Relato de viagem do sul da Alemanha (Bräulingen e arredores, Freiburg e Nuremberg), uma região de qualidade de vida impensável aos padrões que nos acostumamos a aceitar.
Esse post e o subsequente não estão em uma ordem cronológica, pois enquanto eu estava no sul da Alemanha, vindo de carona da Suíça, eu também fui um dia à França. Decidi, porém, escrever um post sobre o sul da Alemanha primeiro e posteriormente, escrever sobre as visitas na França e na Áustria, dividindo assim, os relatos por países.
Na Alemanha, fiquei hospedado todos os dias, exceto em Nuremberg, na casa de um grande amigo meu e sua esposa, que me proporcionaram excelentes dias de comilança, muitas cervejas especiais, altos papos e incríveis passeios. Fiquei em Bräulingen, mas visitei de bicicleta cidades vizinhas e, de carro, Freiburg durante uma noite. “Noite” somente em relação ao horário, pois aqui nessa época o sol se põe somente às 22:00hs. Não sentimos o tempo passar. Fiquei também uma noite em Nuremberg aproveitando uma carona, pois meu trem para a Áustria sairia de lá.
Bräunlingen é uma cidade com menos de 6.000 habitantes espalhados por todo o município, que possui extensas áreas rurais. A região central da cidade possui bem menos que isso, possivelmente uns 2.000 habitantes. De bicicleta, é possível andar em volta de toda a área urbana em 15 minutos. Bairros, casas e jardins de sonhos: as famílias parecem que competem qual delas tem o melhor jardim e as mais bonitas flores.
Essas impressões valem também para as cidades vizinhas que visitei de bicicleta, como Donaueschingen, Hüfingen, Döggingen e Unadingen. Em Hüfingen especialmente, cidade com menos de 7.000 habitantes, um dos bairros da cidade exalava aroma de flores, de tanto que os jardins das casas eram bem cuidados e repleto delas. Bem diferente de algumas cidades da Índia, por exemplo.
Todas possuem igrejas magníficas, construídas muitos séculos atrás e portais que nos remetem à Idade Média. Dentro delas, e também ao lado das rodovias, espaços exclusivos para bicicletas, que, ao menos nesse início de verão, são bem mais utilizadas do que os automóveis, embora as pequenas cidades são vazias na maior parte do tempo. Apenas as duas maiores cidades visitadas, Freiburg e Nuremberg, fogem à essa consideração e comentarei sobre ambas separadamente posteriormente.
Grandes áreas de agricultura se mesclam nas paisagens das pequenas cidades com grandes áreas da Floresta Negra, imortalizada no mundo todo pelos contos infantis dos Irmãos Grimm. Percorri muitas trilhas dentro da floresta (muitas atribuídas ao caminho de Jacó, que teria ido até Santiago de Compostela), seja correndo (ok, apenas um dia acompanhando o treino do meu amigo) ou de bicicleta, presenciando uma sensação de conto de fadas, com casinhas típicas europeias que apareciam em uma clareira (tipo a da bruxa de João e Maria ou dos sete anões) ou anunciando a chegada de um bairro na cidade.
Em um dia o GPS pregou-me uma peça, anunciando uma estrada que não existia e fiquei um tempinho perdido na floresta tentando achar o caminho de volta, necessitando atravessar um riozinho sem a ajuda de uma ponte e pedalando em cima de uma plantação que não consegui identificar do que era. Sem câmeras de segurança como Cingapura, menos mal…
Vaquinhas adornavam extensas áreas pelo caminho, pois a região é produtora de leite. Em um dia, fomos ver a ordenha automatizada das vacas em uma pequena indústria, mas a máquina tinha acabado de quebrar: pensem em vaquinhas desesperadas para desafogar o peso das tetas. Mas mesmo assim saímos com leite, pois existia um local de armazenamento, já gelado, onde podíamos encher nossas garrafas colocando algumas moedas em uma caixinha.
Em uma das cidades, Donaueschingen, existe um local considerado a nascente do Rio Danúbio, que banha várias capitais européias, como Viena, Brastislava, Budapeste e Belgrado. A nascente em si, denominada de Donauquelle, estava com seu entorno em reformas e consegui apenas tirar uma foto de longe.
Mais distante, eu alcancei o encontro dos rios Brigach e Breg que dão origem ao Danúbio, e fiquei um tempo no local, imaginando se seria possível por ali, em virtude da topografia, chegar em todas aquelas capitais. Donaueschingen era a maior cidade desse grupo que visitei sobre duas rodas, e oferecia uma infra-estrutura maior de comércio e compras.
Mas foi mesmo em Bräunlingen que revi grandes amigos mestres-cervejeiros, que, aproveitando uma viagem de negócios em Munich, foram visitar o casal de amigos, também mestres-cervejeiros, que me hospedaram. Junto com o pai de sua esposa, formamos então um grupo de 7 mestre-cervejeiros na mesma mesa de um bar. Algo difícil de acontecer. Entre todos, 4 foram companheiros da minha antiga empresa e foi muito bom revê-los depois de mais de 3 anos.
O sentimento de “revival” foi completo quando visitamos a micro-cervejaria da família, principalmente a área antiga, com tinas de cobre e tanques de fermentação abertos em uma “cellar”. Vou completar mais um pouco essa sensação na Bahia, onde revisitarei uma das plantas de minha antiga empresa antes de voltar a Campinas.
Freiburg já é uma cidade maior, de mais de 200.000 habitantes habitantes e possuía importância estratégica na Idade Média. Guarda uma catedral gótica fantástica com uma torre de 116 metros de altura, além de muitas grandes construções erguidas a partir do século XII.
A cidade, considerada a mais “quente” da Alemanha, é entrecortada por pequenos (pequenos mesmo, mas bem construídos) canais em quase todas as ruas, nos quais temos que ter atenção para não meter o pé na água, que no entanto, parece limpíssima.
Nuremberg, fundada no século XI, é uma cidade ainda maior (500.000 habitantes) e guarda uma área murada muito bem preservada, que abrigava a cidade original nos tempos medievais. Grande parte do muro de 4 km e dos portais da cidade estão de pé, a maioria reconstruídos após a segunda guerra mundial. O castelo Nuremberg, enorme e impressionante, repousa sobre uma das bordas da cidade velha e transporta o felizardo visitante para as épocas antigas da Idade Média.
A catedral gótica de Nuremberg possui um estilo fantástico e tem capacidade para 25.000 pessoas. Todas igrejas da região possuem estruturas muito altas. Percebe-se claramente que uma das formas de exigir respeito a Deus e ao sobrenatural era investir na altura das construções, como que a elevação aos céus resultasse em uma forma de alcançar a divindade. Caminhar ao lado das catedrais traz uma sensação com um quê de solene.
Nessa quase finalização da viagem nas cidadezinhas ao sul da Alemanha desacelerei totalmente. Pedalava praticamente todos os dias, mas ficava no máximo 5 horas fora de casa. Coloquei muitas leituras atrasadas em dia, consegui escrever alguns posts no blog e arrumar algumas fotos, além de deixar meu novo laptop pronto para uso, transferindo todos meus arquivos, instalando os programas necessários e colocando tudo que era importante na nuvem. Além de claro, aprender a mexer com as funcionalidades do Windows 8.
Até tentei jogar Lara Croft no PlayStation 3, mas fui um fracasso total. Senti-me em casa com toda a liberdade e atenção que meus amigos me proporcionaram. Conversamos muito sobre política e economia, tendo como pano de fundo os protestos que estavam acontecendo no Brasil no últimos dias. Até engordei um quilo, mesmo com todas as andanças de bike, mas que devo ter perdido nos dias subsequentes, pois retornei a uma correria final.
No final da viagem a mente não nos deixa opções: nossos pensamentos começam a voltar para a vida normal e esses dias me proporcionaram um ritmo que possibilitasse a me habituar novamente com a verdadeira realidade de se viver no Brasil.
Próxima parada: França e Áustria
Veja mais fotos do sul da Alemanha no Google Photos. Ou então, as melhores fotos do sul da Europa (Alemanha, França, Zurique e Salzburg) no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
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