A viagem da Turquia à Índia passando pela Arábia Saudita pela Saudia Airlines – um post para o site Melhores Destinos.
O site Melhores Destinos tem uma seção onde os seus leitores avaliam vôos em diferentes companhias aéreas. Como eu nunca havia visto alguma avaliação da companhia aérea Saudia Airlines, resolvi fazer a minha e enviar para o site, cujo editor publicou nesse link. Deixarei aqui como mais um post acrescentado ao blog.
Como comentei no post de Istambul, comprei uma passagem para a Índia com a Saudia Airlines, em função basicamente do preço (US$385,00). Logo na compra pelo website e contato com o atendimento online, fui informado que havia um problema com os cartões VISA e que a operação não podia ser completada. Tive de ir no dia seguinte no escritório da empresa em Istambul, onde tudo foi resolvido da melhor forma possível, com imensa cordialidade da funcionária.
Dois dias depois, chegando no aeroporto de Atatürk, que segue a paranoia turca de máquinas magnéticas e raios-X (assim como shopping centers e algumas atrações turística), criando uma fila imensa apenas para entrar no aeroporto, fui direto ao guichê C-17 e fui rapidamente bem atendido para fazer o check-in. Posteriormente, passei pela imigração e à sala de embarque, sendo necessária uma nova vistoria magnética.
Eu ainda tinha 17 liras turcas no bolso e pensei em fazer um bom almoço. Engano total: os preços no aeroporto são exageradamente mais altos do que na cidade, e consegui comer apenas um Patlican Dolma Kurutulm por 14 liras – versão “kids”. As 3 liras que sobraram eu troquei por um sorvete simples do BurgerKing.
Na sala de embarque, duas decepções. Não há tomadas para laptop e a internet é paga, e muito bem paga: o cartão custava 19 liras. Exploração total. Não tendo muito o que fazer, tive o primeiro contato visual com um voo diferente: a chegada, no saguão, das comissárias da empresa de véu, com uma pequena boina sobre ele. Passando o olho na sala de embarque, muitas muçulmanas totalmente de preto deixando apenas a linha dos olhos visíveis.
Ainda não consegui me acostumar com essas imagens; me transmite uma sensação de submissão que não cabe mais as mulheres no mundo de hoje. Talvez seja por isso que resolvi excluir da viagem todo o Oriente Médio. Escrevi sobre isso em “O relativismo cultural como sanção para incoerentes tolerâncias sociais“.
Após o embarque, entrei em um Airbus A320 (embora no guia de socorro da cadeira acusasse um A330) que, apesar de estar bem conservado, já mostrava alguns anos de uso. A revista de bordo continha um conteúdo 80% em árabe e 20% em inglês, suficiente apenas para 20 minutos de leitura. Os jornais eram oferecidos apenas na língua árabe.
Apesar de o primeiro voo da rota ser relativamente curto, havia travesseiro e cobertor para cada ocupante. Fones simples e canais de música disponíveis, mas apenas um pop em inglês e um clássico. O restante apenas árabes, sendo dois deles de orações. E antes da pontual decolagem, outra oração é realizada pelo sistema de vídeo, dedicada ao profeta Maomé.
Imaginei que iríamos sobrevoar uma parte da Síria que está em guerra civil… Mas não sobrevoamos. Em uma das divulgações do GPS pelo sistema de vídeo, percebi que fomos primeiro para o Egito e depois nos dirigirmos à esquerda para Riyad. Como o caminho mais curto de dois pontos continua sendo uma reta, evitamos a Síria de fato, embora não tenha certeza do motivo.
O sistema de vídeo a bordo, que não era individual, alternava programas em árabe (traduzidos para o inglês) e vice-versa. Começou com reportagens do mundo animal, e depois desviou-se para pastelões de comédia. Tão desinteressante que permitiu-me até observar o Rolex do ocupante do meu lado…
Após 1 hora de viagem, as comissárias iniciaram o serviço com… suco. Sim, só suco. Para um vôo de 3 horas e meia parecia piada; até nossas companhias brasileiras tinham um cereal a mais! Porém, depois de uma meia hora que recolheram o copo de suco, veio, enfim, a refeição. E não era ruim.
O passageiro poderia escolher entre carne bovina, frango e peixe, acompanhando salada com molho, arroz, batata, brócolis, pão, margarina e doces árabes como sobremesa. Talheres de plástico, mas de boa qualidade com complemento de chá ou café após a refeição. O serviço de bordo é bom, mas as comissárias não se mostraram muito cordiais. Não sei se pode ser influência da submissão religiosa, na qual os contatos não podem parecer muito íntimos, porém elas ficam devendo na atenção e na simpatia.
Cheguei à Riyad às 20:10, com 10 minutos de atraso, e já uma hora de avanço à Istambul. Como eu não tinha o visto saudita, não pude sair da área de embarque. Eu e a torcida do Corinthians. Pelo jeito, Riyad é conexão da empresa para vários destinos internacionais, praticamente todos para o leste, e o saguão estava cheio de gente retida no mesmo local.
Eu ficaria por lá durante 4 horas, mas havia gente que esperaria 12 horas. Para atenuar o conforto, a empresa serviu outra refeição, semelhante ao do primeiro voo. Porém, não tive como me conectar ao Wi-fi, pois apesar de o preço não ser muito caro (3 dólares a hora), eu hesitei em passar meu cartão de crédito em um país que não declarei à VISA como destino. Não queria arriscar eles me bloquearem o cartão. Eles não aceitavam dólares e meu VTM de segurança estava na bagagem despachada.
Sem internet, portanto, tive tempo para percorrer várias vezes o saguão, notando situações que você não encontra no mundo ocidental, como o local de lavagem dos pés dentro do banheiro e salas específicas de orações separadas por gênero, sem contar as vestimentas árabes, típicas em boa parte das pessoas que circulavam no local.
A segunda parte do vôo durou 4 horas e meia, e ocorreu em um Airbus A330 (esse sim). Já era um modelo mais antigo, sem telas individuais, mas bem conservado. Novamente, o voo saiu no horário, mas aterrissou com atraso, dessa vez de 20 minutos.
Os comentários das comissárias, cuja equipe era diferente, mantém-se o mesmo. Parece que é padrão da empresa mantê-las frias e distantes. O sistema de vídeo e áudio era similar, com fones melhores dessa vez. A refeição foi servida logo após a decolagem, e tinha a opção de cordeiro. Similar às demais, porém com uma sobremesa bem mais gostosa.
E como companhia, ao invés dos árabes e das mulheres de preto do primeiro vôo, milhões de indianos do meu lado, rindo, falando alto, batendo as pernas e irritando as comissárias. Sem Rolex.
A Saudia Airlines, portanto, é uma boa companhia, e sua maior virtude são as refeições. Aviões não são tão novos, mas bem conservados. E equipe de comissárias eficientes, mas que não deixarão você com um sorriso no rosto. Eu andaria de novo apenas se encontrar outro bilhete promocional.
Siga adiante na viagem com a chegada à Índia, em Chennai, e depois Mahabalipuram
Veja todas as fotos desse voo no Google Photos ou então, as melhores fotos tiradas da Turquia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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Você contando…
É realmente como vemos nos filmes, mulheres de preto sem nenhuma expressão,mas a comida parece boa….
André, tenho acompanhado seus relatos e mais uma vez venho deixar os parabéns pela riqueza de detalhes e a excelente escrita.
Good Trip!
Joice
🙂
Obrigado Joice!
Que experiência diferente heim! Bjos
Uma atrás da outra Maroca! Bjao!
Que legal suas percepções… digno de um reporter da Melhores Destinos e melhor. Boa viagem.
Obrigado! 🙂