Uma visita a Nova Delhi, região administrativa da Índia e cidade de Agra, palco das belas construções do Taj Mahal e Agra Fort.
O vôo de Kochi a Nova Delhi fez uma escala em Hyderabad, e foi pontual. A companhia Spicejet é uma companhia low-cost na qual até a água é paga. E a passagem nem foi tão barata assim (US$ 185) para um voo de 4 horas. Cheguei no aeroporto e aguardei um grupo de turistas brasileiros. Participaríamos juntos de dois passeios nos próximos dois dias: um city-tour na cidade de Nova Delhi e a viagem a Agra.
Eu não havia reservado hotel, mas sabia que existe uma grande área na cidade com uma enorme concentração de hotéis com preços razoáveis, boa infra-estrutura e próximo à Estação Ferroviária, a qual eu iria utilizá-la para continuar a viagem dentro de poucos dias. Fiquei no hotel Chanakya, com uma boa estrutura geral, mas em um quarto que deixava a desejar na conservação do mobiliário e paredes. Porém, tinha um bom sinal de wi-fi ao qual não tinha dificuldade de acesso, mesmo no quarto, e isso pesou na escolha. Não ter que procurar lan-house já é um grande avanço nos hotéis low-cost da Índia.
Agra, Taj-Mahal e Agra Fort
No dia seguinte, encontrei o grupo no hotel em que se hospedaram em Nova Delhi e fomos juntos de trem a Agra, onde um ônibus nos esperava para visitarmos o Taj Mahal e o Agra Fort. Agra foi a capital do império islâmico Mughal durante mais de 100 anos nos séculos XVI e XVII. Grandes construções foram realizadas no período, como o Agra Fort (construído por Akbar) e o Taj Mahal (por Shah Jehan). O Taj Mahal foi algo que impressionou pelos ricos detalhes da construção e por estar permeado por uma grande história de amor, pois é um mausoléu feito em função da morte da esposa favorita do imperador Shah Jehan, Mumtaz Mahal.
Feito de mármore branco, com diversas pedras, outrora preciosas, incrustadas em sua superfície através de uma técnica específica na época (nada foi pintado), é um dos monumentos mais bem conservados na Índia, apesar do Estado não conseguir evitar todas as inscrições de vândalos no mármore.
Além do lindo trabalho de incrustação, os detalhes esculpidos no mármore nas paredes e guias são fantásticos. O mausoléu demorou quase 20 anos para ser construído no início do século XVII e na ideia original de Shah Jehan, outro mausoléu, idêntico ao primeiro, seria construído em mármore preto em frente ao Taj Mahal, para abrigar o seu corpo após sua morte. Seu plano, em função das condições financeiras do império foi abortado pelo seu filho, Aurangzeb. Há historiadores inclusive que associam a construção do Taj Mahal com a decadência do império Mughal, em função dos recursos que o mesmo drenou das finanças do império. Afinal, não existe almoço grátis…
O outro monumento visitado em Agra foi o Agra Fort, construído em arenito vermelho no século XVI pelo imperador Akbar. O que hoje restou para visitação foi uma pequena parte do forte, que em seus tempos áureos, podia abrigar mais de 3000 moradores dentro de suas muralhas. O forte contém muitas alas, incluindo a moradia do imperador, de onde ele podia observar a construção do Taj Mahal ao fundo e os quartos de suas esposas.
Em alguns locais podem ser observados influências hindus nas construções, porém sem a representação de imagens de pessoas ou animais, proibidas na cultura muçulmana. O ingresso para o Taj Mahal e Fort Agra, comprados em conjunto, custou 1000 rúpias, o mais alto preço pago para uma visita a um monumento na Índia. Após a visita em Agra, retornamos a Nova Delhi e presenciamos um grave acidente na Índia: um caminhão virou ao atropelar e matar alguns bois e machucou seriamente o motorista. Aconteceu poucos metros na frente e ficamos parados no trânsito observando o demorado socorro durante meia hora.
Nova Delhi e algumas atrações
No dia seguinte, fiz o city tour em Delhi com o grupo. A cidade de Nova Delhi, incrustada praticamente dentro da grande Delhi é a capital do país e foi construída pelos ingleses entre o final do século XIX e início do século XX. Essa área abriga grandes avenidas, ligadas por um sistema de grandes rotatórias, e, cercada por alguns edifícios, mostra um pouco da influência ocidental na Índia, algo que eu ainda não tinha presenciado.
Entre as avenidas entretanto, ou saindo da área central, a Índia volta a mostrar sua face, com ruas estreitas, cheia de gatos elétricos, sujas, comércio de rua e aquele trânsito infernal. Foi em um local assim que iniciamos a primeira visita do dia, a maior mesquita da Índia, a Jama Masjid. A entrada é cobrada apenas para quem vai usar câmera (300 rúpias). Como estávamos em um grupo, apenas uma câmera foi usada para cobrança. A mesquita não guarda tantas atrações e beleza, entretanto. Sua construção é um tanto diferente das grandes mesquitas que vi na Turquia: possui um grande pátio aberto e uma pequena área coberta, horizontal.
Posteriormente, visitamos o Raj Ghat, um memorial onde foi cremado o corpo de Mahatma Gandhi. No momento, ocorria um ensaio realizado por militares para a comemoração do dia da independência da Índia (26 de janeiro). Muitos locais de interesse (Indian Gate, Red Fort) inclusive, não estavam acessíveis em virtude da proximidade desse feriado, guardados sob forte esquema de segurança para evitar atentados.
Em seguida, visitamos o Gandhi Smriti, uma grande mansão onde Gandhi foi assassinado e atualmente transformada em museu, que mostra toda sua história e guarda vários de seus instrumentos pessoais. O museu está muito bem conservado e possui uma nova área superior chamada por eles de multimídia, onde a tecnologia auxilia a transmissão das mensagens. A entrada é gratuita e a visita é altamente recomendada.
Terminamos o city-tour no complexo Qutub (250 rúpias), onde o destaque é o minarete Qutub, com 72,5 metros de altura e na época de sua construção (1193-1368), era a estrutura mais alta do mundo. O complexo possui muitas tumbas, a primeira mesquita construída em Delhi (parcialmente em ruínas), a base de uma segunda torre que deveria ser construída mas foi interrompida após a morte de Ala-ud-din-Khilji e o consequente esfacelamento do império. Abrigava uma grande comunidade de esquilos também.
No terceiro dia útil em Nova Delhi, separei-me do grupo e fui andar pela cidade, pela área construída pelos ingleses, ou seja, a parte mais nobre e central da região. Entre as grandes avenidas de mão dupla, várias rotatórias e muitas dificuldades aos pedestres, não surgiam muitas coisas interessantes para ver e nem para desfrutar.
Entretanto, o cenário da cidade era muito mais bonito do que eu vinha presenciando até então no país. Há bem menos lixo (embora ainda mais do que vemos no Brasil) e as avenidas são arborizadas. Porém, continua não sendo uma cidade com alguns padrões ocidentais que sinto muita falta aqui na Índia. Não há praças na região central. As pessoas sentam para descansar no chão das pequenas ilhas verdes das rotatórias. Continuo sem encontrar um supermercado e uma boa padaria para comer algo com gosto. Quem substitui de alguma forma essa falta, são algumas redes de fast-food como Mcdonalds, Pizza Hut e KFC, situadas próximas à Cornaught Place. Ao menos, um alento em relação às outras cidades que visitei.
Nosso guia havia comentado que existem shopping-centers mais para fora da cidade, porém, eu não iria lá apenas para isso. Visitei ainda o Jantar Mantar, um dos cinco observatórios astronômicos construídos sob o reinado de Sawai Jai Singh no século XVIII, com enormes instrumentos para observação dos astros e medição de suas posições (100 rúpias). Os indianos, que pagam (ou deveriam pagar) apenas 10 rúpias, usam a área como um parque de lazer, talvez pela ausência desses locais na cidade.
Durante a tarde passei por toda a área governamental da cidade, com mansões e palácios imensos que abrigam estruturas burocráticas do governo, drenando a riqueza do país e devolvendo apenas uma pequena parte, após os montantes perdidos na ineficiência e corrupção. Toda essa região estava sob forte esquema de segurança, inclusive com várias barricadas montadas para evitar ataques no dia da Independência.
Posteriormente, após haver checado que a situação de reservas de trens na Índia estava muito complicada em função dos festivais (um me afetava diretamente: o Kumbh Mela em Haridwar), acertei antecipadamente todo o roteiro de trens nos meus últimos 13 dias na Índia. Contratei os serviços de uma agência de turismo, pois estava muito complicado montar todo o roteiro sozinho. Achei meio bagunçado a forma de compra dos tickets.
O valor total do pacote ficou em 110 dólares, e calculei que deixei ao menos 40 dólares para a agência… Serão 5 trens (todos em classe AC, pois não me animei em pegar trens populares, sendo três deles noturnos com minha bagagem desprotegida) para Haridwar (Rishikeshi), retorno à Delhi, ida a Khajuharo, posteriormente Varanasi e retorno à Delhi antes da viagem ao Nepal, comprada para 04 de fevereiro. A passagem está marcada para às 15:40hs e o trem chega em Delhi às 07:40hs. Vamos ver se não tenho nenhuma surpresa desagradável…
Seguindo a viagem, leia sobre a próxima parada: Rishikeshi e Haridwar.
Veja todas as fotos de Nova Delhi e Agra no Google Photos ou então, as melhores fotos do norte da Índia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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Sensacional a descrição! Muito bom para relembrar a viagem que fiz em 2015!
Que legal, PF! Você tem um blog onde ela está descrita? Procurei no Google e não achei.
Abraço e obrigado pelo comentário!
No curso de história da arte que eu fiz, estudamos a construção do Taj…é mesmo um monumento ao amor. Delicado e majestoso ao mesmo tempo! Invejinha branca de você, agora…
Isso aí! Como comentei no face! Detalhes incríveis no acabamento! 🙂