Relato de viagem à pacata e agradável cidade de Hoi An, Vietnã, e seus vilarejos em uma scooter.
A distância de Da Nang para Hoi An é de apenas 25km, o que resultou no menor tempo de viagem que fiz até agora entre uma cidade e outra no Vietnã. De uma cidade nova, grande e em crescimento, fui a uma cidade antiga, pequena, mas com crescente movimentação turística em função de sua atribuição pela UNESCO de Patrimônio Cultural da Humanidade (mais uma).
Hoi An, de qualquer forma, merece muito ser visitada. Apesar de ser uma cidade fundamentalmente turística, possui uma harmonia entre a beleza de suas antigas casas e construções chinesas e japonesas, muitas delas atualmente restauradas. Entre a funcionalidade dos inúmeros e aconchegantes hotéis espalhados pelas suas ruas, na maior parte estreitas e de trânsito limitado para automóveis e entre seus inúmeros restaurantes, que embora cobrem valores maiores, possuem uma atmosfera agradável e o convida à refeição.
Para aumentar o leque de opções, fica a 3km da praia mais próxima, possibilitando prazerosos banhos de mar com um conforto de uma razoável infra-estrutura. E se a aventura for além, permite a visitação de várias vilas locais baseadas na pesca e a aproximação mais forte com a cultura do país.
A história da cidade é complexa, em função da interação de muitos comerciantes de diversas partes do mundo, que usavam o porto de Hoi An como principal ponto comercial de seus produtos. Japoneses e chineses deixaram profundas marcas, especialmente os últimos. Árabes e europeus também colaboraram para o mix cultural, sendo que Hoi An foi uma das primeiras cidades expostas ao Cristianismo no Sudeste Asiático. Essa herança torna a pequena cidade única e partilha as diversas construções de época, muitas delas renovadas e bem conservadas, que podem ser visitadas.
A pequena ponte japonesa sobre um canal do Rio Thu Bon existe desde 1590 e foi restaurada completamente em 1986. Desde aquela época resistiu a todo tipo de adversidades, pois já tinha sido construída solidamente para ser estável sob a ação de terremotos. Muitas construções chinesas, como casas e locais de reuniões de assembleias que datam de desde o século XVII estão por toda a parte, e podem ser visitadas (algumas permitem a entrada mediante um ingresso).
Bonitos pagodas fundados desde o século XV (Chuc Thanh Pagoda – 1454) estão presentes pela cidade e retratam a atmosfera do budismo Mahayana, predominante no Vietnã. Por influência chinesa, alguns templos confucionistas também estão presentes na cidade. Enfim, oferecendo muitas opções de passeios históricos, Hoi An preenche os anseios do visitante interessado na história da cidade e do país.
Após escurecer, a vida noturna da cidade é agitada, porém apenas até às 22:00hs, como na maioria das cidades vietnamitas. Muito iluminada e decorada com luminárias chinesas, torna-se aconchegante para as pessoas saírem para jantar nos inúmeros restaurantes ao longo do rio.
O prato principal aqui é o Cau Lau, um noodle de arroz, carne de porco, verduras, brotos de feijão temperados com um molho de capim-limão. Aqui é muito frequente a presença da Bia Hói, cerveja que comentei no post de Hue e que custa entre R$0,40 e R$0,50 a caneca. Possui ainda um comércio fervilhante no qual se destacam as centenas de costureiro(a)s que oferecem qualquer tipo de roupa sob medida com entrega garantida no dia seguinte.
O mercado noturno é rico, com produtos que variam desde simples bijouterias até bonitos enfeites de mesa e abajures chineses. Como em toda cidade vietnamita, mulheres passam carregando todo tipo de frutas nas suas “balanças” de ombro, mas aqui surgiu um produto novo: patos vivos. E eles pareciam felizes, não sabiam ainda do seu destino…
Eu fiz o passeio em Hoi An com uma brasileira que havia conhecido em Hue, e estávamos viajando na mesma direção ao sul. Em um dos dias, na volta para o hotel, passamos por um orfanato por acaso e arriscamos a perguntar se podíamos visitá-lo. O segurança, com a típica amabilidade da maioria dos vietnamitas, permitiu e foi nosso guia no local.
Infelizmente, um guia com comunicação através de mímicas, pois ele não falava quase nada de inglês, e assim não podemos saber de forma profunda como funciona o centro. O que vimos porém, foi algo bem cuidado, limpo e profissionais que demonstravam um carinho muito grande pelas crianças. Hospedavam portadores de deficiências, como síndrome de Down e paralisia cerebral, mas também crianças sem nenhum problema cognitivo aparente. Apesar de parecerem bem tratadas, demonstravam uma carência grande e na sala de aula, praticamente se jogaram para nossos colos. Depois disso, o difícil era sair de lá…
Em um dia, alugamos uma scooter, modelo que perfaz 99% dos modelos de duas rodas motorizados existentes no Vietnã por um preço irrisório: US$4 por dia. Os dois litros de gasolina usados custaram US$2,5. Usamos a moto o dia inteiro pagando então, apenas R$13,00!
Foi um dia bem intenso, e incluiu o suicídio de uma borboleta que se espatifou no óculos que eu usava, passagens com a motoneta ao lado de búfalos com cara não muito amigáveis e interrupções de uma reunião de centenas de patos em um dos açudes. Nunca havia visto tanto pato junto!
Andamos 60km pela região e conhecemos muitas vilas locais, povoações de pescadores, as bonitas praias de Cua Dai e An Bang, além de mais uma ao norte habitada apenas por pescadores. Descobrimos um bonito templo que não estava em nenhum dos guias. Tudo isso passando em estradas rurais, muitos açudes que alimentavam centenas de campos de arroz.
A infra-estrutura rodoviária, mesmo dessa região, é surpreendentemente muito boa. Apenas no final encontramos uma estrada de terra um pouco mais mal-cuidada, mas as anteriores foram sempre bem calçadas, embora sua largura invariavelmente sempre abaixo de 4 metros, o que dificulta a passagem de uma caminhão facilmente. Caminhos feitos para bicicletas e motonetas, que são, de fato, a prioridade de escolha do povo vietnamita.
Na cidade ainda visitamos o lado “de lá”, isso é, a área não turística, em direção ao velho porto. Surpreendeu novamente a boa infraestrutura, bom asfalto, boas calçadas, bonitas casas verticais (aqui no Vietnã é um padrão; pouco terreno e muita altura) e uma limpeza urbana razoável, que, mesmo não apresentando nota 10, não faz feio aos demais países da região.
Nesse dia apenas não gostei de um outro prato típico que experimentei em um agradável restaurante ao lado do rio: bahn lao, ou “white rose”, feito de uma massa de farinha e batata enrolando uma mistura de carne, alho, ovos, cogumelos e vegetais. Insosso e caro para os padrões vietnamitas, vinha servido em uma porção de tamanho “infantil” e contribuiu para que minha fome chegasse mais cedo posteriormente. Mas a liberdade das experimentações sempre envolvem riscos, e é justamente isso que nos faz independentes!
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Próxima parada: o balneário “russo” em Nha Trang.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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