A viagem à capital Bangkok e à antiga capital da Tailândia, Ayutthaya. Muitos Budas, Muay-thai e a primeira experiência completa com os amigos do Couchsurfing.
Fiquei quase uma semana em Bangkok antes de ir à Ayutthaya, passando pela primeira vez pela experiência do “Couchsurfing”, grupo formado por pessoas que disponibilizam suas casas para a hospedagem de viajantes. Em geral, o anfitrião limita-se a hospedar uma ou duas pessoas, mas aqui, meu anfitrião em particular agia de forma diferente e curiosa. Ele possui uma casa de dois andares com quatro quartos disponíveis e várias camas e colchões. E fazia da casa dele um hostel. Em uma noite dormiram 9 pessoas lá dentro.
Sim, é um caso especial, mas achei bom, pois pude conhecer várias pessoas simultaneamente e mais sobre o couchsurfing nesse intervalo em Bangkok. Há relatos de experiências positivas em sua maioria, embora algumas pessoas tivessem passado por algumas situações meio desagradáveis em outros locais. De qualquer forma, a experiência valeu a pena e abriu novos horizontes para o futuro.
A cidade de Bangkok assemelha-se muito a uma grande cidade brasileira e foi um marco para a volta à civilização após os últimos 45 dias na Índia e Nepal. Não comento isso em tom depreciativo em relação aos últimos países, mas sim pela presença de algum conforto a qual estamos acostumados no Brasil. A energia elétrica está sempre presente, não existe ruas de terra e poeira nas regiões centrais (embora há considerável poluição veicular), em todo lugar existem supermercados e padarias onde pode-se comprar coisas gostosas para beliscar e lugares bonitos e agradáveis para descansar.
Bangkok tornou-se especial, no entanto, pois evidencia uma perspectiva oriental que não estamos acostumados a ver no Ocidente. Pela primeira vez, estou em um país predominantemente budista. E a quantidade de templos budistas na cidade é algo imenso. Muito maior do que as igrejas (católicas e protestantes somadas) que existem nas cidades do Brasil. Templos de todos os tipos de luxo, tamanho e na quantidade de imagens de Buda, como era a antiga capital, Ayutthaya, antes de sua destruição. Possui o mesmo padrão geral de arquitetura, mas alguns possuem detalhes impressionantes, que os destacam entre os demais.
Outra característica da cidade é o culto à família real. A cidade divulga suas imagens em grandes cartazes nas ruas, em frente de todos os edifícios públicos como delegacias, hospitais, universidades, entre outros. Acho totalmente “non-sense” esse tipo de culto à pessoas cujo único mérito é ter apenas nascido no tempo e no lugar certo. Admirar pessoas que tiveram uma vida com realizações interessantes é uma coisa, e existem muitos exemplos pelos quais nutro admiração. Mas cultuar família real ou, no caso do Ocidente, políticos, é uma característica de pessoas que pararam no tempo. Completa inversão da meritocracia. Bom… como dizia um amigo meu, cada um com seu cada um…
No primeiro dia em Bangkok fomos ver um campeonato de Muay-Thai, que ocorre em uma arena todas as quartas-feiras, próximo a um grande shopping-center. A luta é o esporte nacional do país e atrai muitos expectadores. Chega a ser até mais violento do que o box, em função dos golpes com os membros inferiores, e existem competidores de ambos os sexos.
Posteriormente após uma janta antecipada, fomos a uma reunião do grupo do couchsurfing em Bangkok, no qual o meu anfitrião era um dos organizadores. Cerca de 50 pessoas estavam presentes e entre uma cerveja e outra, conheci um pouco mais do sistema de disponibilização de sofás pelo mundo. Os próximos dois dias foram reservados para passeios em regiões de atração turística.
Para chegar ao primeiro local, eu e um colega suíço fomos de barco pelo Rio Chao Phraya, que corta à cidade. É um meio de transporte eficiente, pois não é afetado pelo caótico trânsito da cidade, e como bônus, presencia-se uma visão privilegiada. Os tailandeses o usam na prática, como um ônibus fluvial para sua locomoção.
Comprei o ingresso para o Grande Palácio. Um ingresso caro para os padrões da cidade, no mesmo nível do Taj Mahal em Agra, mas que além dos muros do palácio, lhe dá o direito à entrada no Anantasamakhom Throne Hall, que comento depois. O Grande Palácio é na verdade um complexo de construções em uma grande área com mais de 200 anos de história e que foi usado como residência dos reis do país e palco de grandes cerimônias oficiais durante os últimos tempos. Abriga em sua área o Wat Phra Kaew (Wat = templo), considerado o mais sagrado templo budista na Tailândia, que não permite fotos em seu interior. O lugar é magnífico, muito bem conservado e mostra muito bem o estilo de construção tailandês que vigorou nos últimos dois séculos.
Após essa visita e almoço, visitei o Wat Pho, que também é um complexo de construções imenso, o que o faz o maior templo de Bangkok, possuindo em sua área mais de 1000 estátuas de Buda. A maior e mais significante para o visitante é a enorme e dourada estátua do Buda deitado, com 46 metros de comprimento por 15 de altura.
Posteriormente, fomos ao templo Wat Arun do outro lado do rio, que possui uma construção ornamentada por porcelanas chinesas e era a mais alta estrutura em Bangkok antes da construção dos arranha-céus. É possível subir uma escadaria íngreme até pouco acima de sua metade e ter uma visão panorâmica da cidade.
De volta ao velho centro, andamos pela famosa Khao San Road, local de hospedagem da maioria dos mochileiros na cidade, com centenas de hotéis e guest-houses, restaurantes e milhares de vendedores de rua com todos os produtos que você imaginar, até escorpiões fritos. Essa experiência eu deixei para uma próxima viagem.
Em outro dia de passeio fui visitar pela manhã o Wat Benchamabophit, templo de mármore branco que considerei um dos mais bonitos que vi na capital, e o Anantasamakhom Throne Hall, local que disponibiliza a entrada mediante o ingresso do Grande Palácio, que foi uma experiência fascinante: um dos lugares mais belos que já entrei.
É uma pena que as fotos sejam proibidas. Levam tão a sério essa proibição que disponibilizam armários com cadeados para deixar seus pertences e as pessoas são revistadas antes da entrada. Câmeras e celulares também proibidos.
O local, foi construído em 1906, e em conjunto com o museu em anexo, ainda recebe certas reuniões de chefe de Estado em suas alas. Os detalhes das pinturas e do painel escavado em madeira são impressionantes, e junto com o esmero com que conservam o local, torna-o imperdível para quem visita a cidade. Mas, comparativamente ao Grande Palácio, o Anantasamakhom é um pouco negligenciado e fica fora dos grandes roteiros turísticos, pois não fica no velho centro da cidade. Uma pena, pois considero um local para não ser esquecido para quem visita a cidade.
O dia prosseguiu, entre um smotthie e outro (delícia de Bangkok) com uma longa caminhada pela cidade, na área dos suntuosos prédios públicos, residências dos parlamentares e palácios de recepção de chefes de Estado, que ficam em um imenso quarteirão cercados por fontes imersas em um pequeno curso de água canalizado na cidade.
No monumento da Vitória, ponto de confluência de grandes avenidas, notam-se algumas soluções urbanísticas que a cidade adotou para atenuar o problema do trânsito e oferecer mais conforto aos pedestres. Em vários pontos há uma cidade “suspensa”, acima do nível das ruas, interligada com as estações do BTS, ou Sky-train, trem elevado que cruza algumas regiões da cidade. Todas as grandes redes de shopping-center e lojas possuem entradas elevadas diretamente para essas passarelas, evitando que se tenha que descer para a rua novamente. Teoricamente, a pessoa pode, após tomar o sky-train, fazer compras, ir ao cinema, jantar em um restaurante e voltar para a casa sem colocar os pés na rua. Solução interessante. O ponto negativo é a poluição visual para quem está no nível da rua enquanto olha para cima. Fica uma imagem pesada, perde-se o céu e trava a sensação de liberdade.
Em um dia aproveitei para trabalhar um pouco pela manhã e pela tarde fui experimentar uma massagem tailandesa. O serviço dura uma ou duas horas e tem toda uma técnica de pressão de pontos específicos, alongamentos e ações nas articulações. Como postei anteriormente no Facebook, nunca pensei que em alguns momentos pudesse doer tanto, nunca pensei que minhas articulações pudessem crepitar tanto e nunca pensei que pudesse revigorar tanto o corpo no resto do dia. Bom fazer a massagem no país de origem e ainda potencializada, pois fiz em um local frequentado apenas pelos próprios tailandeses, evitando influências ocidentais.
Posteriormente, emprestei a bicicleta de meu anfitrião para dar uma volta no bairro que ele mora. É um bairro tranquilo no norte da cidade cujas ruas não possuem saída ao fundo, o que faz com que o fluxo de carros seja bem reduzido. Possui vários locais para jantar na entrada da rua principal, onde fomos em grupo experimentar a comida local e tomar algumas cervejas, que aqui são bem mais baratas do que o Nepal ou Índia, embora ainda um pouco mais caras que no Brasil. Mas foi a única coisa que achei comparativamente mais cara ao nosso país. Todo o resto, incluindo comidas, transportes e roupas, é bem mais em conta.
No Domingo reunimos mais de 10 pessoas e fomos à Ko Kret, uma ilha ao norte caminhar e almoçar. A ilha é bem urbanizada na verdade, com muito artesanato local e muitos, muitos quitutes para serem experimentados. Foi mais uma visita cultural do que uma apreciação da natureza. Presenciamos ainda muitos templos, um funeral budista e uma apresentação escolar de crianças. Após voltar à casa e descansar um pouco, fechamos o dia em uma pizzaria no shopping center próximo para fortalecermos mais os laços, pois no dia seguinte, muitas pessoas partiriam logo cedo, inclusive eu.
Minha próxima jornada foi pegar um trem para a antiga capital da Tailândia, Ayutthaya, distante quase 2 horas de Bangkok. Ayutthaya foi fundada em 1350 e foi capital do império de Sião por longos anos. No ano de 1700 possuía 1 milhão de habitantes e era uma das cidades mais populosas do mundo. Muitos mercadores relataram à época que era uma das cidades mais belas que tinham visitado. A cidade foi completamente queimada em 1767 após a invasão burma.
Chegando em Ayutthaya, segui as dicas que recebi e aluguei uma bike. A cidade é plana e fácil de ser visitada, e na Tailândia os bikers possuem as facilidades dos pedestres (podem entrar em qualquer lugar) e são respeitados pelos motoristas. O que prejudica um pouco é o calor. Todos os dias em que passei no país até então a temperatura passou de 30ºC durante o dia.
A cidade é riquíssima em templos em ruínas. Alguns melhor conservados, outros nem tanto. Mas existem dezenas de sítios arqueológicos em uma pequena área da cidade, o que demonstra um real esplendor no passado.
Um pouco mais afastado, está o Wat Phu Khao Thong, completamente alvo e permitindo uma visão panorâmica da antiga capital e o Wat Phra Mane, o único que não foi atingido pelo incêndio no século XVIII.
Alcancei mais adiante a igreja católica Saint Joseph, herança da cultura de uma breve assentamento português na cidade, na época das grandes batalhas pelo seu domínio. E finalizei ao final da tarde no parque do sítio arqueológico antes de devolver a bike para o locador. Após a janta, descobri que existe uma boa internet gratuita na estação ferroviária e fiquei lá até o trem noturno para Chiang-Mai chegar.
Continue pela Tailândia, lendo sobre a cidade de Chiang Mai.
Veja todas as fotos de Bangkok e Ayutthaya no Google Photos ou então, as melhores fotos da Tailândia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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Nossa…Qta informação…parece que vc passou por tudo isso tão rapidamente! saudades! bjos
Preciso condensar Maroca… senão ninguém lê haha
Saudades de vdc tb!
Bjus!
Que viagem filho!!!! com certeza será inesquecível e esse blog nos lembrará para sempre…bjs
Que viagem filho!!!! com certeza será inesquecível e esse blog nos lembrará para sempre…bjs
Este comentário foi removido pelo autor.
Texto lindo e perfeito como sempre: Um pouco de História, Geografia, Cultura dos povos e Filosofia… Nada passa despercebido para você e é por isso, que faz com que possamos te acompanhar nesta viagem. É o mesmo que ler um bom livro, quando o autor descreve os lugares com tanta riqueza de detalhes, que sem perceber passamos a entrar nos lugares e conseguimos visualizar de forma tão real que aos poucos mergulhamos na história e acompanhamos todos os personagens como se fizéssemos parte da história ou estivéssemos vivenciando tudo… Suas descrições sobre as tradições, culturas e maravilhas destes países que… Leia mais »
🙂
Bjus Mãe!
Bondade sua Nina! Estou escrevendo as coisas tão rapidamente por causa do tempo… Queria ter um tempo maior para incluir todos os elementos que você comenta de uma forma mais detalhada. Mas tenho que viajar também, e tenho que balancear meu tempo por aqui.
Bjus e obrigado pelo acompanhamento!