Uma semana em Kathmandu, Pathan e Bhaktapur e suas incríveis Durbar Squares, no Nepal.
Esse post refere-se ao período em que passei em Kathmandu e nos arredores da cidade, visitando, além dos principais pontos turísticos da cidade, as cidades de Pathan e Bhaktapur. Emenda também os comentários de Durban Square, que visitei no dia 57, como comentei aqui, antes do post de Pokhara.
Nesse último post comentei as principais características do país, e essa percepção não mudou após esses dias em Kathmandu. Estendendo um pouco as observações, acrescento que para o andarilho, as cidades nepalesas são muito inóspitas. Ruas sem calçadas e mal pavimentadas, trânsito confuso, muita, mas muita poeira e poluição (muitos habitantes andam apenas de máscaras) tornam as visitas aos locais um pouco desconfortáveis.
E em tempo chuvoso, que presenciei nos últimos dias, a poeira assenta-se, mas como consequência forma-se muita lama pelas ruas. No hotel, o racionamento de energia do país também atrapalha muito seu conforto e faz com que acabemos mudando nossa rotina para nos adaptarmos à falta de energia elétrica.
Porém o Hotel Silver Home proporcionou um ambiente agradável, com uma equipe muito boa e estrutura necessária para uma agradável hospedagem. O público, quase exclusivamente europeu e norte-americano, tornou o ambiente descontraído e divertido. Voltaria ao hotel novamente caso retorne ao país. Enfim, o Nepal tem seus encantos, mas também possui características as quais eu considero negativamente determinantes para passar um longo período por aqui. Positivamente, e ainda mais intensamente do que os indianos, as pessoas em geral são muito solícitas e gentis. Mas ao contrário da maioria dos indianos, em geral não pedem algo em troca ao final de uma conversa.
Não me exigi muito nesses dias. Em geral, saía do hotel por volta das 10 da manhã e voltava por volta das 16 horas. E de noite, saía apenas para jantar. Andei bastante a pé e de ônibus, e durante 4 dias tive a companhia de uma inglesa que conheci no hotel, o que me ajudou a melhorar um pouco minha prática na audição no idioma.
Nos últimos dias, conheci uma americana que fala português e dois guatemaltecos e jantamos juntos as três noites restantes com direito a uma baladinha em um pub em Thamel no sábado. O Thamel, inclusive, é o melhor bairro para o turista ficar. Não vi nada melhor na cidade. Foge um pouco da vida real da cidade, mas a vida real é bem desconfortável fora do Thamel. Melhor estar nele mesmo. O bairro possui a melhor infraestrutura em comércio de todo o tipo, hotéis, restaurantes e casas noturnas para todos os gostos.
Claro que os preços são mais caros que bairros locais, mas compensa pelo conforto, pois mesmo assim, ainda são baratos para nossos padrões. De qualquer forma, é fácil após uma caminhada de 5 ou 10 minutos saindo do Thamel encontrar restaurantes locais com comidas tipicamente locais. Cheguei a almoçar uma boa quantidade de momos (típico prato nepalês) e chowmeins por 60 rúpias nepalesas cada. Sim, um dólar vale 84 rúpias… No Thamel esse valor dobra ou triplica, dependendo do restaurante. Vale experimentar ainda as cervejas nepalesas (Gorkha, Everest e Nepal Ice – cerca de 250-300 rúpias) e a bebida alcoólica tibetana Tongba, feita com millet fermentado (também chamado de painço ou milho miúdo). Diferente de tudo que você já viu.
As famosas Durbar Squares do Nepal representam as áreas que ficam em frente aos antigos palácios reais dos reinos da região na antiguidade, antes da reunificação do Nepal, com muitas construções ainda bem preservadas, dentre elas os palácios, templos e prédios públicos, que datam de desde o século XII até o século XVIII. As três mais famosas são a de Kathmandu, Pathan e Bhaktapur, todas tombadas como patrimônio cultural da UNESCO.
As construções se interligam por estreitas ruas, becos e cantos, num labirinto onde misturam-se pequenos comércios, vendedores de rua, moradias locais e pequenos templos em cada esquina. A maior delas é a de Bhaktapur, que na verdade, é uma aglomeração de quatros “squares” conectadas. A arquitetura das construções é espetacular, mostrando as potencialidades do povo newar (habitantes originários do vale de Kathmandu de origem tibetana e indo-ariana), onde os historiadores valorizam principalmente o estilo de janelas e frisos de madeiras do templo, muito bem trabalhados.
Outro site interessante foi o grande templo hindu de Pashupatinath, dedicado à Shiva. Ao meio da área do templo, corre um córrego completamente imundo. Possivelmente no período de monções o fluxo seja maior e ajuda a disfarçar discretamente a poluição. O que chama a atenção no templo é a área dedicada às cremações dos mortos. Das dez estruturas existentes, quatro estavam ocupadas no momento da nossa visita. Assistir a cerimônia dá uma certa angústia, mas quando incorporamos que diversas realidades são vividas por seres humanos tão próximos entre si, e que nenhuma pode ser considerada mais correta que a outra, passamos a ver com outros olhos essas manifestações. Mas discordo do relativismo em casos de violação dos direitos naturais.
Após a chegada do corpo coberto com lençol e com flores em uma maca simples de madeira e sua lavagem simbólica com as águas do córrego, ele é levado para a área de cremação onde existe uma base composta por toras de madeira. Após passar o corpo por três voltas nessa base, os familiares o colocam sobre ela e descartam a maca provisória. Jogam os lençóis e as flores no córrego e iniciam a cremação, alimentando o fogo por baixo com palha. Não acompanhamos até o final, pois o processo consome várias horas. Familiares banham-se nas águas após as cinzas serem jogadas no córrego. Não consegui ver a cerimônia no Ganges, mas vi em Kathmandu. Fotos durante a cerimônia, por respeito, são proibidas.
Existem várias stupas pela cidade, mas a maior, a leste de Thamel é Boudhanat Stupa, próximo à Pashupatinath. Esse Stupa é o maior do Nepal e um dos maiores do mundo e gera um intenso fluxo de peregrinação dos tibetanos quando as fronteiras do Tibete estavam abertas. O seu domo tem aproximadamente 120 metros de diâmetro e 43 metros de altura. Em seu caminho, pudemos presenciar uma festa de ano-novo da comunidade Sherpa Dharma Peak, no templo Boudha Tinchuli, puramente por sorte. Ficamos alguns bons minutos acompanhando as festividades.
Outra grande Stupa, Swoyambhunat, situa-se a oeste de Thamel em um local privilegiado: um grande morro onde podemos ter uma visão panorâmica da cidade de Kathmandu. Os Stupas são um símbolo do Nepal, um tributo para sua espiritualidade e cultura, simbolizando uma remanescência de seu passado e a esperança de um futuro melhor. São mantidos principalmente pelo povo Newar e Sherpa, que mantém o patrimônio bem conservado já há muitos séculos.
Em uma das tardes, foi válida uma pausa para um relaxamento em um ambiente muito agradável, no meio de Kathmandu e bem próximo ao Thamel: o “Garden of Dreams”. É um grande jardim, ocupando todo um quarteirão na cidade de 7.000m2, que funciona como válvula de escape ao estresse do trânsito e da poeira da cidade, uma vez que é completamente murado, isolando-o do ritmo da cidade.
Originalmente um jardim privado do rei Shumsher, ficou abandonado até meados dos anos 90 do século passado, quando sua reconstrução e reconstituição foi financiada pelo governo austríaco. Com três pavilhões (um com belas fotos antigas e atuais do jardim), anfiteatro, fontes (que funcionam), e várias espécies de plantas e flores, é um oásis no centro da cidade, e recebe regularmente programas culturais, concertos e outros eventos.
Nesses 7 dias de Kathmandu (sendo que um deles foi quase todo preenchido pela viagem de retorno de Pokhara), os primeiros cinco dias renderam mais, pois os últimos dois foram chuvosos. E passear na chuva entre a lama ninguém merece. Por sorte, já tinha visitado as principais atrações da cidade e saí poucas vezes, entre um almoço e uma janta, para andar por ruas e vielas que ainda não tinha passado.
A cidade possui ótimos preços para compras de roupas. Vi muitas pessoas enchendo a mala para voltar para casa. Eu ainda não posso fazer isso, pois ainda tenho mais de 130 dias de viagem pela frente… No dia seguinte, meu voo para a Tailândia sairia cedo e, com escala na Índia, iria chegar em Bangkok no começo da noite. Partindo, então, para uma boa noite de sono!
Continue na viagem, lendo sobre o voo para a Tailândia: Um voo do Nepal para a Tailândia sobre o Himalaia.
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As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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Ótimo relato!
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Obrigado Rafo!