Problemas com um orçamento familiar apertado

Sim, eu sei que fazer um orçamento familiar é importante. O problema maior é como praticá-lo no dia a dia. Há pessoas que seguem religiosamente uma planilha. Outras gostam dos apps moderninhos do celular. Outras, ainda, ficam confortáveis sabendo que possuem um salário razoável que permite bons aportes mensais e se fixam somente nesse valor, sem se importar em anotar e categorizar suas despesas.

Se eu tivesse um bom volume de aportes, acredito que estaria no último grupo. Mas como nos últimos anos não consegui guardar quase nada, preciso fazer uma lição de casa melhor. Estou tentando a primeira opção.

Como agir com um orçamento familiar apertado?

Usando a planilha eletrônica no orçamento familiar

Na verdade eu estava resistindo há tempos em usar alguma coisa. Eliminei inicialmente a opção dos apps de celular, principalmente porque a exportação de seus dados para outros meios é complicada. Imagine a gente salvar tanta coisa lá e de repente, o app parar de existir? Além disso, não confio nessa história de baixar extrato de conta corrente. Acho algo muito arriscado para a segurança bancária.

Eu tenho facilidade com o Excel. Uso-o regularmente no meu trabalho e achei que seria a melhor alternativa. Aqui no blog o André disponibilizou uma planilha legal que tenho usado nos últimos 3 meses para refletir sobre meus gastos.

O começo é mais complicado, pois precisamos categorizar os gastos: comer fora de casa é “refeição” ou “lazer”? Levar os filhos para um passeio em comemoração ao aniversário está na categoria “presentes” ou “lazer”+”gasolina”+refeições”? Mesmo que a teoria esteja estabelecida, enquanto não tivermos o hábito de classificar tudo no tempo certo, a categoria “outras despesas” fica enorme e não ajuda muito a entender para onde vai o dinheiro.

Isso porque é uma dificuldade criar uma rotina para começar a preencher um orçamento familiar, principalmente para macacos velhos como eu que nunca controlaram suas finanças. A memória se perde facilmente e o esforço para recuperá-la é imenso…

Corrigindo a melhorando alguns pontos…

Só quem começa a preencher uma planilha eletrônica percebe algumas dificuldades inerentes ao processo em mudar sua rotina. Um deles é criar o hábito. Com qual frequência devo atualizá-la?

A resposta certa é anotar a categoria correta num bloco de notas cada vez que usar o cartão de crédito ou dar dinheiro aos filhos ou esposa. Uso o Google Keep para isso. Se eu não fizer isso na hora, esquece… E, semanalmente, transportar tudo que está no Keep para a planinha de orçamento eletrônica.

Bons livros sobre rotina dizem que precisamos de um gatilho para lembrar de um compromisso. Escolhi o meu: o horário do programa do Luciano Huck!

Não sei porque raios a turma aqui gosta desse cara. Mas, se estivermos de bobeira, a TV está ligada e todo mundo lá em frente, apesar de todos com seu smartphone do lado. Como não curto, me recolho para fazer qualquer outra coisa. Pronto, encontrei o gatilho! Vou atualizar o orçamento familiar. Só volto lá se for para ver o final do Lata Velha.

Outra coisa que percebi para melhorar a eficiência da planilha eletrônica é parar de usar dinheiro em papel. Seu destino não fica registrado em lugar nenhum. Mesmo usando cartões de crédito há dificuldades: como lembrar a categoria de algo que você comprou no Mercado Livre? Ou nas Lojas Americanas? Na fatura aparece apenas o valor. Se não anotarmos antes, vai tudo para a categoria “outras despesas”, distorcendo a análise.

Não há outro jeito: tem de anotar na hora. Ao menos o cartão de crédito possui a vantagem de não esquecermos de anotar o valor total da despesa, o que ocorreria com o dinheiro em papel. Difícil, mas a criação desse hábito é necessário se quisermos levar isso a sério.

Decidi também que após essa quarentena vou abrir uma conta poupança para cada um dos filhos e transferir sua “mesada” eletronicamente, interrompendo o uso do dinheiro de papel. É também uma forma de criar condições para eles mesmos controlarem seu dinheiro.

Resultados do orçamento familiar até agora e próximos passos

Resultados mesmo, nada por enquanto. Mas cheguei a duas conclusões:

  • Profusão de gastos sem sentido: filhos pedem muitas bobagens. Bobagens, entretanto, que para eles são coisas “essenciais”. O duro aqui é mudar a cabecinha consumista deles. Onde já se viu uma menina de 12 anos ter 22 pares de calçados?…
  • Despesas que poderiam ser negociadas: desde contas de luz, onde poderíamos economizar muito (mais de R$ 400,00 mensais para 4 pessoas acho demais) até corte de TV a cabo, uma vez que eles já não assistem aqueles canais infantis da rede de programação. Aliás, agora só Netflix e Prime Video, que são muito mais baratos.

O próximo passo é controlar o orçamento familiar criando mais responsabilidades. Vou aumentar a mesada de cada um dos filhos. Vou implementar também uma mesada para a esposa. Para isso, vou, ao menos, completar dois meses de orçamento e ver o quanto gasto com cada um individualmente e depois vou reduzir em ao menos 10% para a mesada.

Aí, será com eles. Qualquer coisa individual deverá ser gasto com o dinheiro deles. Da minha conta, só vão sair despesas familiares, mais nada. E muitas delas serão negociadas, como a conta da TV a cabo.

Acredito que eles darão mais valor ao dinheiro e com isso, nossas despesas mensais cairão. Ao mesmo tempo, vou sugerir que um investimento pode possibilitar voos maiores no futuro. Falar sobre independência financeira? Não sei se estão prontos ainda para isso. Pode soar muito intangível.

Porém, talvez eles até gostem da nova responsabilidade de cada um gerenciar seu orçamento particular e ajudarem no orçamento familiar. Não sei se é a estratégia mais correta, mas é a única que vejo possível no momento. Estou, porém, de ouvidos abertos para pensar em outras sugestões.

A partir do final de março de 2020, esse blog passou a ter mais de um autor. Seu nome aparece sempre abaixo do título da postagem. Cuidado para não fazer confusão 🙂
Veja a nova ideia editorial e acesse seus perfis nessa página.

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ExpatriadoBR
3 anos atrás

Fala Bansir, tudo bem? Não sei se você já leu, mas se tiver a oportunidade, procure o livro o milionário mora ao lado. Ele fala sobre algumas das questões que já vi você abordar aqui, inclusive sobre como hábitos dos pais influenciam nos hábitos dos filhos. Não, uma menina de 12 anos não precisa de 22 pares de sapatos, mas seu pai ou sua mãe também não precisam. Eh necessário aprender a dizer não pras pessoas. Não pense que você veio nesse mundo para satisfazer todos os desejos da sua mulher e dos seus filhos, caso contrário você estará criando… Leia mais »

Diário de um Poupador
3 anos atrás

Eu gosto muito desse tipo de post, e foi inclusive aqui que aprendi o conceito de fluxo de caixa, o qual já utilizava, só não sabia o nome rsrs Eu faço tudo que você mencionou. Registro todos as despesas, e tento concatenar o que posso, sem perder o detalhamento essencial. Se vou ao supermercado e faço uma grande compra, eu só isolo as despesas que realmente não condigam com “Alimentação”. Tipo, mercado hoje vende de tudo, então separo se comprei panela, copo, toalha, itens pro carro, entre outros. O resto vai todo pra “Alimentação”. Isso aliviou muito meu trabalho. Na… Leia mais »

Cinthia
Cinthia
3 anos atrás

Já passei anos e anos da minha vida completando planilha de gastos (desde que comecei a trabalhar) e, para mim, nunca funcionou. Eu sabia para onde estava indo o dinheiro, mas na prática não fazia muita diferença. Hoje em dia faço o inverso, estabeleço que meu estilo de vida precisa caber na metade do meu salário. E a partir daí procurei aluguel que coubesse no orçamento, viagem que caiba no orçamento, carro que caiba no orçamento (tinha 2 na família fiquei com 1, morando perto do serviço). Com relação aos gastos de supermercado, gasolina, restaurante, estabeleço 600,00 por semana, por… Leia mais »

Bob
Bob
Reply to  Cinthia
3 anos atrás

Olá Cinthia,
Gostei de sua reflexão, muito “pé no chão”, me aproximei dela…
Sou aposentado da iniciativa privada. Logo, minha vida tem que se alinhar ao estilo “franciscano”… (hehehe)
Busca constante em ter:
1. CONHECIMENTO naquilo que propõe a fazer.
2. HABILIDADE para colocar em prática o seu conhecimento.
3. ATITUDE para juntar conhecimento e habilidade e executar a busca do objetivo.
Depois é só sair para o “cotovelaço”, no lugar do abraço!

Cinthia
Cinthia
Reply to  Bansir
3 anos atrás

Oi Bansir, então, sobre o marido acontece que temos a mesma conta conjunta (hehehe), com o tempo ele reduziu muito as compras, no início do casamento era aquela empolgação com produtos fitness, coisas de academia, relógios, depois fomos adotando um estilo de vida mais lowcarb (e aí a pessoa percebe que não precisa de suplementos), fui mostrando o quanto somar esses produtos ficava caro e tal (altas DRs), também fomos tendo um estilo de vida mais frugal. Confesso que, por um lado, nós dois temos um estilo de vida mais diferente do padrão e ele possui a mente aberta para… Leia mais »

John
John
3 anos atrás

Uma coisa que foi muito importante na minha infância é que meus pais não compravam coisas pra gente sempre que pedíamos. A criança começa a entender isso, mas os pais tem que ser firmes ‘you shall not pass’. Sobre controle dos gastos, acho muito importante ter essa visão. Você acaba cortando bobagens e aperta mais quando tem um gasto alto (eu espero acabar as parcelas de algo caro pra pensar se vou pra outra coisa cara, isso é fundamental pra segurar o ímpeto e nunca se descontrolar). Uso o App que olha o extrato, estou ciente de tudo a respeito… Leia mais »

Willy
Willy
3 anos atrás

Olá Bansir, Boa reflexão. Eu particularmente acho que todos nós devemos saber quanto ganhamos e quanto gastamos. Sem isto, fica muito vago saber onde melhorar, comparar determinadas despesas. Eu já tive muitas fases, até de controlar os centavos e querer classificar esta despesa. Ainda tenho a planilha, mas estou cada dia querendo simplificar as coisas, pois me via, ainda mais ocupado em lançar despesa por despesa e sinceramente acho tanto tempo investido que me rouba este tempo pra fazer algo mais produtivo para grandes mudanças na vida. Me explico com exemplos: i) hoje uso só cartão de crédito e eventualmente,… Leia mais »

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