Da calma das ilhas de Don Det para a calma capital do país, Vientiane, passando por Pakse. Belas avenidas, templos na praça do Pha That Luang e o COPE.
Saí de Don Det meio zen, com uma sensação fantástica de relaxamento, mas sentindo também que nos últimos 3 dias a vida passou e eu não acompanhei.
Mas conclui também que necessitar estar a par de tudo é uma consequência da vida contemporânea, algo como uma doença moderna, e isso pode não ser bom. Considerei dar uma desacelerada nas leituras, nos trabalhos, no blog e no facebook. Porém, a capital do país, Vientiane, não ajudou muito nessa resolução pessoal.
É uma cidade agradável, mas não possui muitas atrações. Além disso, o calor não permitia aproveitar a caminhada de uma forma prazerosa. Acabei ficando mais tempo no ar condicionado do que imaginei. Mas por outro lado, algumas amizades que fiz no hostel ajudaram-me a manter parcialmente meu compromisso nessa desaceleração! E com uma cervejinha barata (e bem razoável) toda noite! 🙂
Na viagem de ônibus de Don Det a Vientiane, passamos por Pakse, e tivemos que esperar por mais de cinco horas o novo ônibus que nos levaria à capital do Laos. Andamos um pouco pela cidade, passamos por um templo bem interessante, com pinturas da vida de Buda que eu ainda não tinha visto (e percebi posteriormente que aqui nos templos do Laos essas pinturas são comuns), mas foi só.
O ônibus que nos levou à Vientiane era leito e consegui dormir de forma razoável, apesar de perceber que a estrada era péssima. Na capital seguimos para um hostel sugerido por um alemão que conheci na viagem e nos estabelecemos. A cidade ainda não estava tão quente e não parecia que nesses próximos 3 dias a temperatura chegaria a 40ºC, tornando simples caminhadas em penosos desafios.
Vientiane me pareceu uma cidade muito bem ajeitada para outro dos países mais pobres do mundo. Surpreendeu-me, assim como a Phnom Penh. Boulevares, bons calçamentos nas ruas, bem limpa em toda a área central, mas com um ar um tanto carregado de poeira. Porém, essa poeira não vem principalmente de ruas sem asfalto, mas sim do banco de areia que o Rio Mekong, na estação seca, deixa exposto em função da diminuição da altura do seu leito. A paisagem impressiona.
Do boulevard até às margens do rio, nessa estação, existe uma distância de aproximadamente 400 metros, formada por terra bem seca, que flutua pela cidade ao sabor do vento. Logo depois avista-se o rio, margeando ao sul a cidade tailandesa de Si Chiang Mai. Vem logo à cabeça como os ciclos influenciam a história. Tanto os longos ciclos da natureza, reconhecidos mirando-se, por exemplo, nessa paisagem, como os ciclos curtos, apreciando esse pôr do sol!
A cidade mantém uma vida de aspecto praiano em função do rio, assim como Phnom Penh. Os jardins que margeiam o curso d´água estão sempre ocupados pela população local, que se misturam entre várias atividades como acompanhar as crianças pelos brinquedos dos parques, participar de uma aula de aeróbica ao entardecer, correr ou caminhar, passear pelo night market, cujas barracas começam a ser montadas após às 5 horas da tarde, enfim, um local de total socialização, que não deve nada aos calçadões das cidades praianas brasileiras.
Lembra-me muito João Pessoa do começo do século, no sentido de que a cidade, apesar de relativamente grande (cerca de 700 mil habitantes, embora menos da metade disso more na região central), ainda guarda ares de cidade mais interiorana, com um trânsito calmo, com prédios baixos (exceto por um hotel, não vi edifícios maiores do que 10 andares, mesmo comerciais) e um ar de que não pretende alterar a situação. Há poucas construções na cidade e nenhuma alterará esse padrão.
Turisticamente, a cidade não possui muitas locais de visitação. O principal é o Pha That Luang, um dos mais importantes monumentos budistas no país, localizado em uma imensa e bonita praça com muitos templos ao redor, sendo o principal à sua direita, o Wat Thattluang Neua, com bonitas pinturas da vida de Buda no seu interior.
O Victoria Gate, monumento que procura se assemelhar ao Arco do Triunfo de Paris, mas com arquitetura própria, antecede um belo boulevard com fontes e bem cuidados jardins. Os monumentos públicos, sempre construídos claro, com dinheiro público e com a ineficiência que faz parte dos Estados, são uma grande atração arquitetônica, cujas linhas assemelham-se muito das construções tailandesas.
A cidade possui ainda muitos grandes templos. Apenas num raio de 1km do hostel que fiquei, existiam pelo menos 10 deles. E muitos deles abrigam escolas de meditação e residências para os monges, que misturam-se no dia a dia da cidade de forma muito frequente, com sua tradicional vestimenta laranja.
Uma atração não muito conhecida na cidade, mas que gostei muito de conhecer é o COPE (Cooperative Orthotic and Prosthetic Enterprise), organização que providencia reabilitação através de órteses e próteses para pessoas que sofreram acidentes através de munições explosivas, como minas e bombas.
O Laos foi um dos países mais bombardeados no mundo durante a Guerra do Vietnã (falam-se em dois milhões de toneladas de bombas) e muitos artefatos não explodiram durante a queda, mas vieram a causar muitos acidentes posteriormente. A população do país possui uma das maiores incidências de amputações de membros no mundo e essa organização, financiada por ONGs internacionais, procura oferecer condições melhores para as vítimas. Eles mantém um museu com muitos vídeos e histórias sobre a guerra e suas consequências posteriores para a população. Muito enriquecedor!
De Vientiane comprei uma passagem de ônibus leito para Luang Prabang, meu último destino no Laos. O ônibus impressionou pelo conforto. O transporte rodoviário no Laos é caro para os padrões asiáticos, mas os veículos tem um nível surpreendente de conforto. O que estraga são as estradas, que dificultam ao máximo seu sono.
Próxima parada: a mítica Luang Prabang, antiga capital do Laos.
Veja todas as fotos de Pakse e Vientiane no Google Photos ou então, as melhores fotos do Sudeste Asiático no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
… assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
… ler sobre um resumo de minha história
… ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
… participar de um papo de boteco
… curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.
E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?
Artigos mais recentes:
- Atualização da rentabilidade dos FoFs acompanhados
- Rentabilidade de todas as carteiras – atualização de novembro
- Rentabilidades das carteiras ativa e passiva – atualização
- Atualização das rentabilidades das carteiras de ETFs
Parabéns filho, você é de muita clareza na suas descrições!!! Continuo a viajar com você, conhecendo coisas e países e se deliciando com tudo, boa viagem filho, e que as forças do bem te acompanhe sempre bjs
🙂