Nafplio e Epidravius são uma verdadeira joia da Grécia, misturando o passado da antiguidade clássica com belas heranças do domínio veneziano no Mediterrâneo.
Conheça o fantástico teatro da antiga cidade de Epidravus e o castelo veneziano de Palamidi, com seus 999 degraus, em Nafplio.
Se na viagem à Sounio a chuva já ameaçava, na manhã de terça-feira não deu outra: primeiro dia chuvoso que presenciei na Grécia. Restavam-me ainda 3 dias completos na península grega, antes de embarcar no ferry para Rodes. Eu teria que escolher entre algumas alternativas.
Poderia escolher fazer uma viagem alucinada para Corinto, Nafplio, Epidavros e Olímpia e não apreciar de fato, os momentos. Escolhi primeiro ir a Nafplio, pois sua história como domínio dos venezianos me interessou. Iria posteriormente a Epidauros conhecer as ruínas e o famoso teatro. Olímpia eu descartei, pois embora exista um grande apelo por ter sido o local onde foram realizadas as olimpíadas da antiguidade, fui informado por viajantes que no sítio arqueológico pouco restou de sua configuração original.
E não existiam outras atrações na região além de sua distância, o que me deduziria um bom tempo da viagem. Mas claro, se eu não tivesse marcado a passagem antes… (Roteiro Grécia e Turquia).
No dia anterior, chequei no terminal ferroviário as possibilidades de viagens ao Peloponeso. Não existiam ramais em funcionamento para Nafplio. Eu deveria ir até Corinto e de lá buscar alternativas. Inviável: resolvi ir de ônibus. Em Atenas existem dois terminais de ônibus distintos: o terminal da Tessalônica, onde cheguei da viagem de Delfos e o terminal do Peloponeso (A), de onde sairia o ônibus para Nafplio. Esse terminal é acessado pelas linhas de ônibus 051 e X93.
Tanto os ônibus urbanos quanto o metrô custam 1,40 euros no ingresso simples. Não existem cobradores nos ônibus e o viajante deve comprar um ticket em locais de venda próximos aos pontos. Quando cheguei, esse local estava fechado, talvez prenúncio da greve cujo comentário estava em alta. Falei com o motorista e mostrei o dinheiro, mas pelo que entendi ele não podia aceitar e disse para eu não me importar com isso. Andei de ônibus de graça… Exemplos e mais exemplos vividos que mostram que o Estado não serve para ser dono de nada. Ineficiência pura, simples, além de descaso com o recurso público.
No terminal comprei o ticket para Nafplio (13,10 euros). Como havia dito no post de Sounio, não há marcação de lugares nos assentos. E a cada viagem de ônibus que faço, observo como os gregos adoram sentar nos bancos da frente, mesmo que estejam parcialmente ocupados e a parte de trás totalmente livre. Aqui a distribuição de peso dos ônibus deve ser diferente, demandando um particular padrão de calibragem dos pneus para a manutenção da estabilidade…
A viagem de 140km durou cerca de duas horas e meia, pois o ônibus percorre um longo e lento caminho na cidade de Argos, além de paradas ocasionais para subida e descida de passageiros. A passagem no canal de Corinto, embora muito rápida, foi suficiente para checar a imponência da obra realizada ainda no século XIX e que transformou o Peloponeso, de fato, em uma ilha.
Nafplio é uma cidade de pouco mais de 30mil habitantes e foi a primeira capital do Estado grego moderno, na terceira década do século XIX. Possui uma história de domínio veneziano e ocupações otomanas imersas na história grega. Comenta-se que a principal atração da cidade, o castelo e fortaleza de Palamidi, é o maior legado que ainda resta da dominação de Veneza no mediterrâneo.
Cheguei na cidade ao meio do dia e a chuva havia passado. Alívio para quem não tinha hospedagem reservada ainda. A cidade, por si só, foi uma surpresa muito agradável. As fotos revelam uma cidade bem cuidada, limpa, fontes em funcionamento nas praças, sem o excesso de pombas e pichações que existem em Atenas, além de muito bem servida pela natureza principalmente na área mais antiga, e muito acolhedora.
O ônibus pára na praça principal e ao redor existem vários hotéis e pousadas confortáveis. Na primeira que tentei, não houve negociação, pois o mínimo cobrado era de 30 euros. Na segunda, após uma breve negociação, a dona cobrou-me 20 euros pela noite (Pension Omorfi Poli). No booking.com, o mesmo quarto que fiquei estava a 45 euros… Vantagens de uma viagem fora da temporada e decisão de não fazer reservas com antecedência.
Em Nafplio a história alterna totalmente de era, da antiguidade para os tempos mais modernos. Ocupei a tarde na visita da Fortaleza e Castelo de Palamidi, construído no início do século XVIII pelos venezianos, mas tomados pelos otomanos posteriormente.
O ingresso custa 4 euros, mas para estudantes, metade do preço. Havia esquecido meu cartão estudantil, mas lembrei que tinha um certificado de matrícula impresso comigo. Mostrei ao funcionário que não entendeu nada do português, desconfiou, expliquei, e acabou cedendo. Paguei 2 euros.
A entrada pode ser feita via automóvel ou a pé, pela famosa escada de 999 degraus. Não podia perder essa. Os caminhos muitas vezes são mais importantes do que o destino. No retorno, porém, eu contei cada degrau através de um método científico provado como correto 😛 e cheguei a 874. Talvez alguns degraus perderam-se no caminho…
A construção está dividida em 8 bastiões, áreas independentes entre si com provisões próprias, mas conectadas através de passagens dentro dos muros principais. Uma verdadeira cidadela. A distância de um extremo a outro chega a quase 400m se fosse possível caminhar em linha reta. As construções de alguns bastiões estão bem preservadas, mas os bastiões extremos, que inclui o Bastião de Aquiles, o mais vulnerável e o que primeiro caiu nas mãos dos otomanos, estão com manutenção precária, inclusive com muito mato alto pelo caminho. Gasta-se lá facilmente umas 4 horas, contando o tempo de subir e descer a escada.
A pequena Nafplio estava bem vazia à noite, mas a disposição de vários bares e restaurantes com poltronas e sofás ao longo do calçadão da costa denotam que em finais de semana e no verão o local deve ser muito movimentado. No dia seguinte, percorri de manhã toda a cidade velha e um caminho ao longo do monte Palamidi para apreciar melhor a cidade, ainda bem fria. Notam-me pessoas correndo, passeando com cachorros e alguns pescadores. Crianças em aula em pleno 19 de dezembro povoavam as calçadas da pequena cidade.
Em seguida parti no ônibus das 10:15hs para Epidavros, um sítio arqueológico (ingresso 6 euros, mas 3 euros para estudantes – de novo, o certificado de matrícula funcionou) cuja principal atração é seu teatro, famoso por ser um dos maiores teatros da Grécia antiga, um dos mais preservados e principalmente, por ter a melhor qualidade acústica.
Conheci uma viajante taiwanesa-canadense no local e nós, trocando de lugares no centro e na arquibancada, fizemos o teste. Funciona muito bem até hoje, similar ao efeito proporcionado pela catedral de Brasília. Antes já havia visitado o sítio arqueológico e o Museu, e voltamos para pegar o ônibus e retornar a Nafplio. Para ir e voltar é rápido, cerca de 40min e uma passagem custa apenas 2,90 euros.
O local do sítio é no meio da estrada, isolado ao menos em 5km da próxima cidade. E uma ‘aventura’ surgiu inesperadamente para mim, para Sandy (a taiwanesa-canadense) e para uma americana que conhecemos esperando o ônibus, que também viajava sozinha. Sim, muitos curtem uma Viagem solo. Kitty, a americana, já tinha uma certa idade (não tive coragem de perguntar) e começou suas viagens pelo mundo apenas há 10 anos atrás. Nunca é tarde para se aventurar!
Bem, o ônibus das 13:00hs simplesmente não passou. E eu pretendia ir ainda a Corinto para depois, no dia seguinte, voltar a Atenas. Esperamos quase 1 hora e meia em meio às graças dos cachorros e gatos no local, e nada de ônibus, nem mesmo carros. Aquele acesso que estávamos servia apenas para o sítio arqueológico, e havia pouquíssimo movimento.
Colhendo uma informação com um funcionário local, chegaríamos à uma estrada andando pouco mais de um quilômetro e poderíamos pegar um ônibus para Nafplio em frente a um posto de gasolina. Fizemos isso, mas o ônibus passaria apenas no final da tarde. Tomando um café na lanchonete do posto de gasolina, decidi, então, ficar em Nafplio mais uma noite.
No dia seguinte, após checagem na internet em um site recomendado por uma leitora do blog, vi que os transportes ferroviários e metroviários estavam em greve. Que situação encontra-se esse país! Governos de esquerda são desastres econômicos e sociais em qualquer lugar! Perguntei para a recepcionista do hotel sobre os ônibus e ela disse que seria provável que entrassem também. Resolvi abortar a viagem para Corinto e ir logo para Atenas. Afinal, no dia seguinte eu já tinha reservado e pago a viagem de navio para Rodes. Melhor garantir.
Voltei assim para Atenas e descansei o resto do dia. Seu você está acompanhando a viagem a partir do roteiro que foi escrito previamente, perceberá que nem sempre conseguimos satisfazer todas nossas expectativas...
Próximo post: Pireus e a viagem no Mar Egeu
Veja todas as fotos da região de Napflios e Epidravus no Google Photos ou então, as melhores fotos da Grécia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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A Grécia está subindo na minha lista de prioridades para ser desbravada…
E as fotos estão melhorando cada vez mais! rsrs
Abração
Valeu Kbç! As fotos gerais do local eu já coloquei no Picasa, mas tem um delay para aparecer o link e colocar no gadget no blogger. Qdo entrar de novo, modifico.
Abração!
Valeuuuu! Eu também passei duas semanas na Grécia, e fiz um post bem bacana sobre as festas em Tessalônica! http://viajanteanonimo.com/2-semanas-grecia-muitas-festas-gringas-souvlakis/