A viagem à incrível Cingapura: capitalismo e liberdade econômica a serviço das pessoas.
Visitas à Marina Bay, arborismo em MacRichtie Treetop, Fort Canning e o formidável Jardim Botânico.
A cidade-estado seguinte a ser visitada após Hong Kong e Macau seria também a última visita da Ásia: Cingapura. Por ela me despediria dessa viagem por culturas totalmente diferentes e sentiria a falta de muitas sensações e amizades que pipocaram no meio do caminho. Já sentia um mistura de prévia saudade desses últimos 6 meses, mas também uma ansiedade de volta para casa, apesar de ainda possuir mais de duas semanas pela frente.
De qualquer forma, a última estadia na Ásia me proporcionou antecipadamente esse sentimento de início de desfecho da viagem. Sentimento confuso, onde já não sabemos qual o tipo de vivências e pensamentos que preenchem mais, ou deveriam preencher, o nosso ocupado tempo. Mas como esse não é um post de filosofia – o qual estou devendo há tempos a mim mesmo, vamos então à Cingapura.
O estado de Cingapura balança, em termos de liberdades, por dois lados. Na área da economia, o país é uma potência. A cidade é fantástica, tanto pelo lado arquitetônico quanto urbanístico. Toda pessoa que gosta de arquitetura e urbanismo deveria passar uns dias nessa cidade.
Além dos desenhos dos edifícios, museus, escolas e espaços culturais, a cidade preserva muito seu passado, com a restauração de vários bairros antigos, como Chinatown e Little India – em Cingapura conheci um bairro indiano como nunca vi no país de origem: limpo, edifícios bem conservados, trânsito organizado.
O sistema de transporte é fantástico. O MRT (sistema de transporte em massa, ou o nosso metrô) possui mais de 160km para menos de 700 km2 de cidade, existindo mais 42km em construção e mais 113km planejados até 2030. Detalhes: a primeira linha foi inaugurada em 1987 e o país tem “apenas” 5 milhões de habitantes, muito menor do que as grandes metrópoles do mundo. Em 2030, com mais de 300km de extensão, será a maior rede do mundo em quilômetros per capita.
Com o apoio de uma eficiente rede de ônibus e de um inteligente suporte para compra de passes mensais ou anuais, o sistema é o preferido pela população. Não presenciei, nenhuma vez, qualquer tipo de trânsito nas ruas da cidade.
O planejamento de longo prazo é a chave para todo esse progresso. Visitei um local chamado Singapore City Gallery, talvez um dos melhores locais para entender a dinâmica da cidade em função de seu planejamento. A galeria mostra a Cingapura antiga e como os projetos urbanísticos moldaram a cidade hoje e como moldarão no futuro. Planejamento de longo prazo. Esse conceito falta em muitos países do mundo, e infelizmente também no nosso.
Outra área fantástica relacionada ao mesmo tema, é a Marina Bay, dominada pelo hotel Sands, Esplanade Theaters, Gardens by the bay and DNA Bridge. É um tele-transporte para o ambiente dos filmes de ficção científica, sem descuidos do paisagismo e da limpeza, fazendo do local um excelente ponto de encontro para o convívio social.
O curioso de Cingapura é que, com uma área muito pequena e com mais de 30% de seu território com vegetação preservada (tendo assim um local para convívio com uma das maiores densidade demográfica do mundo), consegue entregar uma cidade sem trânsito e com grande qualidade de vida.
Como comentei anteriormente, existem dois lados a serem vistos para analisar o país em termos da qualidade de vida de seus habitantes. Em termos de conquistas materiais, ela é fantástica. Mas eu não me motivaria a morar em Cingapura, em virtude de minha defesa às liberdades individuais, como de expressão.
O governo, embora constituído sob a égide da democracia, não tolera manifestações e livre expressão em público, como algum tipo de protesto pelos seus atos. Assim, a mídia possui um controle oculto, facilitando a aceitação da população em relação às diretrizes do governo.
Uma crítica a isso levantaria que isso não seria problema, pois o governo de Cingapura está entre os menos corruptos do mundo (até onde existe liberdade para checagem) e o país esbanja prosperidade. Mas eu pessoalmente não fico à vontade com esse tipo de silêncio. Se tudo funciona tão bem, as autoridades não deviam ter nada a temer, certo?
Além disso, existem excessos de leis, incluindo uma lei que multa por atravessar a rua fora da faixa. Ora, por que com uma rua totalmente vazia e eu, confiando em minhas habilidades físicas na caminhada preciso ir até a esquina para poder atravessar a rua? Isso torna o país muito chato e deixa-me com uma sensação de robozinho que não pode ter livre-arbítrio para os mais simples atos. Uma pena.
Comentei anteriormente sobre áreas verdes, e utilizei um dos dias para um hiking com minha anfitriã do Couchsurfing em um parque nacional, o MacRitchie Treetop. Em um ponto do circuito, existe uma ponte no meio dos topos das árvores, levando-nos a um autêntico arborismo.
O parque é imenso, e mesmo assim, não é um dos maiores da cidade. Aplausos novamente para esse planejamento urbano. O Fort Canning e o parque que o circunda também possui lugares bons para passeios, e guarda o quartel general militar utilizados pelos ingleses antes da independência do país.
Porém, nada se compara com o nível do Jardim Botânico da cidade. Imenso, é um lugar onde grande parte da população usa para “farofar”, ou seja, levam o almoço, entendem lençóis pela grama e passam horas e horas do dia em confraternização.
O jardim possui vários pavilhões, com atrações diversas como lagos, jardins temáticos, museu e belas estátuas que margeiam os caminhos do parque. O jardim temático “Evolution Garden” foi um destaque: os administradores desenvolveram um jardim ao longo de um caminho onde, durante a caminhada, pode-se observar a evolução das plantas de nosso planeta, desde seus primórdios.
Vemos desde as primeiras briófitas em rochas, outras já mais crescidas, e depois, continuando passo a passo, as primeiras pteridófitas e assim por diante. Lembrei muito as aulas de Biologia. E eu gostava muito desse assunto. Um show!
Sobre a culinária, apesar de a cidade ter predomínio chinês e eu já ter experimentado muitas refeições chinesas em outros países, na cidade de Cingapura os pratos possuem suas diferenças, e minha anfitriã e uma outra colega foram fantásticas em levar-me para experimentar muitos deles.
Uma diferença é que aqui não existem barracas pelas ruas. Os pontos de comidas populares são fechados, como uma praça de alimentação de um shopping brasileiro, mas ao largo das ruas, bem organizado. Mesmo as feiras de bugigangas possuem lugares próprios para serem instaladas. A organização está na Lei. Já a cultura, de predomínio chinês, possui respeito para todos os povos e transforma-se em uma cultura universal, dominando o ambiente da cidade.
Passei por um momento interessante nas andanças pela cidade, onde, no mesmo quarteirão, pude fotografar uma igreja católica, uma protestante, um templo indiano, um chinês e uma sinagoga. Mesquitas também existem pela cidade, mas faltaram nesse quarteirão para fechar todas as grandes religiões do mundo.
Etnicamente, a cidade possui cerca de 10% de descendentes de indianos, principalmente de Tamil Nadu, e fez com que eu me sentisse, em alguns momentos, retornando à Índia, porém, com uma percepção de nível de vida muito melhor. Uma pena que em seu país de origem as coisas continuam tão atrasadas.
Percebe-se assim, que o progresso não é determinado somente pelo povo em si, mas principalmente pelo meio em que o povo está inserido. E de qualquer forma, somos quem podemos ser se atuarmos para isso com uma causa definida, retirando os grilhões que aprisionam o nosso progresso individual e nos impedem de tornar realidade os sonhos que podemos ter.
Próxima parada: Suíça, Europa!.
Veja mais fotos da incrível Cingapura no Google Photos. Ou então, as melhores fotos de Hong Kong, Macau e Cingapura no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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