Pensamentos e reflexões finais da viagem de 205 dias – Ásia e Europa. O equilíbrio entre o real e virtual, o Couchsurfing, a exposição no blog e os objetivos alcançados.
Fim de viagem! Ao menos a viagem física. No pensamento ela ainda está presente, criando asas nas inevitáveis comparações que fazemos com a nossa rotina, com as pessoas e com o nosso país. Nesses 205 dias, foram 18 países, sendo 15 novos para mim. Das 88 cidades visitadas, passei a noite em 58 delas, seja em hotéis, hostels ou com companheiros do Couchsurfing (CS).
A grande maioria dos percursos foram rodoviários – carros, ônibus, motocicletas, bikes e muitas caminhadas, mas pelo caminho também estiveram presentes 14 viagens de avião, 15 de trem e 9 percursos de navios, com “caronas” eventuais em balão, cavalos, botes e lanchas.
Na apresentação do blog coloquei meus objetivos quando decidi compartilhar a viagem e meus pensamentos e reflexões. Digamos que, em parte, eles foram atingidos. As postagens relativas à viagem em si foram inicialmente mais específicas para os futuros viajantes, com muitos auxílios para suas novas viagens.
Porém, no decorrer das postagens, comecei a escrever de uma forma menos particularizada, sem colocar muitos nomes de locais e valores de gastos, deixando a leitura mais fluida. Talvez porque no início a maioria dos feedbacks foram de pessoas próximas que buscavam apenas compartilhar as sensações da viagem, sem interesse em informações que poderiam estar em um guia turístico. Afinal, elas não tinham um planejamento de repetir a aventura.
Acredito que com a constante indexação das páginas do google, o público em geral começou a encontrar o blog na web e invariavelmente, me procuravam para perguntar algo mais detalhado. E muitas dessas perguntas eram justamente sobre as informações que eu estava omitindo nas postagens subsequentes. No entanto, eu já estava nessa tendência de produção de texto e preferi mantê-la, me disponibilizando sempre, entretanto, para responder todas as dúvidas que me eram enviadas.
A falta de tempo disponível para manter o blog também foi implacável. Achei que, como a viagem era longa, eu poderia fazer pausas e teria tempo para enriquecê-lo da forma que gostaria. Além dos posts da viagem em si, busquei manter uma frequência de postagens sobre temas diversos, pensamentos e reflexões que me ocorriam durante a viagem, compilados posteriormente na página “Insights”.
Porém, a última postagem até então foi publicada no dia 14/04, ou seja, mais de 2 meses antes do término da viagem. E essa última, sobre “Ciclos e Procrastinação“, já tinha sido publicada mais de um mês depois da anterior. Isso é, na primeira metade da viagem eu consegui publicar 8 artigos (desconsiderando os dois primeiros que escrevi imediatamente antes da viagem) e na segunda metade, apenas 1!
Menos um efeito de falta do que escrever, mas mais de disponibilidade mental. A segunda metade da viagem foi intensamente recheada com as amizades feitas no CS e eu estava totalmente distante de uma “Viagem Solo” e mais reflexiva. Na primeira metade da viagem, as condições eram mais propícias para a produção de textos. A solidão ajuda nisso.
As companhias, entretanto, apesar de sabotar um pouco essa situação, nos traz muitas outras alegrias e satisfações no decorrer da viagem, inclusive a oportunidade de outros tipos de reflexões, através do exemplo de vida de cada um. Considere-se ainda a forma de apresentação do país, muito mais rica quando feita por pessoas locais.
Esse balanço na viagem foi extremamente positivo, e acredito que o tempo que disponibilizei para “viver” mais as situações reais compensou fortemente minha ausência nas situações virtuais.
E aqui cabe um parêntese: apesar do círculo de amizades ter sido um fator de influência na frequência da escrita, diversos outros fatores foram determinantes. Como escrevi em “Viagens: o elemento esquecido” existem muitos agentes que podem nos deixar menos disponíveis para cumprir todos nossos planos. Acrescentaria hoje nessa postagem todo o planejamento dos próximos passos.
Parece que não é determinante, mas quem está em uma longa viagem, sem aquisições de pacotes turísticos, gasta uma boa parte dela planejando os próximos destinos, principalmente meios de se chegar até lá, locais para passar a noite e locais para visitar. Considere-se ainda a realização de justiça e preferências pessoais na escolha do pessoal do CS que havia me convidado para hospedagem… Tudo isso acabou me tomando muito mais tempo do que eu imaginava e, em muitas vezes, um tempo ainda maior do que eu reservava para realizar meus trabalhos particulares pela internet.
De qualquer forma, escrever manteve-me atento. Estimula o pensamento. As reflexões. Essa disponibilidade de refletir impede que nos limitemos internamente, permitindo nossa perpétua formação. Minhas autoavaliações, em geral, são pessimistas. Pessoas dizem que eu me cobro demais em algumas coisas e isso pode ser verdade. Isso provém de algo interno, um sussurro que sempre está me lembrando que, se você vai fazer algo, e principalmente se você se comprometeu a fazer algo, faça bem feito. Assim, sempre acho que poderia ter feito de uma forma melhor.
Expor-se não é algo fácil. Expor-se em um blog, onde sua foto aparece em uma simples procura no google recebendo cliques de pessoas totalmente desconhecidas, é ainda mais desafiador. E continuamente, estamos avaliando qual deve ser o grau de exposição que devemos nos permitir, tanto nas ações do dia a dia como nos pensamentos. Foi um desafio, mas gostei das minhas escolhas, embora acho que podia tê-las desenvolvido de forma melhor. Acho que fui mais eficaz, mas não tão eficiente*.
Espero também que tenha sido bom para quem leu. Espero que todas essas minhas saídas da zona de conforto (e estar sempre mudando de local com todas as implicações e responsabilidades que isso acarreta é decisivamente determinante para isso) tenha motivado mais pessoas a fazer o mesmo algum dia. Se não em viagens, em outras áreas da vida. Sair da zona de conforto gera dor, mas como disse Alain de Botton: “É no diálogo com a dor que muitas coisas belas adquirem seu valor”. Buda também explica a relação de dor e desejo que mantém a maioria das pessoas inertes no ensinamento das “Quatro verdades”.
Espero ainda que as situações que narrei estimulem futuros viajantes a olhar mais para o local real, e não para os locais construídos. É neles que está a essência de um povo, da construção (ou não) de um país. Enfim, resumidamente, sem ter a presunção de que eu possa influenciar o pensamento da maioria dos leitores, espero que as postagens de forma geral tenham sido momentos de prazer, de questionamentos e reflexões positivas a todos. A viagem acabou. Mas o blog não. Claro que quando tiver uma coceira de escrever algo, voltarei por aqui.
* Um conceito que gosto é: eficácia é fazer as coisas certas e eficiência é fazer certo as coisas.
Mais post filosóficos sobre viagens aqui.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
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Muito bacana, André.
Penso muito parecido com você nos termos abordados nesse artigo.
Você escreve muito bem e de forma clara, algo que valorizo.
Abraço!
Obrigado Soul! Em virtude da qualidade de seu blog, sua opinião é sempre muito considerada. Abraço!