Uma visita à Madurai: segunda maior cidade do estado de Tamil Nadu na Índia, habitada continuamente há mais de 2.300 anos e local do grandioso templo de Meenakshi.
Na manhã do 36º dia saí do hotel em Trichy e fui à rodoviária para pegar um ônibus a Madurai. Mantendo a tradição nas viagens de ônibus da Índia, assim que cheguei tinha um veículo de saída. E vazio, por incrível que pareça. Consegui um lugar logo na frente para percorrer visualmente a estrada, coloquei o fone de ouvido e me embalei ao som do rock Brasil da segunda metade dos anos oitenta.
Nunca mais tivemos tantas boas bandas em um curto período de tempo. Tínhamos que contar o dinheiro para decidir em qual LP investir entre tantas opções. Uma pena que novas tendências da música brasileira ocorreram em detrimento ao rock nacional. Nesse ponto, precisamos resgatar o passado, não há outro jeito… Foi uma viagem de 3 horas tranquilíssima, embora a velocidade média não ultrapasse 50km/h. Uma viagem lenta, novamente.
Chegando em Madurai, precisei pegar um outro ônibus para a estação Periyar, mais central e próxima ao Templo Meenakshi, principal atração turística da cidade e local que abriga vários hotéis. No primeiro que chequei eu não gostei do quarto, mas na minha segunda tentativa eu fechei com o atendente por duas noites. Deixei as coisas no hotel e fui procurar como eu iria sair da cidade em direção ao próximo destino, Kochi, já de saída do Estado de Tamil Nadu.
Decidi fazer uma mudança no meu planejamento original em função do tempo e logística disponível. Após Madurai eu tinha me planejado ir ao Parque de Periyar, onde poderíamos estar em contato com animais. Acredito que seja algo como era o Simba Safari em SP, através de comentários que vi na internet. Porém, o transporte para lá é meio complicado e no fundo, não me animei em gastar meu tempo na Índia com isso.
Outro destino seria Kumarakon, onde também o transporte era mais difícil (duas conexões) e que seria apenas um local de relaxamento, nas backwaters de Kerala. Porém, li sobre a cidade de Kochi e me pareceu um local legal para conhecer. E se eu animar, de lá posso fazer um passeio para as backwaters também.
Assim, ao invés de ficar apenas um dia em Kochi, resolvi ir direto para lá e ficar dois ou três. Para ir a Kochi, não me aventurei a ir com o transporte público. Seria muito desgastante (20 horas de viagem em ônibus muito ruins). Fui em uma companhia particular para ver como seria. Pelo que o agente me falou, além de fotos que vi, a viagem duraria 11 horas e o ônibus possuiria ar-condicionado, bancos reclináveis na parte de baixo e camas reais na parte de cima. Peguei o melhor pacote com a cama. O valor ficou 5 vezes mais caro do que ficaria com transporte público, mas mesmo assim, nem se compara com os preços brasileiros: 600 rúpias, ou cerca de 24 reais. No próximo post comento como foi essa viagem.
Bom, acertada a saída do estado de Tamil Nadu, andei um pouco pela cidade, próximo ao templo Meenakshi. A cidade de Madurai, uma das cidades mais antigas e habitadas de forma continuada no mundo (há evidências históricas desde o século 3 a.C.), cresceu ao redor do antigo templo, e é uma das maiores fontes de peregrinação do povo Tamil, com mais de 25.000 visitantes por dia aos finais de semana. De fato, a cidade estava cheia de peregrinos.
A presente estrutura do templo foi construída no século XVII e compreende quatro entradas principais, relacionadas aos pontos cardeais com torres (gopurams) de até 52m de altura, que são um show à parte em função de todos os detalhes que a compõe, com a representação dos milhares de deuses e seus avatares. O templo é riquíssimo em esculturas, principalmente no Museu de Arte dentro do complexo, tetos ricamente decorados e colunas bem preservadas.
Os grandes templos são uma grande oportunidade para conhecer mais a fundo a cultura religiosa dos tamilenses, com suas orações e manifestações frente às esculturas, frente uns aos outros e frente também aos visitantes. Visita imperdível para quem vai ao sul da Índia. O visitante pode comprar um ingresso “full” para uso da câmara fotográfica e entrada ao Museu interno por 100 rúpias, mais a gorjeta deixada no local de guarda dos calçados.
O quadrilátero que cerca o complexo do templo é um calçadão dedicado aos pedestres e assim, um local agradável para se caminhar, longe do infernal trânsito indiano. Estava com a camisa do Brasil nesse dia e ela sempre chama a atenção. Vários indianos vieram conversar comigo, perguntavam algo a alguns até pediam foto. Passei um bom tempo nessas conversas, observações do cotidiano e perplexo como as culturas de um povo podem ser tão diferentes do outro.
Outro ponto que vale a visita em Madurai é o complexo do Palácio de Thirumalai Nayak, que originalmente era quatro vezes maior do que a construção remanescente, e data do século XVII. A estrutura é imponente, bonita, mas, embora estruturalmente esteja bem conservada, a manutenção visual é muito falha. As belas colunas do monumento estão todas riscadas, existe muita sujeira nos tetos e a área interna do museu possui armários que deveriam proteger as peças (pinturas antigas, objetos do período neolítico, esculturas e manuscritos). Deveriam, pois os mesmos estavam abertos, possibilitando a qualquer um tocar ou mesmo levar as peças. Existem armários inclusive abertos e sem peças (!). E durante toda minha visita, não havia nenhum segurança, desde a entrada até a saída…
Passei a andar pela cidade posteriormente, para conhecê-la e indiretamente, procurar um local para comer e depois fazer algumas compras de supermercado. Andei por várias avenidas principais e concêntricas à área central do templo, por mais de duas horas. Não encontrei nada minimamente decente. E olhe que Madurai é uma cidade grande, de mais de um milhão de habitantes.
A impressão positiva anterior, da beleza do templo, das pessoas amáveis que vinham conversar contigo, acabou sendo arranhada, pois fiquei realmente estupefato como que em uma cidade desse porte, na região central, turística, não encontrava nenhum lugar agradável para ficar e comer tranquilamente. A Índia realmente impressiona de ambos os lados. No final acabei encontrando uma lanchonete estilo McDonald´s, até com Wifi, mas foi um oásis no meio do deserto. Voltei para lá no dia seguinte para almoçar.
No último dia, meu ônibus só partia às 20:30hs e fiz o check-out no hotel ao meio-dia. Deixei o mochilão por lá e após uma passadinha na lanhouse, fui ao cinema. Assisti um filme em tamil que misturou “O Vingador do Futuro”, “A Rede” e “O Show de Truman”, com muitas danças e musicais no meio. O herói indiano (aquele que bate em todo mundo e nunca é alvejado por uma saraivada de tiros) do filme é colocado na pele de outra pessoa em uma grande armação e seus passos são acompanhados visualmente em tempo real. Meio hilário, apesar de eu não ter entendido praticamente nada dos diálogos.
O filme de ação, meio hollywoodiano, abusou de lindos cenários, grandes edifícios, avenidas largas e praças limpas. E talvez por isso não houve nenhuma cena externa gravada na Índia, apenas em Bangcok e Kuala Lumpur. Eles não devem ter encontrado tais paisagens por aqui ainda, assim como eu… A sala de cinema até que era boa, mas para ir ao banheiro os homens precisavam sair fora da sala e pegar um sol. Idem para comprar algo para beber ou comer. A sala estava cheia em plena quinta-feira à tarde (o difícil é encontrar algo na Índia que não esteja cheio) e mais de 90% eram homens. Nas ruas a proporção cai um pouco, para cerca de 80%…
Seguindo a viagem, leia sobre a próxima parada: Kochi.
Veja todas as fotos de Madurai no Google Photos ou então, as melhores fotos do sul da Índia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.
Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
… assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
… ler sobre um resumo de minha história
… ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
… participar de um papo de boteco
… curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.
E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?
Artigos mais recentes:
- Atualização das rentabilidades das carteiras de ETFs
- Comparação da rentabilidade dos FOFs – atualização
- Atualização das rentabilidades de todas as carteiras de investimentos (out/24)
- Atualização das carteiras ativa e passiva (out/24)