As muitas facetas da capital da Grécia, Atenas: recheada de glórias passadas expressas em seu sítio arqueológico a céu aberto.
Vamos à capital! Após a viagem de Delfos e Meteora, dediquei dois dias a Atenas. Provavelmente, teria dedicado mais, caso minha saída da Grécia não tivesse sido previamente agendada em virtude das considerações que coloquei em Roteiro Grécia e Turquia.
Veremos até o final de semana como será, pois estou repassando alguns pontos: um japonês que conheci aqui no hotel disse que o sítio de Olímpia pouco restou do desenho original e que não gostou da visita que fez por lá…
Em Atenas decidi visitar no primeiro dia, a cidade em si, com exceção das atrações da região da Acrópole, que ficariam para o dia seguinte. Fiz todos os passeios a pé. Afinal, como melhor conhecer a cidade e incorporar seu espírito? Andei pela região de Omonia, progredindo em arco até o monte Licabettus, Estádio Paratenaico e a região do Parlamento.
A região de Omonia não é uma localidade turística, e expressa bem a Atenas com a rotina diária de seus habitantes. Essa caminhada ocorreu no sábado, que mostrou um trânsito razoável como nas grandes cidades do país, às quais Atenas se assemelha bastante.
Ela está longe de ser uma cidade tipicamente norte-europeia da forma como costumamos imaginar: possui calçadas mal cuidadas, considerável quantidade de lixo nas ruas e um incrível adensamento de muros pichados de forma irresponsável (não, nada de arte de rua).
Possivelmente seu estado de conservação seja consequência dos protestos e inconformismo da população com a crise (a última estatística que vi mostrava mais de 25% de desempregados entre toda a população, com números ainda maiores para os jovens). Mas o fato é que a cidade em si não está bem cuidada. Há sim, belíssimas construções, mas são alguns oásis bem guardados no rebuliço da cidade. Contra o impressionante número de pombas e suas consequentes sujeiras, nem mesmo os oásis escapam.
Pareceu-me a cidade de Roma pela grande quantidades de veículos de duas rodas, grupo dominado pelos scooters, que andam até nas calçadas e em ruas apenas destinadas aos pedestres. E sim, aqui o capacete não é obrigatório. Ao menos metade dos motociclistas não o usam.
O Monte Licabettus, ponto mais alto de Atenas, apesar de ser um local belíssimo, não apaga essas impressões, em função da má conservação de algumas estruturas. Mas é um passeio que vale a pena pela vista que proporciona do alto e pela simpática igrejinha branca no seu topo, cuja beleza é ofuscada pelos penduricalhos à volta (foto), mostrando uma total falta de cuidado no local.
O caminho por algumas das trilhas é muito agradável e proporciona, apesar de exigir alguma condição física, agradáveis momentos de paz. Mas existe a opção de subir de carro por uma rua asfaltada. Sem contemplações, é claro…
Algo que chamou muito a atenção no atual momento dos protestos de Atenas foi a quantidade de policiais da tropa de choque, em um vai e vem frenético de sirenes e caminhões-camburões. Isso tanto no sábado quanto no domingo e segunda-feira. Embora eu não tenha visto nada de anormal, a tensão pareceu grande.
Sobre os atenienses, esses dois dias foram suficientes para mostrar sua amabilidade para ajudar o viajante nas direções e informações, com a ressalva apenas dos funcionários públicos, tais como de transporte de trens e ônibus. Não tive uma boa impressão deles nos últimos dias. Possivelmente, redução de “direitos” conquistados na virtual bonança econômica seja um fator de redução de humor e amabilidade. E parece que essa expressão é maior caso a pessoa esteja exercendo sua profissão, pois a ligação emocional é direta.
Após almoço, segui para o Estádio Paratenaico, magnífica construção de mármore branco. O ingresso custa 3 euros e eu deixei de economizar 1,50 pois não trouxe a carteira de estudante. Mas o local vale o investimento! Está incluso no preço um áudio que explica a história e o significado de pontos do estádio. Vale reservar ao menos uma hora para a contemplação do local.
Posteriormente visitei a área em torno do Parlamento, que conta com o Jardim Botânico, fechado pela polícia antes de seu horário habitual para controle da população, o que impediu minha visita. Impressiona no meio das ruas arborizadas próximas ao local o Zappeion, linda construção que já foi palco de encontros europeus. À sua frente fora montado um parque de diversões com a temática do Natal, o que trouxe muitas famílias e suas crianças para apreciar um dia agradável antes do inverno.
Outro destaque em Atenas são as mexeriqueiras, do fruto de casca fina, ao largo das calçadas. Claro que peguei uma para experimentar, mas a experiência não foi boa: amarga demais, o que explica porque as árvores estavam carregadas de frutos: se fosse algo bom, a dificuldade em achar uma seria menor.
Já na praça Sintagma, ponto final do dia, muitas pessoas se aglomeravam em frente ao Parlamento em um protesto contra os ‘nazistas’ e a favor dos ‘direitos humanos’, que parecia ser pacífico e tinha mais conotação social do que política. Fiquei um pouco na praça, acompanhando a manifestação e quando começou a anoitecer voltei ao hotel.
No dia seguinte o objetivo foi conhecer os pontos turísticos “padrões” de Atenas. O ingresso para as principais atrações, que inclui a Acrópole, Teatro de Dionísio, Ágora antiga e seu museu, Ágora romana, Biblioteca de Adriano, Olympeion e Kerameikos e seu museu custa 12 euros e vale por 4 dias.
O tempo de permanência em cada uma das atrações depende muito do interesse particular. Elas estão próximas, mas há pouca informação visual, e as pequenas ruelas podem confundir a direção correta entre uma e outra. As atrações permitem a mesma transposição de épocas que comentei no post de Delfos e a sensação é indescritível para quem não vê apenas um monte de pedras em seu entorno.
O Parthenon e o portal Propylae impressionam pelo tamanho e pela localização: imponentes no alto da acrópole. O templo mais bem conservado da antiguidade, entretanto, é o templo de Hephaestos, localizado na Ágora antiga, construído no mesmo século do Parthenon (séc. 5 a.C). Impressionante pelo tamanho é o templo do Zeus Olímpio, no Olympeion, com mais de 100m de altura. Esse templo é mais contemporâneo, já com colunas conrítias (séc 2 a.C.). Ambos museus, da Ágora Antiga e Kerameikos, são pequenos mas muito bem cuidados, com peças desde o Neolítico. Visita obrigatória.
Em todos os sítios arqueológicos, a quantidade de materiais arqueológicos desprendidos, soltos no chão é impressionante, apesar dos saques de diversos invasores através dos séculos. Esses materiais não foram ‘montados’ na sua forma e local original e formam um grande quebra-cabeça de blocos de mármore de fortificações, bases de colunas e capitéis que desafiam a humanidade a remontá-lo.
Alguns momentos de reconstruções e restaurações foram bem documentados e fotografados e estão expostos nos locais. Outros locais ainda deixam em dúvida se existirão em alguns anos. Muitos são suportados por escoras. Se o valor do ingresso para visitação for realmente destinado ao trabalho de preservação, ele seria muito bem pago. O problema é que quando a instituição ‘governo’ controla esses fundos, a ineficiência na aplicação dos recursos sempre impera.
A região circunvizinha da Acrópole (Rua Dionísio Aeropagitou e Rua Apostolou Paulou – mantenho o nome original para facilidade de localização no Google) e o bairro de Plaka são as regiões centrais mais belas que visitei em Atenas, com muitos bares, cafés e, aparentemente, frequentada pela classe média-alta da cidade. Mesmo agora no inverno, o bairro estava bem cheio, e deve atingir seu apogeu de movimentação nos meses de verão.
Alguns pontos da região torna visível a descoberta de ruínas após as construções atuais. Sempre abaixo do nível da rua, constantemente deparamo-nos com antigas colunas, escadas e calçamentos de séculos atrás. A paisagem urbana revela seu passado e suas histórias, onde muitas cabeças brilhantes sempre permanecerão anônimas. Encerrando a visita nas áreas históricas, escolhi ir à Sounio Cape no dia seguinte, pois a previsão do tempo indicava chuva para os demais dias da semana.
Próximo post: Sounio Cape
Veja todas as fotos da região de Atenas no Google Photos ou então, as melhores fotos da Grécia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
… assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
… ler sobre um resumo de minha história
… ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
… participar de um papo de boteco
… curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.
E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?
Artigos mais recentes:
- Atualização das rentabilidades de todas as carteiras
- Atualização das rentabilidades das carteiras ativa e passiva
- Atualização das rentabilidades das carteiras de ETFs
- Atualização das rentabilidades dos FoFs
Parabéns André, viagens curtas mais longas que ficarão na sua memória. Abraço!
Ah, ficou Anônimo, mas acho que ainda se lembro do companheiro, Vandro, Caxias-MA, Grupo Schin.
Com certeza Vandro! Obrigado e grande abraço, companheiro!
Olá André, está sendo muito legal acompanhar sua viagem ao pais que tanto quero visitar !
Algumas dúvidas : hotel ou hostel? A cidade possui wi-fi free em pontos como cafeterias, museus etc ou você comprou um chip para celular?
Bjs e obrigada pelos ricos relatos. O legal é você mostar os lados bons e não tão bons das cidades que visita.
Bj
Joice
oii…estou adorando essa viagem historica. Admiravel! bjus. 😉
Lu
Que bom Joice! Hotel ou hostel depende muito da sua forma de viajar: são propostas diferentes. Em hostel vc pode conhecer outros viajantes bem facilmente, mas compartilhando quartos e banheiros. Em hotel não, mas vc tem sua privacidade. Em hostel vc paga em torno de 8 a 14 euros por noite. Hotel sem pechincha e sem muita ociosidade, dificilmente sai por menos de 30 euros, mesmo os mais simples. Hostel vc sempre tem wi-fi de graça. Hotel, nem sempre… Tem bastante ponto de Wi-fi em cafeterias sim. Na cidade há alguns pontos, mas o sinal não é bom. Alguns museus… Leia mais »
Oie! Que bom! Sabe que eu também? 🙂
Bjus!!!!
Obrigada André !
Eu prefiro pagar um pouco mais pela privacidade. Então está sendo legal acompanhar seus passos.
Bjs