Relato da viagem à Hong Kong e Macau, experiências capitalistas chinesas exemplares. Passeios em Kowloon, ilha de Victoria, cassinos e Mount Fort, entre outros.
Após as Filipinas, chega a vez das cidades-estado: Hong Kong, Macau e Cingapura. Para os dois primeiros entretanto, uma meia-verdade, pois desde o final do século passado estão sob a administração chinesa. Mas de qualquer forma, ainda possuem sua própria legislação e gozam de liberdades que o povo da China continental ainda não sonha possuir, como por exemplo, a internet livre.
A cultura ocidental é bem presente nesses dois enclaves asiáticos, frutos da administração britânica (Hong Kong) e portuguesa (Macau) nos últimos séculos. Com superfícies pequenas e uma população considerável, possuem uma das maiores concentrações demográficas do planeta, e surpreendentemente, com organização, bom planejamento, muito capitalismo e liberdade econômica, permanecem como lugares incríveis e agradáveis para se visitar, com muitas áreas verdes e recreação.
Veja no link a seguir, uma série de vídeos curtos que mostram a singularidade de Hong Kong e como podemos perceber uma ordem vanguardista em meio ao seu caos arquitetônico.
Hong Kong, apesar de possuir uma área bem menor do que a cidade de São Paulo, ainda é quase 40 vezes maior do que Macau (Macau é um dos 5 menores “estados” do mundo, junto com Tuvalu, Nauru, Mônaco e Vaticano) e por isso, possui uma facilidade maior para possuir uma boa infra-estrutura de lazer, como parques nacionais, parques temáticos (Disneyland) e grandes resorts ao longo da costa.
Desembarcar no aeroporto de Hong Kong é uma experiência da mais absoluta organização. Informativos claríssimos sobre trens, ônibus, seus itinerários, preços a pagar em cada estação, bem como a facilidade de comprar seu Octopus Card, uma facilidade na hora de usar todo tipo de transporte público.
Na hora veio na cabeça o ano que morei em Berlim, onde eu possuía um cartão mensal de transporte público e tudo funcionava como um relógio suíço. Estava de volta em um país de primeiríssimo mundo. Assistir o percurso da janela da frente do piso superior do ônibus era fantástico, passando por belas áreas verdes, mar, pontes pênseis e skylines impressionantes. Arrumar um hostel não foi difícil, porém os preços são consideravelmente diferentes (maiores) do que pagava no resto da Ásia.
Fiquei na área de Kowloon, na península continental de frente para a enseada da ilha de Victoria, com uma grande vista para o centro financeiro. Nessas duas áreas estão quatro dos vinte edifícios mais altos do mundo, e com mais de dezenas de irmãos menores, mas ainda bem altos, formam um horizonte que assemelha-se a uma selva de concreto.
Andando em seus entremeios, entretanto, percebe-se que existe um planejamento adequado nas construções, sendo a cidade dotada de muitos parques, bonitas alamedas e espaços muito bem determinados aos pedestres, cujo caminhos convivem entre o céu e o inferno em virtude das inúmeras passarelas existentes entre as avenidas.
Entre o céu porque é seguro e muitas delas atravessam o interior de edifícios, com escritórios ou lojas (e o necessário ar condicionado), mas também entre o inferno, pois muitas vezes é preciso escalar degraus e andar bem mais para atravessar uma simples esquina. E como nem tudo é perfeito, algumas das passarelas não são bem sinalizadas e fez-me perder um tempo em algumas situações.
O distrito de Kowloon, apesar de possuir bonitos parques, museus, templos e igrejas, não possui muitas áreas interessantes para andar, exceto pelo fato de conhecer-se o dia a dia da cidade. Um pouco mais ao norte, na área de Mong Kok e Sham Shui Po, existem os enormes malls para se comprar produtos eletrônicos sem imposto. Acabei comprando um tablet e um notebook pela metade do preço que compraria no país. Valia a pena terminar a viagem carregando uma maletinha a mais…
Ao sul de Kowloon, na baía, existe a melhor área para caminhada, através da avenida dos artistas, lindas construções do centro cultural e museus e a vista impressionante da ilha de Hong Kong, berço da colonização britânica, e seu centro financeiro.
Na ilha, fiz dois passeios utilizando a magnífica rede de ônibus da cidade. Aqui existem várias companhias de ônibus e algumas linhas são superpostas, ou seja, duas companhias privadas fazem um trajeto bem parecido. Essa competição faz com que os preços sejam baixos e a qualidade excelente. As empresas precisam apenas garantir algumas mínimas determinações, e de resto, conquistar o público pela sua eficiência (sem subsídios de passagem pelo governo, o que na verdade, é uma injustiça, pois todos pagamos através dos impostos, mesmo quem não usa o serviço).
É o capitalismo verdadeiro garantindo melhores serviços a todos. Coisas que uma grande parte dos brasileiros não entendem e ficam apoiando passeatas risíveis exigindo catraca livre, como as que aconteceram nesses últimos dias (2013) nas grandes cidades brasileiras. E além de tudo, fazem a passeata, quebra-quebra, provocam ao máximo para obter uma reação maior da polícia e depois se fazem de vítimas. Ridículo. Difícil o nosso país ir para a frente com esses pensamentos…
A primeira rota, através do ônibus 973, faz um tour incrível na ilha pelo lado oeste subindo colinas, chegando no lado sul e alcançando uma avenida que margeia a costa, até atingir as praias no sudeste da ilha. Paisagens incríveis, que me lembraram o caminho que fiz de Atenas a Sounio no ano passado.
As praias, apesar de não possuir grande atrativos naturais, possui uma infra-estrutura incrível com banheiros, chuveiros automáticos, água, locais de descanso sob a sombra de imensas árvores, salva-vidas, enfim, algo difícil de se achar em outros lugares do mundo.
Outra rota interessante é através do ônibus 15, que vai ao pico Victoria, local que é possível ter uma visão magnífica da ilha e da área de Kowloon, e seus grandes edifícios de vidro e concreto. Tão belo quanto o destino é o caminho para se chegar até lá, em uma estrada estreita margeando grandes desfiladeiros. No segundo andar de um ônibus chega a dar um frio na barriga em alguns pontos pela visão dos precipícios.
Além desses circuitos, andei muito a pé pela ilha e seus espaços repletos de palmeiras. Visitei o jardim botânico e o pequeno zoológico, passei por construções magníficas como o escritório governamental e seus jardins e conheci a maior estrutura de escadas rolantes do mundo, que leva pessoas regularmente para os bairros conhecidos como Mid-Levels.
O conjunto é formado por vinte escadas rolantes (compridas) separadas por curtos caminhos de conexão e cobrem uma distância de 800m. Interessante é que das 06 às 10 da manhã elas se movem para baixo, e nos demais horários, para cima. Milhares de pessoas as usam diariamente para ir ao trabalho ou estudo diariamente.
Voltei para Kowloon nesse dia de ferry-boat, com uma visão noturna incrível dessa cosmopolita cidade, berço de liberdades que, espero, possam ser disseminadas e influenciar uma abertura maior para todo o povo chinês do resto do continente.
A cidade de Macau é alcançada por ferry-boat através de Hong Kong, em uma duração de menos de 90 minutos (dependendo da companhia), mas possui um preço salgado: cerca de 45 dólares para ir e voltar. A formalização de entrada em outro país existe, e precisa-se apresentar o passaporte e passar pela imigração.
Esse pequeno enclave é conhecido mundialmente pelos jogos de azar. Centenas de cassinos existem pela cidade e o faturamento é maior do que Las Vegas desde 2005. As concessionárias pagam 35% de imposto para o governo, constituindo sua principal arrecadação.
Visitei três desses cassinos e o ambiente é o mesmo que vemos nos filmes, com uma predominância muito maior dos jogos carteados do que roletas e afins. A decoração é sempre muito sofisticada, fazendo com que sintamos bem no ambiente e estejamos mais sensibilizados a ficar mais (e gastar). Monitoramento intenso: zilhões de câmeras e seguranças em todo o lugar. Fotos são proibidas.
Além do jogo, Macau possui uma área histórica muito interessante e bem preservada, fruto da colonização portuguesa. É possível caminhar em poucas horas pelos 25 monumentos tombados pelo Patrimônio Mundiais da Humanidade (UNESCO), e os principais entre os que visitei foram a Igreja da Penha e sua colina, com uma visão fantástica da cidade tanto pelo Norte quanto ao Sul, o largo do Senado, movimentado, com bonitos calçamentos portugueses, as ruínas da igreja de São Paulo e o grande Mount Fort, que hoje sedia um museu em seu topo.
No dia que andei na cidade estava um calor infernal, com uma temperatura possivelmente próxima a 40ºC, o que fez desse dia, apesar de agradável na descoberta de surpreendentes locais, terrível na resistência física, pois já vinha de dois dias de boas caminhadas em Hong Kong. Não vai ser durante a viagem que vou recuperar meus 6 quilos mesmo…
Próxima parada: Cingapura.
As fotos de Hong Kong no Google Photos estão aqui e as de Macau, aqui. Ou então, as melhores fotos de Hong Kong, Macau e Cingapura no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
… assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
… ler sobre um resumo de minha história
… ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
… participar de um papo de boteco
… curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.
E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?
Artigos mais recentes:
- Comparação da rentabilidade dos FOFs – atualização
- Atualização das rentabilidades de todas as carteiras de investimentos (out/24)
- Atualização das carteiras ativa e passiva (out/24)
- Atualização das rentabilidades das carteiras de ETFs (out/24)