Receber o salário. Pagar as contas. Gastar em alguma coisa. Fazer orçamento que termina estourando. Ter “conversas” com a família que nunca resolvem nada mas deixa tudo mundo incomodado. Planejar a independência financeira mas não conseguir pôr em prática nada. Celebrar aquele dinheiro extra que entra pois o salário não cobre as despesas. Pagar tudo com sofoco. Falar em voz alta “mês que vem vai ter mudança nesta casa”. Receber o salário. Pagar as contas…
Essa tem sido a minha rotina nos últimos anos. Mais da metade da minha vida adulta tem sido planejamentos ruins e poucos aprendizados. E então conheci pessoas que decidiram sair da rodinha do hamster. Pessoas que começaram a aprender de investimentos mesmo não tendo nada a ver com o mundo das finanças e que falavam do movimento FIRE. Que como eu, não tinham dinheiro sobrando mas tinham um plano. E vi que existia um caminho diferente para mim e para minha família.
Sair da rodinha do hamster
Transitar esse caminho não se faz de um dia para o outro e definitivamente eu não andei nem meio metro nele. Só dei um primeiro passo e esse passo foi entender que inclusive quem não tem dinheiro sobrando, quem não chega ao final do mês, quem não ganha um salário fixo pode virar o jogo. Mas isso só acontece com planejamento e educação, duas coisas que levam tempo e foco. Duas coisas muito difíceis de atingir quando as preocupações são maiores que o desejo de liberdade financeira.
Mas o primeiro passo foi dado. Não sei se conseguirei ser FIRE nem se poderei deixar de trabalhar em dez anos e viver dos meus (futuros) investimentos; o que eu sei é que quero deixar de estar preocupada o tempo todo pelas contas a pagar, pela aposentadoria que receberei em uns 18 anos e será miserável se eu não agir agora, pela insegurança do meu trabalho e pela vida sem planejamento que levamos em casa.
Sair da rodinha do hamster é quase um imperativo de vida.
Planejamento é tudo?
Antes de planejar, conversar com quem convive com você é essencial. Ninguém é uma ilha e certamente sem o apoio familiar você não chega a lugar nenhum. Ou chega, mas sozinho e não é o que eu quero. Quero ter uma vida plena e no meu caso, isso inclui meus filhos pequenos e meu marido. Quatro pessoas diferentes como sentimentos e ideias diferentes sobre como atingir nossos objetivos.
Planejar é importante, sim. Mas saber negociar é a chave para conseguirmos cumprir com um planejamento. Eu tenho fracasado constantemente nos meus planos justamente por este motivo: eu, a encarregada das finanças da casa, decidia de um dia para outro que tinham acabado os cafezinhos na padaria. Eu, a mestre do dinheiro, cortava os gastos com revistas e guloseimas porque aí estava o problema.
Mas o problema nunca foram os cafezinhos, as guloseimas, ou as revistas. O problema é e sempre foi não incluir à família nas decisões financeiras que precisavam serem tomadas. Planejamento deve ser parte da nossa viagem lenta, claro, mas sem negociar com a família daremos um passo para frente e cinco para atrás.
Aprender para agir
Dizia Lao Tzu que “a viagem de mil milhas começa com um único passo”. Só não pode ser qualquer passo e para qualquer lado. Tem que ser dado com responsabilidade para poder continuar dando passos com mais segurança, aprendendo e aplicando o aprendido, errando e acertando, em fim, aproveitando a viagem para criar a vida que desejamos.
A inteligência financeira só pode ser desenvolvida se nos propomos a aprender pois como André diz, não existem atalhos nem almoços grátis. Então, por onde continuar após dar o primeiro passo?
Dividindo as tarefas
Para nossa sorte, os inexperientes como eu temos muito material para armar um mapa, um guia que nos sirva de bússola nesta viagem lenta para atingir a tranquilidade financeira que buscamos (veja que digo tranquilidade e não liberdade pois ainda não fiz minha tarefa de casa para saber qual é a minha situação atual e os possíveis futuros cenários).
Mas aqui vou deixar um alerta já comentado pelo Bansir: cuidado com a sobrecarga de informação. Nós, os que estamos começando, queremos abraçar o mundo que não abraçamos antes e começamos a nos encher de conteúdo que muitas vezes não acrescenta nada. Foi por isso que antes de entulhar a minha caixa de email com newsletters sobre investimentos, escolhi começar devagar, seguindo uma lista de tarefas que me permitissem primeiro entender o que queremos atingir como família. E acho que a primeira pergunta a responder vai nos levar um tempinho:
Quais são as nossas prioridades?
Sei que temos um caminho longo por percorrer. Mas por enquanto, estou mais focada em desfrutar da viagem do que gritar que atingi meu primeiro milhão. Porque a viagem é o que nos vai fazer crescer como família. O milhão, se tudo der certo, será uma conseqüência muito bem-vinda.
A partir do final de março de 2020, esse blog passou a ter mais de um autor. Seu nome aparece sempre abaixo do título da postagem. Cuidado para não fazer confusão 🙂
Veja a nova ideia editorial e acesse seus perfis nessa página.
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Acredito que serei um peixe fora da agua com minha opinião porem pelo que aprendi desse negocio de sair da manada e da rodinha do hamster é que se vce tem familia e os demais não pensam como voce ou voce (que presumo seja o principal criador de riqueza na familia) impõe certas regras inegociáveis (não estou me referindo exatamente ao cafezinho da padaria) ou nada será construido. Democracia demais e absoluta é ineficiente e estagnadora e apenas adiará os conflitos que um dia ressurgirão devido desta vez pela falta muitas vezes angustiante dos recursos financeiros. Fui …
Oi, Marcos! Na verdade, eu concordo em parte com você: muita democracia termina afetando as decisões difíceis. O que eu tenho aprendido nos últimos meses é que conversar com a família e tomar decisões juntos tem sido muito bom. Mas ao mesmo tempo eu tive que tomar certas decisões ao respeito de como meu marido usa o cartão de crédito e isso não foi consultando e discutido, eu decidi que ou aprende ou aprende a controlar os gastos. Justamente pelo que você diz: cansa perguntar, consultar, discutir uma e outra vez cada pequena coisa. Um abraço!
Boa sorte, Muna!
Eu desejo a você e a sua família que naveguem nesse mar com tranquilidade, sabedoria e muito amor. E que sigam o conselho de um dos maiores investidores do mundo (John C. Bogle): “Siga em frente, não importa o quê.”
Um abraço.
Gostei da frase É isso mesmo! Abraços!
Gostei muito do seu texto, também estamos iniciando nossa jornada FIRE, realmente, temos que remar todos para o mesmo lado, senão fica difícil,seja muito bem vinda ao blog VIAGEM LENTA, vamos crescer juntas!!!
Oi, Adriana! Gostaria muito de ler seus comentários no futuro para saber como vamos avançando juntas nesta viagem. Um abraço!
Gostei muito do texto! Vou acompanhar essa jornada. Boa sorte à nova colunista no blog e na caminhada.
Muito obrigada! Tomara que seja longa e produtiva. Abraços!
Viagem pra onde?
Oi, Lucas! Se tudo der certo, para a independência financeira e uma vida mais tranquila. Um abraço!
* Muna.
Belo texto. Seja bem vinda, Mina!
Obrigada, Claudinei! Um abraço!
Oi Muna, que bom ter você conosco. Também sou mãe, com 2 crianças pequenas, rumo à jornada FIRE. Isso que você escreveu, de não chegar sozinha na linha de chegada é algo fundamental. A mudança de mentalidade da família vem aos poucos, mas seria muito bom que o cônjuge, no seu caso, o marido, também reme junto com você. Sempre digo que FIRE é uma jornada longa e solitária, então ter seu marido junto, te apoiando, vibrando a cada conquista (e te consolando na hora das escolhas difíceis rsrs) será fundamental. Beijos.
Oi, Yuka! Obrigada pelo seu comentário! Você e o André são duas pessoas que admiro muito e são fonte de inspiração. Um abraço!
Belo texto. Eu também estou ansioso para dar os primeiros passos.
Desejo sucesso.
Obrigada, Anônimo! Sempre o primeiro passo é o que mais medo da, né? Muitas perguntas a serem respondidas e decisões a serem tomadas. Mas é de desafios que está feita a vida. Abraços!