A viagem no leste da ilha de Java, Indonésia: Probolinggo, Malang e Surabaya. Vulcões (Mount Bromo, Batok, Semeru) e grandes amigos.
A ilha de Bali deixaria saudades, mas a viagem tem de continuar… De ônibus, fui a Java, a mais populosa ilha da Indonésia e seu centro econômico. Minha parada inicial foi em Probolinggo, onde um colega do Couchsurfing me ofereceria apoio para minha ida ao Mount Bromo, um vulcão ativo na ilha.
Após uma “meia” noite em sua casa, onde tive que acordar às 3 horas da manhã, saí em direção ao local, no intuito de alcançá-lo a tempo do nascer do sol, situação muito comentada como belíssima por vários locais e turistas. Eu não achei grande coisa. Um nascer do sol é sempre bonito, mas nada fez sê-lo espetacular. Algumas fotos que vi na internet mostravam a área do vulcão cheia de pequenas nuvens, mas isso só acontece durante poucos dias do ano. Não tive essa sorte.
Com os primeiros raios do sol, entretanto, pude ver com mais detalhes onde estávamos. O lugar em si era mais interessante que o nascer do sol propriamente dito. A visão do vale onde o vulcão descansava era impressionante. Em meio a um terreno lunar, conhecido como Sea of Sand, com areia negra e muito pedregoso, jazem vulcões extintos, como o Mount Batok e ativos, como a grande cratera do Bromo e a alta montanha do Mount Semeru.
Chegar na cratera foi uma aventura de moto, pois a areia preta estava úmida e muitas vezes quase ficamos atolados. A caminhada em direção a cratera tem um quê de solene, quando, em meio ao solo rochoso, escuro e vulcânico, nos damos conta que estamos em frente a um protagonista que é responsável por uma das maiores demonstrações de força da natureza. Comentei um pouco disso no artigo “Os nobres desafios“.
Estar na boca da cratera esfumaçante a sensação é ainda mais intensa, é imaginar uma viagem ao interior de nosso planeta e todas as condições internas, estáveis ou não, que nos mantém aqui no lado externo. E como tudo pode acabar de uma hora para a outra, cabendo à humanidade apenas o seu monitoramento e nada mais.
De Probolinggo, segui viagem a Malang, onde outro colega do Couchsurfing me esperava. Encontraria muitos amigos do CS na cidade, onde participamos de uma reunião do grupo na minha última noite. Malang é uma cidade com uma bela arquitetura colonial, herança recebida pelos holandeses mas também aliada com elementos locais, como o edifício da prefeitura (Balai Kota) e inúmeras mansões na Avenida Besar Ijen.
É também conhecida pela grande variedade culinária e baixos preços. Realmente, se come muito bem aqui por apenas um dólar a refeição! O Museu da Guerra vale a pena ser visitado, com um mostruário rico sobre a história e as armas usadas nas batalhas que o país se envolveu. O mercado de animais também vale a visita, mas é algo desolador de se ver, pois muitos animais, principalmente aves, ficam trancafiados em pequenas jaulas para serem vendidos.
Andamos muito de moto pela cidade, em vielas e pontes não tão seguras, por praças e mercados, e a cidade, mostrando avenidas, praças e limpas para os padrões que tenho visto, agradou aos olhos. Todas as companhias que encontrei por aqui (acredito que fiz ao menos 4 bons amigos) fez da minha estadia algo bem agradável.
Por duas vezes, fui ao norte na região de Batu, onde, em uma terreno montanhoso, além de lindas plantações de arroz em terraços, encontram-se cachoeiras, montanhas, águas termais e o Selekta, um bonito resort, com interessantes locais, como aquários (superpovoados de peixes, possibilitando até “acariciá-los”), um belo jardim de diferentes flores e excelentes piscinas.
As cachoeiras, onde estive no primeiro dia com uma amiga, estavam lotadas (feriado nacional) apenas com residentes da região, assim como as águas termais no dia seguinte e o resort, dia em que fui com meu anfitrião e uma outra amiga. Vi apenas um estrangeiro em Malang durante a reunião do grupo do CS.
Foi excelente a convivência com pessoas da própria cidade, saindo do roteiro turístico e percebendo como é a real vida dos indonésios. Sinto-me melhor em uma viagem dessa forma do que simplesmente a simples visitação de pontos turísticos, como escrevi em “Turismo de culpa“. A reunião do grupo na sexta-feira, com cerca de 25 pessoas, mostra que o CS aqui tem uma força razoável, e essa comunidade só tende a crescer pelo mundo.
Seguindo viagem, fui à Surabaya de trem. Na verdade desci em uma estação antes de chegar à Surabaya, pois uma amiga me esperava para irmos à Trowulan, um sítio arqueológico e antiga capital do maior império hindu da Indonésia no século XIII e XVI que ficava cerca de 40km de Surabaya. O império caiu no século XV após as invasões islâmicas e suas ruínas, cobertas pela vegetação foram descobertas apenas em 1815 por um explorador inglês.
As construções, entre templos, portões, cemitérios e piscinas de banho, estão espalhadas em uma grande área e o Museu Trowulan guarda inúmeras peças retiradas das escavações arqueológicas da região. Em Surabaya, segunda maior cidade da Indonésia e que não possui um apelo turístico, visitamos um belo templo chinês, que margeava o litoral.
Fiquei surpreso com o número de pessoas que frequentavam o templo como uma forma de devoção, mostrando a grande influência da cultura chinesa em todas as cidades que visito na Ásia. Em frente ao templo, existem um jardins de esculturas a princípio budistas, mas com alguma influência hindu (existiam Ganeshas por lá), o que demonstra o sincretismo religioso que existe no país.
Fechando o dia, visitei a antiga fábrica dos cigarros Sampoerna, um grande grupo na Indonésia. Eles exportaram até para o Brasil tempos atrás. A antiga fábrica abriga um interessante museu, com toda a história da empresa, explanações sobre o processo de fabricação além de inúmeras embalagens e campanhas publicitárias da companhia.
A visita foi muito interessante, ainda mais por que o museu disponibiliza um tour guiado e você não paga absolutamente nada, nem mesmo pela entrada. Surabaya possui grandes shoppings centers, e ao lado de um deles existe um grande submarino russo que serviu à Marinha até 1990 (Submarine Monument) e hoje é aberto para a visitação. Da mesma forma, existe guias que explicam cada parte do submarino, como funcionam os motores, os torpedos, as salas de comando, quartos e banheiro. E é possível pelo periscópio observar o caótico trânsito da cidade. Visita interessantíssima!
De Surabaya segui viagem de cinco horas de trem para Yogyakarta, no Centro de Java. E a viagem continua pela Indonésia, sendo que ainda não precisei usar nenhum hotel no país, em virtude de todos os convites de estadia que recebi pelos amigos do CS.
Próxima parada: Central Java, Yogyakarta e Borobodum.
Esse texto foi curto para a quantidade de fotos tiradas. São 3 álbuns diferentes no Google Photos: Probolinggo, Malang e Surabaya. Veja também, as melhores fotos da Indonésia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
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