Seja você um turista ou mochileiro, já voltou de uma viagem com um sentimento de culpa por não visitar as atrações mais “populares”?
O quanto dessa culpa é alimentada pela sociedade e pelo marketing e propaganda da indústria do turismo em massa?
Qual a influência, seja consciente ou inconsciente, que essas tentações possuem sobre você?
Já li pela web alguns pensamentos sobre a diferença entre ser um turista e um mochileiro. Entre as definições do primeiro, uma delas fundamenta-se na ideia de que, a partir do momento que o turista sai de casa, deseja voltar rapidamente para viver a viagem através das fotos postadas nas redes sociais e respondendo aos comentários dos amigos.
Enfim, a maior parte do prazer é incorporado em sua vida após a viagem, não vivendo-a em seu tempo presente.
É verdade que podemos nos complicar em definir alguns termos, mas é possível que a maioria dos leitores concordem que o mochileiro, apesar de também adorar postar fotos nas redes, apresenta um relacionamento maior com as pessoas e lugares visitados, sem preocupar-se necessariamente em aderir a um padrão de roteiro imposto pelas agências de viagem.
Tais itinerários são criados apenas para possibilitar fotos nos lugares mais badalados do mundo, sem nenhuma chance de comunhão com o local.
A indústria do turismo em massa
Vendidos pela indústria do turismo, um roteiro de visita de quinze cidades da Europa em vinte dias é um bom exemplo. Embora generalizações nem sempre sejam justas, uma das consequências do turismo em massa são esses planos programados sob medida para aproveitar ao máximo o pouco tempo que as pessoas têm para se entregar em uma aventura.
Mas fica a pergunta: sob medida para quem? Será que todos temos essa alma de turista e de fato, desejamos visitar todos os destinos rapidamente apenas para dizer que conhecemos (?) o maior número possível de cidades?
Ou seria melhor dizer que “passamos” por muitas cidades, mesmo sem um momento para andar às margens de seu rio, visitar seus parques e observar os hábitos de seus habitantes?
As pessoas em geral, são tentadas a visitar e marcar presença em todos os lugares fotografados e recomendados por guias de viagem, experts e conhecidos que já estiveram por lá. Para eles isso é muito bom, pois somos parte de uma rede que alimentará mais e mais viagens “sob medida”. Não é à toa que as agências estão em franco processo de crescimento no país.
Mas até que ponto participamos desse roteiro por curiosidade genuína ou uma obediência culposa? “Nossa, mas você foi lá e não esteve com os tigres bonzinhos em Chiang-Mai?”. Ora, será que incentivar a dopagem de animais selvagens e perturbá-los em seu descanso fazem parte das minhas questões internalizadas as quais eu procuro respostas? Não seria esse o desejo de outras pessoas, mas não os meus?
Turismo cultural e sem culpa? Ou não?
Entendo que um viajante deveria atentar-se preferencialmente a não ser levado a usar seu tempo em algo que vai satisfazer mais o ego dos outros do que seus próprios anseios. Sempre preferi direcionar minhas viagens dessa maneira, pois gosto de conhecer um pouco da cultura e do dia a dia dos lugares que visito.
Misturar-se com as pessoas dentro dos ônibus e metrôs e fugir dos táxis é uma boa maneira de começar, mas causa arrepios a muitos. Isso nos ajuda muito a desenvolver nossa inteligência cultural.
Passeios que acredito que estejam fora do contexto local, eu dispenso totalmente, como Disneyland em Paris, London Eye em Londres ou até mesmo Beachpark na nossa Fortaleza, joias da coroa da indústria do turismo de massa. O esforço ativo na criação desses pontos turísticos é um deleite das operadoras de viagem. Eles criam uma idealização altamente vendável dentro da cidade visitada, que deveria, afinal, ser a principal atração. Ou seja, uma construção simplesmente para o turismo, independentemente se possui alguma significância para a história e cultura do local.
O interessante é que sua concepção faz com que sempre estejamos envolvidos em um cenário com as mais variadas atrações possíveis, mas impossíveis de agradar em sua totalidade, um mesmo indivíduo. Essa indústria do turismo em massa é alimentada pelas visitas de pessoas coagidas psicologicamente a admirar uma infinidade de atrações muitas vezes sem ligação entre si ou com a localidade, e cujo prazer real de visita exige demandas dificilmente encontráveis em uma mesma pessoa.
E, claro, fazer com que a culpa esteja presente caso o viajante não cumpra o roteiro sugerido.
Sim, o tempo disponível para a viagem interfere os dois lados dessa moeda. Porém, uma escolha que pode ser feita é “o que” visitar no tempo disponível. Tentar conhecer tudo de forma superficial e deixar um álbum de fotos mainstream registrado ou conhecer menos destinos, porém de uma forma um pouco mais profunda?
Não existem respostas certas ou erradas, mas o propósito dessas observações é que devemos estar conscientes de que a cilada da indústria do turismo em massa sempre pode estar por trás de nossas escolhas. E saber que o seu interesse não é o seu crescimento pessoal, e sim todo o dinheiro que você poupou para planejar a sua viagem.
Exercitemos, portanto, nossa liberdade de escolha. Cuidemos apenas, entretanto, para não tornarmos um escravo da liberdade. O conceito de liberdade pressupõe a ausência de dependência. Inclusive da própria liberdade.
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André, acho que uma viagem como a sua é muito mais interessante. Eu adoraria fazer algo assim! Não acredito que viagens com roteiro definido por uma agÊncia seja totalmente ruim, mas, não há tempo para conhecer de fato os locais e um pouco dos hábitos…Boa viagem meu querido! bjos
Sou a favor da viagem "sem roteiro". Ou seja você faz aquilo que combina com você ,e não o que as pessoas estimulam que deve ser feito.
Viajar sozinha tem essa vantagem.
Blog está muito legal!
Maroca, é isso aí! Sem tempo ou com crianças (os dois juntos então…) não tem tanta saída rsrs
bjus!!!!
Concordo Joice! E obrigado pelo elogio!
Que privilegio nosso de voce estar dividindo essa sua aventura com a gente. Muito obrigada! E quem sabe um dia qdo minhas pequerruchas crescerem eu sigo seus passos. Boa sorte e que voce descubra muitas alegrias durante esse tempo.
E a proposito… london eye e beachpark: eu adoro 🙂 Disney vai ficar pro ano que vem. As vezes nao da pra evitar o 'lugar comum', mas nao podemos nos resumir a isso, ne?
Ajudo elas a organizar o mochilão, Martita :-)!
Então, eu acho assim: se vc faz por prazer seu mesmo, claro que é válido. Mas a crítica são para as pessoas que não sabem o que procuram na verdade e vão na onda, para satisfazer menos elas próprias e mais seu ego e a expectativa dos outros…
E o 4ºQE por aí? Até onde isso vai rsrsr?