Relato de viagem à tranquila cidade de Hue na região central do Vietnã. O destaque fica por conta de sua grande cidadela da dinastia Nguyễn às margens do Rio Perfume.
O ônibus noturno vindo de Hanói chegou na cidade de Hue por volta das 8 horas da manhã. As estradas no Vietnã, ao menos as principais, parecem um pouco melhores do que as do Camboja e Laos, fato que me permitiu dormir bem no ônibus. Não havia reservado hotel na cidade, e aceitei o convite de um grupo canadense para checar o único hostel da cidade, que elas haviam feito reserva.
Decidi ficar por lá mesmo. Como o check-in ocorreria apenas às 11 horas e o sinal de internet estava péssimo, saí para andar um pouco pelas adjacências e deparei-me com uma cidade bem menor do que Hanói, com menos pressa e pessoas mais gentis, mesmo na técnica de abordagem dos turistas pela rua.
Sendo uma cidade mais voltada para os estrangeiros, existem menos locais que caracterizam os hábitos do país, como as mesas e cadeiras de bonecas, principalmente na parte turística, recheada com restaurantes de todos os tipos e bem mais caros que a média local. Mas mesmo assim, é difícil encontrar algum prato por mais de 6 ou 7 reais. E esses são os mais caros, com camarões ou frutos do mar. Viver no Vietnã de fato é muito barato.
A cidade de Hue possui uma situação histórica ímpar no país. Ela foi o centro imperial da dinastia Nguyễn, que governou a região de 1802 a 1945, quando foi vencida pelas forças comunistas de Ho Chi Minh. O maior sítio legado pelo império foi a cidade velha e a Cidadela, na margem norte do Rio Perfume. A construção é imensa e originalmente possuía em seu entorno muralhas com um comprimento total de 10km, cercada por um fosso de 4 metros de profundidade e 10 portões fortificados. Grande parte da população reside na área.
Dentro dessa grande área, existe a cidadela menor, centro principal do antigo império, onde todos as muralhas estão preservadas e ocorre a visitação turística paga. Dentro dessa perímetro de muralhas de 6 metros de altura com um comprimento total de 2,5km, encontram-se palácios, templos, pavilhões, mercados, teatro, museus e galerias, em um ambiente onde é proibido a circulação de veículos motorizados, fornecendo uma paz única nas longas caminhadas possíveis de serem realizadas.
Aparenta uma real cidade, com ruas internas construídas em quadriláteros e muros em cada quarteirão guardando as construções. A área, infelizmente, ficou abandonada durante algumas décadas e nota-se que em muitos quarteirões as construções estão bem comprometidas ou nem mesmo existem mais. Em outros, porém, sobrevivem com um esplendor que possui uma áurea chinesa, em função da influência que essa cultura exerceu no Vietnã em séculos passados.
No mesmo dia, via site dos mochileiros.com, recebi um e-mail de uma brasileira que coincidentemente estava na cidade e ia na manhã seguinte para Hoi An, uma cidade ao sul do país. Jantamos juntos na companhia de um malaio em um restaurante local. A especialidade da cidade é o bún bò Huế, com noodles feitos de arroz e mais grossos do que o phở, mais consumido em Hanói e preparado conforme essa receita. Inclui carne de vaca, verduras e temperos que lembram capim-cidreira.
A cerveja é barata, cerca de 1,5 a 2 reais a garrafa. De noite, a iluminação da ponte principal e de algumas construções deixa a cidade com um ar cosmopolita e agradável. Seguindo a tradição vietnamesa das cores, a iluminação da ponte muda de cor constantemente, assim como alguns prédios e restaurantes seguem o mesmo padrão. O movimento da cidade dilui-se cedo, entretanto, levando ao desligamento de todas as luzes de decoração às 22:00hs.
No dia seguinte fui conhecer a Dieu De National Pagoda construída em 1841, a National School, famosa escola secundária onde estudaram muitas personalidades vietnamitas e uma bonita e diferente catedral (Phu Cam Cathedral), além de claro, aproveitar para andar pelas ruas e sentir o modo de vida das pessoas.
Pela primeira vez no Vietnã, fui em um grande supermercado ao final da tarde para comprar algumas coisas para comer entre as refeições. É um ótimo lugar para checar também os sobrepreços que cobram da gente nas esquinas da área turística. Nas esquinas, percebe-se que os preços de biscoitos, snacks e chocolates que são vendidos alcançam o dobro do preço real, mesmo ainda que baratos para os padrões brasileiros. Imagina-se quanto é o preço nos supermercados…
Mais tarde, encontrei-me com duas colegas do Couchsurfing que moram na cidade, e fomos em primeiro lugar tomar uma Bia hơi, cerveja fraca e meio aguada, típica do Vietnã. É produzida diariamente em containers, não é monitorada pela agência de saúde e custa uma fração do preço das cervejas engarrafadas, que já são baratas. Equivale a 50 centavos de real por caneca. Acredito que tenha menos de 3% de álcool e cerca de 7º de extrato original. Não, não é um primor de cerveja, mas para refrescar durante o calor daqui (e por esse preço) está valendo. Ainda mil vezes melhor do que um refrigerante. O padrão, entretanto, varia muito em relação ao local, como percebi depois nas próximas cidades.
Posteriormente, esperamos uma amiga delas também do couchsurfing, mas francesa, para jantarmos. Fomos a uma das barracas tradicionais da cidade, onde todos os clientes são vietnamitas. De estrangeiros, apenas eu e a francesa. E comi a melhor refeição que tinha comido na cidade, embora tenha vindo com um pouco de pimenta a mais. Arroz, salada, um bom bife e brotos de feijão por R$1,50. Coisa de louco… A noite de vivência local ainda não tinha acabado. Fomos a outras barracas de sobremesas, e comemos uns bolinhos fritos, surpreendentemente doces.
Um deles parecia nossos bolinhos de chuva, e tinha outros com banana dentro. Para completar a noite, paramos em um show de música pop vietnamita, promovido na cidade pela Yamaha. Pelo que comentaram, todos que estiveram no palco são astros no país e eram admirados por muitos, embora a expressão da emoção é mais contida aqui do que no Brasil. Porém, quando o Justin Bieber local apareceu ao final do show, alguns grupos de meninas não contiveram os gritinhos. A contenção da emoção só vai mesmo até onde uma causa possa atingir seu limiar. E, para tudo, sempre existe uma causa que pode atingir qualquer limiar…
Próxima parada: rápida visita por Da Nang: modernidade no Vietnã.
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As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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