onde nem mesmo o governo cumpriria seus compromissos.

Existem três maneiras diferentes de se comprar um título de tesouro nacional. A primeira é através de um fundo compartilhado que invista em seus diversos ativos, disponibilizados em bancos e demais empresas financeiras. São os famosos fundos bancários de renda fixa ou fundos DI.

A segunda, com ETFs, que são fundos passivos, com uma taxa de administração bem baixa e uma composição já pré-programada.

A terceira, seria a compra diretamente pela internet, através do próprio site do Tesouro Direto por esse link. Para efetuar a compra direta você deve possuir cadastro em uma corretora de valores habilitada, seja independente ou vinculada a um banco, para realizar suas operações.

Fundos de investimento

Os fundos de investimento são uma das opções mais populares, e recomendada para investidores que não têm tempo para acompanhar o mercado financeiro, uma vez que são administrados por gestores, que utilizam o capital de um grande número de pessoas para investimentos em ativos diversos.

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O fundo pode ser de renda fixa, variável ou misto (fundos multimercados), possuir mais ou menos riscos, e mesmo possuir características mistas. O investidor deve estudar bem o assunto para entender qual o tipo de fundo que mais se encaixa com seu perfil.

Os lucros e prejuízos dos investimentos são marcados à mercado, o que faz com que o saldo de investimentos aplicados nos fundos variem diariamente.

CDB (Certificado de depósito bancário)

São títulos privados onde o investidor empresta seu dinheiro para um banco, recebendo sua remuneração que, como nas LCs (abaixo), pode ser vinculada à inflação, CDI ou taxas pré-fixadas.

O tempo de investimento pode variar como nas LCs. Porém, os CDBs podem possuir prazos mais curtos, como 30 dias ou ainda mesmo, não obrigar o investidor a um prazo mínimo de resgate, oferecendo liquidez diária. O investidor deve avaliar seu planejamento financeiro e a previsão de suas disponibilidades de recursos para definir o melhor prazo de investimento.

As corretoras de valores costumam oferecer um menu mais variado de CDBs e LCs, porém, como intermediárias, costumam cobrar spread para seu investimento. Negociar diretamente com o banco é sempre a melhor alternativa.

(LCs) Letras de crédito

São empréstimos que podemos fazer a instituições financeiras, cujos valores devem ser usados para investimentos atrelados ao tipo de letra de câmbio. As mais comuns são as LCIs (letras de câmbio imobiliárias, direcionados ao mercado de imóveis) e LCAs (letras de câmbio ao agronegócio), cujo prazo de aplicação normalmente varia de 3 meses a 5 anos.

Esses títulos podem possuir remuneração atrelada a índices de inflação, CDI ou mesmo possuir uma taxa pré-fixada. O risco é totalmente vinculado à instituição financeira onde o investimento é realizado, embora possua a garantia do FGC (o fundo garantidor de créditos).

Debêntures

Essa é mais uma modalidade de investimento de renda fixa vinculada ao mercado privado. Sua emissão ocorre por empresas que necessitam de financiamento para expandir suas operações ou viabilizar seu negócio.

Da mesma forma que os demais títulos de renda fixa vistos, elas podem ser remuneradas pela inflação e uma taxa adicional, pelo CDI ou mesmo por taxas pré-fixadas.

Uma diferença existe quanto ao risco nesses investimentos: ele é exclusivo da empresa que emite a debênture e não possui a segurança do FGC. Assim, o investidor deve atentar-se às notas de riscos das empresas, principalmente àquelas que oferecem o título com taxas muito mais atrativas do que a média do mercado.

Compra de ações (o famoso Stock Market)

Esse é um tipo de investimento recomendado para investidores mais experientes no mercado e mais voltado ao longo prazo (embora muitos se aventurem através de traders curtos). De qualquer forma, aqui é necessário um melhor entendimento de como operar corretamente o comportamento de mercado.

Os riscos são maiores que a renda fixa, e os investidores podem realizar suas operações baseando-se em análises fundamentalistas das empresas ou mesmo por análise técnica, onde o ativo não representa a motivação para as operações, e sim o comportamento gráfico de seus valores.

Saber ler indicadores gráficos complexos, identificar o potencial de uma notícia em afetar o mercado e estimar possíveis tendências, é essencial para a operação em análise gráfica.

Já para a análise fundamentalista, é importante avaliar os balanços das empresas, analisar o valor real das ações em comparação com seu preço atual, além do conhecimento de sua governança e setor em que atua.

Ou seja, independentemente da forma em operar individualmente no mercado de ações, ele representa um investimento que requer mais estudos, experiência e tempo disponível.

Fundos imobiliários

Os fundos imobiliários são investimentos considerados mais seguros do que as ações de empresas, embora ainda dentro do mercado de renda variável. Suas cotas são vendidas diretamente, como as ações, nos home-brokers das corretoras e, apesar de variarem constantemente, sua volatilidade é menor que o mercado de ações.

Existem vários tipos de fundos imobiliários, mas podemos, a grosso modo, classificá-los em 3 tipos:

  1. Fundos de tijolos: representados por fundos cuja maior parte de capital está investida em ativos reais, como prédios de escritórios, galpões logísticos, escolas, agências bancárias, shopping centers ou hospitais;
  2. Fundos de fundos: nesse caso, o administrador do fundo investe em cotas de outros fundos imobiliários, e sua estratégia será determinada exclusivamente pelos seus gestores;
  3. Fundos de recebíveis: a maior parte da remuneração de seu capital provém de papéis de renda fixa, notadamente os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), um instrumento de captação de crédito realizado pelo mercado imobiliário. 

Forex

mercado de forex envolve uma especialização maior e um alto controle de riscos, e por isso, não é recomendado para iniciantes.

Essa modalidade baseia-se na compra e venda de moedas, como, por exemplo, transações de compras de euro e vendas de dólares americanos. Os lucros do mercado de Forex provêm de inúmeros trades, e a escala de operação aqui é fundamental. Exatamente por isso, é um dos mercados mais competitivos e com maior liquidez do mundo, movimentando mais capital do que o mercado de ações anualmente.

Como um mercado líquido, é muito comum as técnicas de alavancagem (potencialização da rentabilidade através do endividamento) e, da mesma forma que podem proporcionar grandes lucros, podem gerar grandes prejuízos.

No Brasil o forex não é regulamentado, logo o único modo legal de fazer trading no mercado de forex é através de uma corretora internacional.

Moedas digitais (criptomoedas)

É um assunto relativamente novo, mas que vem ganhando um espaço na mídia muito grande. Mas, para cumprir com o nosso propósito de listar as principais formas de aplicação de dinheiro visando um ganho de capital, não podemos deixar a mesma fora disso.

As moedas digitais vêm com o intuito de descentralizar o controle de capital, e as operações de trading sobre a mesma funcionam de forma semelhante ao forex, na compra e venda de pares de moedas.

Também devido à novidade, está entre os mercados mais voláteis que se conhece. Somando-se a isso o grande número de pessoas que foram atraídas pela sua crescente valorização e ausência de entendimento do ativo e histórico de cotações, temos como resultado uma grande incerteza em seus movimentos futuros.

A quantidade de tipos de moedas digitais está aumentando cada vez mais e, por mais que suas cotações continuem voláteis, é válido o estudo para um maior entendimento desses novos ativos financeiros.

Meus comentários

Como comentado anteriormente, o texto do Roger é útil ao blog para estruturar o que temos hoje no menu de opções do mercado financeiro. Ele complementa, de alguma forma, o texto “Dos investimentos às despesas: seu menu de opções é completo? Vou apenas dar uns pitacos em alguns pontos que julgo relevantes.

Os investimentos que eu acrescentaria

Quanto às alternativas de investimentos, o título do texto já anuncia que são consideradas apenas as mais comuns do mercado. Eu, entretanto, gostaria de acrescentar duas modalidades importantes em que opero: o mercado de opções sobre ações e o mercado de contratos futuros. Ambos são utilizados por mim para controlar o risco da carteira de investimentos, sob a estratégia de alocação de ativos. Para quem deseja conhecer mais essa estratégia, acesse o guia que fiz para essa estratégia.

Já usei muito o mercado de opções para vendas cobertas (venda de calls) para remunerar as ações que possuo em carteira. Eventualmente, fiz venda de puts quando considero seu strike um preço justo de compra para o ativo correspondente. Assim, se o ativo valorizar, fico com o prêmio, e se desvalorizar, compro a ação descontada. Explico como funcionam esses métodos em detalhes aqui.

Já a compra e venda de contratos futuros de dólar eu uso para hedge da minha carteira de investimentos. Não vou aprofundar o assunto nesse momento, pois já existe um texto onde explico o processo com detalhes. O texto sobre alocação de ativos mostra que meu hedge também é complementado com investimentos vinculados ao ouro, outro ativo não presente no texto do Roger.

Um pequeno pitaco sobre o Bitcoin e moedas digitais

Vou aproveitar que o texto do Roger citou as moedas digitais para falar rapidamente sobre elas, uma vez que muitas pessoas perguntam minha opinião. Ela se baseia na leitura do livro de Fernando Ulrich, que pode ser acessado pela imagem de sua capa, pelo grande artigo do blog do Mr. Money Mustache e outros relatos pela internet.

Primeiro, o Bitcoin não é um investimento, uma vez que não cria valor para nada. Não podemos, nem mesmo, atribuir valor em si às moedas digitais. Mas mesmo assim, o valor atribuído pelo mercado a esses bits imaginários é algo surpreendente, mesmo que não esteja nem perto de poder ser usados para as transações básicas do dia a dia. Será que podemos subestimar os governos mundiais e pensar que permitirão que isso ocorra algum dia?

Dizem que a tecnologia disruptiva é o blockchain, o livro contábil que registra todas as compras e vendas através de suas chaves públicas, e não o Bitcoin em si. Ou, ainda, o Ethereum, Litecoin, Ripple ou Dash. Algumas moedas digitais, na verdade, nem usam o blockchain, o que significa que o padrão disruptivo, na verdade, está meio nebuloso. Será que veremos num futuro próximo uma briga como a Sony ou Betamax? Ou mais, recentemente, Blu-ray ou HD-DVD? Quem vencerá?

A maioria dos textos técnicos dizem que a tecnologia para a segurança das carteiras de criptomoedas é segura, possuindo um padrão que não permite fraudes ou falhas de segurança. Informam que a segurança das carteiras mantidas desconectadas da web, em HD externos, é ainda mais segura do que sua manutenção no mundo virtual. Mas, e quando lemos sobre ataques nessas carteiras em hardware, consideradas seguras? Será que temos realmente a sabedoria necessária para acreditar que tudo isso é, com efeito, seguro?

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Em um exercício de otimismo, vamos supor, finalmente, que a segurança das carteiras tenha sido superada e a tecnologia do blockchain realmente venha para ficar. Existem “n” moedas digitais que utilizam a tecnologia, possuem tecnicamente a mesma função do Bitcoin e são muito mais baratas. Qual a lógica de pagar mais caro por algo exatamente igual do que a concorrência oferece?

Em março de 2020, tornou-se possível pensar também até que ponto as moedas digitais podem ser consideradas como reserva de valor. O mercado foi abaixo, e a maioria delas vem caindo na mesma proporção da renda variável. Qual o sentido de se possuir um ativo totalmente correlacionado com os demais? Ele não deveria ser uma proteção? Comentei isso no texto que falei sobre o coronavírus e os demais problemas que o mercado financeiro vem enfrentando.

Posso não ter superado as expectativas dos leitores mais afoitos pelo Bitcoin, pois, pelo visto, tenho mais perguntas do que respostas. E são necessárias uma série de respostas otimistas para chegarmos à conclusão que vale a pena investir em Bitcoin ou qualquer outra moeda digital. Assim, prefiro seguir o conselho de um dos maiores investidores de todos os tempos: em que não conhecemos plenamente, é preferível ficar de fora.

Caso desejem saber mais sobre as criptomoedas, acessem esses artigos do Investidor Inglês e do site Informaremos.

Enfim, quais investimentos escolher?

A decisão para suas escolhas de investimentos passa por 3 variáveis principais: rendimentorisco liquidez. Parece fácil explicar o conceito de cada uma delas, mas, por outro lado, corremos o risco de sermos reducionistas ou até mesmo irresponsáveis nessas simplificações. Leva algum tempo para os conceitos serem vigorosamente consolidados.

O rendimento, por exemplo, só pode ser avaliado através de seu rendimento real, ou seja, descontado da taxa de inflação. Taxas de juros reais baixas evidenciam uma possível vantagem na renda variável, mas muitas vezes a renda fixa pode superá-la, como em títulos marcados a mercado com vencimentos longos do Tesouro Direto, quando a curva futura de juros de longo prazo está afastada da curva de curto prazo. Leia mais sobre essas ideias no texto “O que é melhor para seus investimentos: renda fixa ou renda variável?“

Nem sempre a renda fixa proporciona menos risco do que renda variável. Um CRI (renda fixa) emitido por uma construtora com saúde financeira abalada pode ser menos seguro do que uma ação de uma boa empresa (renda variável) com dividendos consolidados. Os riscos mais importantes são, entretanto, aqueles que você pode controlar. Acesse “Investindo com segurança: os riscos que você pode (e deve) controlar“. Ah, e não entre na história de confundir risco com volatilidade. Acredito que esse seja um dos maiores erros nos debates do mercado financeiro, gerando estratégias sem pé nem cabeça.

Já a liquidez, é basicamente uma variável que você pode regular. As pessoas que priorizam inicialmente a estruturação de seu fluxo de caixa visando a formação de um colchão de segurança, possuem muito mais alternativas de investimentos no futuro. Elas não ficam presas à necessidade de liquidez, possibilitando assim, excelentes oportunidades em taxas de investimentos. Veja uma forma de alcançar esse controle nesse texto sobre orçamento e fluxo de caixa.

Espero que o texto seja útil para estudos mais aprofundados em cada tema!

Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
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