Me dá umas dicas de investimentos aí!


Como você age com alguém que vive lhe pedindo “dicas de investimentos”?
Faz sentido meu preconceito com elas no campo financeiro?


Não sei, caros leitores, se sou muito duro com alguns termos. Muitas vezes entendo até o que as pessoas “querem dizer”, mas se elas dizem as palavras erradas, isso termina por influenciar minhas reações. Afinal, os dicionários existem exatamente para mostrar-nos os significados das palavras para sermos mais bem compreendidos, não?

É verdade que existe zonas cinzentas, exploradas inclusive conforme o humor e nível de intimidade de cada um. Novamente, essa é uma opinião geral do assunto. Exceções existem, e devem ser tratadas como… exceções.

Dicas financeiras? Ou sugestões e modelos mentais?

Por que não gosto das dicas de investimentos?

Mas sou sincero: tenho preconceito com a palavra “dica”, usada massivamente na área de finanças pessoais e em carteiras e ativos de investimentos. Sou incapaz de relacionar o perfil de uma pessoa que vive atrás de “dicas” com o perfil de alguém que obtém sucesso nos investimentos e alcançará, um dia, a independência financeira.

Nossa área é complexa, e pedir dicas de investimentos aparenta solicitar algo simples de fácil implementação cuja promessa é resolver todos os problemas rapidamente. É a clássica história de procurar soluções simples para problemas complexos.

Me dá umas dicas de investimentos aí! 1

O pedinte de “dicas” transmite a sensação de que não quer se aprofundar no assunto. É alguém que vive no curto prazo. Muitas vezes, clama por ações provisórias que não possuem solidez suficiente para tornar as pessoas independentes no futuro. Não são agentes na criação de sólidas raízes e perenidade.

Definições

Os próprios dicionários definem a palavra “dica” como uma “indicação” ou “informação”. “Macete” e “bizu” são outras definições que corroboram minha percepção. Não dá para ter sucesso no mercado financeiro com “indicações”. Precisamos de algo mais!

Poderíamos falar de dicas “profundas”? Não sei, me soa mal. É, tenho um problema com essa palavra mesmo…: tenho preconceito com as dicas de investimentos porque não as vejo fazendo parte de um modelo mental correto para tornar você livre financeiramente. Não há longo prazo nelas. Não há sustentação.

É claro que você pode discordar. Poderíamos debater diversas formas onde as dicas não soariam algo tão frívolo. Entendo que pessoas podem querer dicas sinceras, com intenso desejo de aprender e incorporar os ensinamentos consistentes em sua jornada.

Mas o termo foi tão banalizado, principalmente entre as pessoas que querem ou prometem algo fácil, que me soará permanentemente negativo. Principalmente quando vejo esses youtubers mais novos que minha filha despejando em seus vídeos dicas sobre tudo, desde como viver corretamente ou de política brasileira.

Dada minha implicância, prefiro usar alternativas. A palavras “sugestões” e “princípios” são duas delas.

Dicas x sugestões

Reconheço que aqui pode existir uma semelhança entre os conceitos, mas o meu prejulgamento com as “dicas” me traz um apreço muito maior pela palavra “sugestão”.

Uma sugestão, no meu entendimento, não é algo frívolo: envolve experiência e opinião sobre um assunto específico. Ela vale para as atitudes consequentes de um modelo mental positivo (ainda falarei aqui sobre isso), como, por exemplo, sugestões de leitura, sugestões específicas de investimentos ou opiniões úteis na escolha de um bom banco ou cartão de crédito.

Mas meu preconceito com as dicas de investimentos não provém nesse contexto. Até assumo que ela pode ser usada, como nos exemplos acima, como sinônimo de “sugestão”. Minha cisma maior ocorre quando me pedem dicas quando o assunto envolve o próprio modelo mental.

Essa confusão ocorre mesmo na mídia “especializada”. Afinal, a palavra “dicas” geram muito mais cliques, não? Mas é estranho uma matéria onde as dicas de ouro seriam formar um colchão de segurança, investir, ou pensar no longo prazo. Ora, isso não tem mais a ver com princípios de vida do que com dicas de investimentos?

Dicas x princípios

Já sugeri aqui no blog o excelente best-seller de Ray Dalio. Uma vez que define o termo em seu título, nada melhor que ele para ajudar:

Princípios são verdades fundamentais que servem como base para um comportamento que proverá aquilo que você deseja da vida. Eles podem ser aplicados repetidamente em situações similares para ajudá-lo a conquistar seus objetivos.

Princípios de Ray Dalio: muito além das dicas

Uma excelente sugestão de leitura, muito além das “dicas”, para ler e reler várias vezes.

Clique e acesse a aba “dê uma olhada” para ver a sinopse

Percebem a diferença do significado de sugestão, comentado anteriormente? Bingo: aqui que origina meu preconceito contra as dicas! Posso relativizar meu julgamento quando alguém me pede uma dica referindo-se a uma sugestão, mas, como princípio, é impossível. Pensem nos seguintes pedidos:

André, me dá uma dica para alcançar minha independência financeira?

Falemos seriamente, leitores: se vocês compreendem o processo de ser financeiramente independente, vocês também torceriam o nariz para essa pergunta, não?

Alcançar a independência financeira é um processo, uma jornada. Isso é alcançado através de um modelo mental (mindset, se preferir) aplicado de forma constante na vida. Não tem “dica”. Você precisa ter princípios sólidos e sustentáveis no tempo. “Dica” é algo provisório. Princípio é perene. E é isso que dá resultados a longo prazo.

André, me dá uma dica para sobrar mais dinheiro em casa?

O que faz sobrar dinheiro em casa são hábitos, consistentemente adquiridos ao longo de seu crescimento pessoal. Como resumir isso em uma “dica”? O que adianta encorajar menor uso de energia elétrica e água se o cara vai lá e compra um carro 0km sem necessidade?

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Fazer um fluxo de caixa positivo exige, inicialmente, disposição para controlá-lo. É a partir desse controle que as atitudes para alcançar seus objetivos se tornarão realidade (veja um modelo de orçamento e fluxo de caixa para iniciar esse processo).

André, me dá uma dica de ação que vai bombar no ano que vem?

Uma das maiores lições (termo que também é muito superior a “dicas”, uma vez que envolve aprendizado) que aprendi nesses 20 anos de mercado financeiro e quase 10 de independência financeira, é que nunca há certeza de nada. Os grandes investidores do mercado já nos ensinaram que, mesmo nas apostas mais seguras, existirão riscos que podem causar grande impacto. Taleb e seus cisnes negros que os digam.

Assim, aprendemos que um dos aprendizados é presumir que estamos deixando alguma informação na mesa. Impossível saber o que vai bombar e o que vai cair.

Sem contar que, para fazer uma pergunta como essa, a pessoa não tem a mínima noção de como funciona uma estratégia de alocação de ativos e a diversificação, que considero a melhor forma de atingir a independência financeira. Quem a aplica, não está nem um pouco preocupado com as bombas do ano que vem.

Finalizando…

Perdoem-me quem usa, muitas vezes sem pensar, a palavra “dica”. Para elas, minha crítica pode ter sido em alguns momentos, injusta.

Porém, reitero-as, porém, àqueles que usam conscientemente os pedidos de “dicas” em fazer algo de forma simples, sem esforços, visando algo complexo, como, por exemplo, independência financeira e todos os efeitos que dela provém, como liberdade, paz e felicidade.

Reforço que, para atingir fins mais supremos, pensemos sempre nos princípios sob o qual estamos vivendo. Hora a hora, dia a dia, estamos construindo nosso futuro. O tempo passa e o momento de corrigirmos nossos rumos é sempre o agora.

E vocês, leitores? Também não gostam da palavra “dica”? Quais são as dicas financeiras que as pessoas pedem a vocês?

Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
ler sobre um resumo de minha história
ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
participar de um papo de boteco
curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.

E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?

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Danilo
Danilo
3 anos atrás

Ótimo post André.
Meus Parabéns.

Abraço!

Simplicidade e Harmonia
4 anos atrás

André,

“O que faz sobrar dinheiro em casa são hábitos, consistentemente adquiridos ao longo de seu crescimento pessoal. ”
Exatamente. Por isso é preciso muita atenção no que consumimos porque queremos de verdade ou por necessidade e no que somos induzidos a consumir…

Boa semana,

Reinaldo
Reinaldo
4 anos atrás

Concordo mas concordo também que nossa área não é nada complexa.
Se seguir a filosofia Bogle e Collins e investir em EFTs, vc só precisa basicamente de dois para montar uma carteira simples e que vai bater o mercado em 90% dos casos.
Exemplo que podemos replicar
https://www.bogleheads.org/wiki/Three-fund_portfolio

Foco no Milhão
4 anos atrás

Tenho o mesmo preconceito contra “dicas”.

Geralmente as pessoas que pedem dicas desconhecem a complexibilidade e relevância das diferenças pessoais e objetivos de cada um.

Eu geralmente evito responder porque para mim não existe a dica. Se existisse todos seríamos milionários.

Abraços e sucesso!
Foco no Milhão
foconomilhao.com

Bilionário do Zero
4 anos atrás

André, se quiser umas dicas, tem umas casas de análises por aí vendendo dicas quentes haha
Geralmente quando me pedem dicas querem saber onde investir, daí eu respondo que depende do objetivo e do perfil da pessoa.
Abs

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