ETFs: Uma Análise Comparativa de Rentabilidade

Não é a primeira vez que esse blog cede espaço para postagens de convidados. O Vitor Melo estreou seu blog Riqueza Sustentável há pouco tempo e trouxe um conteúdo especial de um assunto bem debatido por aqui. Ele compartilhará uma análise aprofundada sobre os ETFs de renda fixa e variável, um tema essencial para quem busca otimizar seus investimentos. Posteriormente, vale conhecer seu blog, pois ultimamente, não são muito os aventureiros nessa seara atualmente 🙂

A ascensão dos Exchange Traded Funds (ETFs) no Brasil transformou o cenário de investimentos, oferecendo aos investidores acesso fácil e diversificado a diversos mercados. Refletindo essa tendência, O André já escreveu que está gradualmente aumentando o peso de sua carteira de ETFs nesse texto, e pretende manter o ritmo. Ao agirem como fundos de investimento que replicam um índice de referência e negociados em bolsa como ações, os ETFs mantém uma atividade crescente na medida que democratizaram a diversificação e simplificaram estratégias de alocação de ativos.

No entanto, a escolha entre um ETF de renda fixa, um de renda variável, ou mesmo uma combinação de ambos, não é trivial. Para tomar uma decisão informada, é crucial entender as características de cada um e como eles se comportam em diferentes cenários econômicos. Este artigo mergulha na rentabilidade, nos riscos e nas peculiaridades operacionais de ambos, usando dados do mercado brasileiro para fornecer um guia completo.

O Que São ETFs e Suas Duas Faces

ETFs são fundos passivos com o objetivo de espelhar o desempenho de um índice. Essa gestão passiva se traduz em taxas de administração geralmente mais baixas, o que os torna uma alternativa atraente para fundos de gestão ativa.

No Brasil, os ETFs podem ser divididos em duas grandes categorias:

  • ETFs de Renda Variável: Eles replicam índices de ações, como o Ibovespa (BOVA11) ou S&P 500 (IVVB11), e são a escolha para quem busca potencial de alto crescimento e aceita a volatilidade.
  • ETFs de Renda Fixa: Estes fundos investem em títulos de dívida, como títulos públicos (B5P211) ou debêntures (DEBB11), com o objetivo de oferecer retornos mais previsíveis e estáveis. Embora os ativos subjacentes sejam de renda fixa, o ETF em si é negociado em bolsa, o que significa que seu preço de mercado pode flutuar com a oferta e a demanda, adicionando uma camada de volatilidade.

Rentabilidade Histórica: Potencial de Crescimento vs. Estabilidade

A análise de performance ao longo do tempo revela uma clara distinção entre as duas classes.

A Força da Renda Variável

Os ETFs de renda variável, como o IVVB11, que replica o S&P 500, exemplificam o potencial de crescimento de longo prazo. Dados recentes mostram a rentabilidade acumulada desse ETF em diferentes períodos, destacando seu desempenho superior:

Janela de TempoIVVB11 (Rentabilidade Nominal)IVVB11 (Rentabilidade Real)
1 Mês3,99%3,47%
1 Ano61,91%47,59%
5 Anos425,69%211,65%

O IVVB11 superou o desempenho de índices locais em um período de cinco anos. Um investimento de R$ 1.000 no ETF resultaria em R$ 2.141,90, enquanto o mesmo valor investido no Ibovespa renderia R$ 1.327,60 e no CDI, R$ 1.598,80. Essa rentabilidade real, ajustada pela inflação, demonstra um ganho significativo no poder de compra do investidor.

O ETF BOVA11, que acompanha o Ibovespa, também mostrou um retorno expressivo, com uma rentabilidade acumulada de mais de 195% desde seu lançamento em 2008. A volatilidade inerente a esses ETFs pode ser um risco no curto prazo, mas para investidores que adotam estratégias como “buy and hold” (comprar e manter) ou “dollar-cost averaging” (DCA), ela pode se tornar uma oportunidade para acumular cotas a preços mais baixos.

A Previsibilidade da Renda Fixa

Os ETFs de renda fixa, por sua vez, são valorizados pela sua previsibilidade e pela capacidade de proteger o capital contra a inflação. O B5P211, que acompanha títulos públicos com vencimento inferior a 5 anos, teve uma rentabilidade real (acima do IPCA) de 2,88% em um ano e 6,50% em dois anos. Isso confirma sua eficácia como uma ferramenta para preservar o poder de compra.

O FIXA11, que investe em títulos públicos prefixados, teve uma rentabilidade de 8,60% em 12 meses, com uma volatilidade de 5,83% no mesmo período. É importante notar que, embora mais estáveis, esses ETFs não estão isentos de flutuações e podem registrar retornos negativos em determinados meses, o que reforça o fato de que são negociados no ambiente de renda variável da bolsa.

Renatabilidade dos ETFs de renda fixa e renda variável

O gráfico ilustra visualmente a diferença de comportamento entre os ativos. O IVVB11 (linha vermelha) demonstra um potencial de crescimento e volatilidade acentuadamente maiores, descolando-se dos demais a partir de 2022. Em contrapartida, os ETFs de renda fixa (B5P211 e FIXA11) e o DI (linha azul clara) apresentam uma trajetória mais estável e com menor variação, reforçando a discussão sobre o perfil de risco e retorno de cada modalidade.

O Impacto dos Fatores Macroeconômicos

O desempenho de ambos os tipos de ETFs está diretamente ligado aos ciclos macroeconômicos, com a taxa Selic e a inflação desempenhando papéis cruciais.

A Taxa Selic e Seus Efeitos Contrários

A relação entre a taxa Selic e os mercados de ETFs é, em grande parte, antagônica. Quando a

Selic sobe, os investimentos de renda fixa se tornam mais atrativos, desviando o capital da bolsa e impactando negativamente os ETFs de renda variável. Estudos sugerem que para cada 1% de aumento na Selic, o Ibovespa pode cair aproximadamente 1.000 pontos. No entanto, outros fatores, como balanços corporativos positivos, podem mitigar esse efeito.

Para os ETFs de renda fixa, o cenário é oposto. A alta da Selic torna os títulos de dívida mais rentáveis, o que pode criar oportunidades para estratégias que se beneficiam da expectativa de futuras quedas da taxa.

A Inflação como Protetora

A inflação é um risco para a rentabilidade real de qualquer investimento, mas a maneira como os ETFs a enfrentam difere. Os ETFs de renda fixa atrelados ao IPCA, como o B5P211, oferecem uma proteção direta, pois seu rendimento é a soma da variação da inflação com uma taxa de juros fixa. Já para os ETFs de renda variável, a proteção é mais indireta e especulativa. A inflação pode levar ao aumento dos juros, que deprime o mercado acionário, tornando o desempenho imprevisível. No entanto, empresas que conseguem repassar custos para o consumidor podem se beneficiar.

Custos e Liquidez: Fatores Críticos para a Performance

Ao comparar ETFs, é essencial ir além da rentabilidade bruta e analisar os custos e a liquidez.

  • Taxa de Administração: Embora geralmente baixas, as taxas de administração impactam a rentabilidade líquida. Seu efeito é cumulativo e mais perceptível no longo prazo, pois consome uma parte dos juros compostos que poderiam estar sendo reinvestidos.
  • Liquidez: A liquidez, ou a facilidade de comprar e vender um ativo, é crucial. ETFs de renda variável populares, como o BOVA11, têm volumes de negociação diários na casa dos milhões e bilhões de reais. Essa alta liquidez garante spreads (diferença entre preço de compra e venda) menores, o que reduz o custo de transação. Em contraste, a maioria dos ETFs de renda fixa apresenta volumes diários mais baixos, o que pode resultar em spreads mais amplos e um custo oculto para o investidor.
  • Vantagens Tributárias: ETFs de renda fixa têm uma vantagem tributária notável. Eles são tributados em 15% sobre o ganho de capital, independentemente do prazo, e, o mais importante, não são sujeitos ao mecanismo do “come-cotas”. Isso permite que o capital permaneça totalmente investido, maximizando o efeito dos juros compostos.
ETFs: Uma Análise Comparativa de Rentabilidade 1

Conclusão: Uma Abordagem Híbrida

A análise comparativa deixa claro que não existe uma única “melhor” opção. A escolha ideal depende do perfil e dos objetivos do investidor.

A melhor estratégia, portanto, é a diversificação. A combinação de ETFs de renda fixa e renda variável permite ao investidor equilibrar o potencial de crescimento de longo prazo com a estabilidade de curto prazo, otimizando o retorno ajustado ao risco e protegendo a carteira em diferentes ciclos econômicos.

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