Será que somos mesmo muito preocupados com o dinheiro? Temos surtos de pão-durice, mesquinhez ou é mais uma questão de evitar os desperdícios?
Uma leitora do livro Viagem Lenta escreveu-me esses dias comentando que em sua família ela é comumente classificada como “a” “mão de vaca”, e me contou algumas situações que ocorrem em seu dia a dia no intuito de trocarmos uma ideia sobre o assunto. Perguntou também se convivo com os mesmos cenários e como lido com essa questão.
Comentei que em muitos casos eu agia de maneira semelhante a ela e também possuo em meu meio, infelizmente, pessoas que às vezes fazem um julgamento precipitado da situação. Entretanto, na minha opinião, elas interpretam a questão de uma maneira muito primária, muitas vezes para sentir-se bem consigo mesmas e seus vacilos. Outras vezes, por uma falta de compreensão adequada de nossas ações.
É verdade que existem pessoas que veem o dinheiro como o fim maior, sem muito saber o que fará com ele depois. Porém, para quem leu o livro e acompanha esse blog, sabe que o buraco é muito mais embaixo: o dinheiro é apenas um meio para que atinjamos objetivos mais plenos.
E, mesmo pensando o dinheiro como meio, a maioria das ações das pessoas que possuem um julgamento adequado nas diversas situações diárias em que ele está presente, não foca na economia pura e simplesmente, mas sim nos desperdícios. São eles o foco principal desse texto.
Desperdícios deveriam sempre ser evitados
Desperdícios, para mim, significa jogar coisas com algum valor no lixo, sem necessidade. Algo semelhante a rasgar uma cédula de dinheiro e arremessá-la no cesto. Uma cédula que poderia lhe proporcionar algo de positivo na vida.
Livrar-se dos desperdícios não tem relação nenhuma com avareza. É essa diferenciação que devemos deixar claro para nossos amigos algozes. Evitar desperdícios nos traz uma sensação de sentirmos úteis, eficazes, eficientes e plenos, trazendo algo de positivo ao mundo.
O interessante é que os exemplos com os quais conversamos parecem tão simples e básicos que deixa muito claro que a questão é justamente essa: a sensação de não nos sentirmos participantes na geração de lixo e entropia no mundo. Através de pequenos atos, podemos criar um microambiente de equilíbrio e sustentabilidade que permite tornamo-nos mais resilientes para dar passos mais vultosos e consolidados para a frente.
O sentimento é algo semelhante com a sugestão de Jordan Peterson em arrumar primeiro seu quarto antes de querer mudar o mundo. Quem entende esse conceito, percebe que só podemos doar-nos mais plenamente ao mundo quando resolvermos nossos problemas internos e estarmos orientados positivamente para alguma coisa. E, na minha percepção, evitar desperdícios é uma das maneiras de parar de “viver errado”, enfrentar nossas obrigações morais e desenvolver plenamente nossa integridade.
Vale muito você dar um espiada no vídeo abaixo. Possui apenas alguns minutos.
Comida
Vamos ao primeiro exemplo que conversamos: comida! Provavelmente, os alimentos encabeçam essa lista de desperdícios. É incrível como as pessoas jogam comida no lixo em várias situações. Pense nos alimentos que vencem (ou estragam) no armário e na geladeira. Quando eu jogo algo fora, reprimo-me internamente por não ser capaz de administrar algo tão simples.
Na maioria das vezes, o valor do “lixo” são centavos, reforçando o argumento de que evitar desperdícios não tem nada a ver com o dinheiro, mas sim em sentir-se possuidor de atitudes que agregam ao mundo. Sinto um pouco de vergonha quando não colaboro em adicionar mais eficiência em nossa vida diária.
O problema ainda pode ter consequências além do simples fato de “desperdiçarmos” um alimento. Nós traremos problemas para os aterros, ou mesmo com as sobras em embalagens para o reciclo (lavagens, separação). Muitas vezes, prejudicamos até nosso microambiente quando deixamos algumas migalhas de alimentos no prato e que ficam entupindo o ralo da pia após a lavagem da louça gastando mais água para liberar o fluxo. Afinal, custa dar a última garfada no prato?
Energia
Outra área comentada nos e-mails e repleta de desperdícios é o consumo de energia. Novamente, não quero entrar na seara do uso da energia para nosso conforto e bem-estar, mas sim nos desperdícios, pura e simplesmente.
Um conceito que adquiri no segundo grau (ensino médio, para os mais jovens), é na constância da temperatura de um líquido quando ele está em fase de ebulição. Trazendo a ideia para nosso cotidiano: quando a água está fervendo, sem ou sob pressão, nenhum benefício é agregado ao manter o fluxo do gás no máximo, pois a temperatura que o alimento cozinha é exatamente a mesma. Ocorre apenas uma pequena alteração se houver excesso de sal na água, mas a mudança é marginal.
Se você mantém um fluxo maior do que o mínimo, estará somente desperdiçando gás, e não usufruirá esse consumo maior. Ah, André, aí então é pelo dinheiro? Não, a economia na conta é uma consequência de você tomar as medidas corretas, e não a causa. A confusão entre causa e consequência é absurda nos debates entre as pessoas. O que gera a satisfação não é economizar centavos, mas sim fazer a coisa certa.
Roupas
Agora, um exemplo específico que vivo no momento. Como alguns sabem, meu segundo filho está chegando: provavelmente nas próximas duas semanas. Apesar de recebermos muitos presentes, compramos uma grande parte do enxoval. Foi um estímulo para aprimorarmos nosso gerenciamento de roupas para ele, uma vez que, como todos sabem, os nenês as perdem muito rapidamente.
Quem repete sempre a frase “melhor sobrar do que faltar”, está a um pé do desperdício. Pois sempre a probabilidade de sobrar é bem maior do que faltar. Para um churrasco, a frase até que é válida, pois podemos comer a carne depois. Mas e para uma roupa que não serve mais na criança?
Hoje, com tantos recursos que temos e entregas de todas as necessidades pelo correio em pouco tempo, não há mais sentido em acumular muita coisa. Se faltar, ok, pedimos pelo Amazon Prime e chega no máximo até amanhã. Não estamos deixando de dar conforto ao bebê em hipótese alguma, mas procuramos não exagerar nas compras para evitar desperdícios. Espero ensinar a ele desde cedo a pensar no consumo de maneira adequada.
Para reforçar: o foco não é o dinheiro
Já escrevi no blog sobre o que vale a pena economizar e o que não vale. Nesse texto, temos outros exemplos de situações onde não vale a pena economizar, se focarmos apenas no dinheiro. Muitas vezes, a economiza não compra seu tempo, seu trabalho ou seu conforto.
Reparem, porém, que nesse texto, o ponto é outro. Esqueçam o dinheiro. Estamos falando de desperdícios. De jogar algo fora, pura e simplesmente por motivos banais. É sobre isso que esse breve conteúdo intenta alertar. Aos que gostam de atribuir o rótulo de pão-duro a outras pessoas, sobre uma aura própria de altivez, aventem a possibilidade de determinadas ações não ocorrerem pelo dinheiro.
Aliás, quem pensa sempre assim, está sempre voltado nos números, e justamente, elas são as pessoas que mais pensam em dinheiro, embora acusem os outros do que elas pensam. Soou meio Lenin essa frase, hein (“Acuse os adversários do que você faz e chame-os do que você é“)?
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Ótimo post André.
Parabéns.
Forte abraço!
Obrigado, Danilo!
Abração!
mas se o foco for o dinheiro tbm, qual o problema…o resultado é o mesmo.
Muito bom
Valeu Renato!
Meu ponto é que, se o foco for o dinheiro, perdemos a vida. O dinheiro é um meio para podermos ter a vida (usando o conceito ampliado, como liberdade, pessoas, sentido…) que queremos. Vejo ela como o foco.
Abraço!