Definindo a reserva de emergência

Já li bastante sobre a importância da reserva de emergência para cobrir despesas inesperadas. Nunca me preocupei muito com isso, mas faz o maior sentido. Se isso, ao menos, virou consenso para todas as vozes que reverberam na minha cabeça me mostrando qual o rumo correto a seguir, saber o valor necessário para esse tão falado “colchão de segurança” já cria dúvidas adicionais.

Tem palpites para todos os gostos. Alguns especialistas falam em um fundo para cobrir despesas de 3 a 6 meses. Outros, em 12 meses e, agora com essas crises que surgem até debaixo do tapete, até mais do que 1 ano. É, para quem acredita que pode ser demitido de seu emprego (ou já foi) faz total sentido. Parece que o mundo que virá adiante não será mamata não, e o fundo de emergência está cada vez mais em moda.

Criar uma reserva de emergência

O medo do desemprego e o início da minha reserva de emergência

Perder o emprego durante uma recessão prolongada traz um medo terrível. É a pior situação possível, se acrescentar ainda que tenho mais de 40 anos. Coloque mais uma pitada em estar em uma família que ainda não sabe o que é viver com menos. E coloque um tempero a mais se considerarmos que o que tenho hoje no banco não daria p viver nem 6 meses… Dá um certo pavorzinho ou não?

Nesse final de semana conversei com o pessoal aqui e eles concordaram que precisamos economizar. Expliquei justamente isso: que a crise é e será séria e se eu for demitido, as coisas aqui vão piorar muito. O número de desempregados só está crescendo. E eu preciso guardar dinheiro para prevenir futuros problemas.

Criei já nessa segunda-feira uma transferência automática para uma conta-poupança. Calma, não me julguem agora! Primeiro vejam que criar essa transferência automática visando a criação de uma reserva de emergência já é um grande passo para quem nunca pensou nisso antes. Assim eu me obrigo a poupar alguma coisa. Vou me virar com o dinheiro que sobra até o próximo pagamento.

Já volto à poupança… Primeiro quero colocar alguns pensamentos que definirão quantos meses são necessários para minha reserva de emergência, com base em algumas variáveis.

O cálculo da reserva de emergência. Quantos meses?

O André citou nesses passos para conquistar a independência financeira que o valor da reserva de emergência pode ficar entre 3 a 6 meses das despesas mensais. Isso depende um pouco. No meu caso, acho que deve ser mais. Como falei atrás, já tenho mais de 40 anos e uma família ainda consumista (em processo de melhoria…). Imagine o que uma restrição radical de gastos poderia fazer conosco…

Assim, o que eu fiz foi definir meses adicionais para essas variáveis:

  • Idade: se passou dos 40 anos, 3 meses mais para arranjar um emprego compatível com o anterior;
  • Filhos: se não os tivesse, ok, seria muito mais fácil. Mas, se exigem um valor razoável de gastos, coloque mais 3 meses;
  • Situação da esposa no casamento: se ela trabalha, ok, pode te dar uma força na dificuldade. Se negativo, perdeu, playboy, se vira. Mais 3 meses.

Assim, vou colocar mais 9 meses na estimativa inicial de 3 a 6 meses e vou para 12 a 15 meses. Tenho ciência que esse valor será investido em uma conta com alta liquidez e baixa remuneração, mas fazer o quê? Tenho que pensar em sobreviver primeiro.

Para fechar, vamos ver as opções de fundos de reserva que tenho antes de me explicar por causa da conta-poupança.

Onde investir a reserva de emergência?

Eu agendei a transferência automática para uma conta-poupança do meu bancão. Achei a melhor forma, ao menos até o momento. Vou explicar os motivos.

Eu sei que existem fundos de investimentos que possuem aplicações nos títulos SELIC do tesouro direto com taxa zero, como o BTG, Órama, Pi e Rico. Mas tudo isso são plataformas de investimentos, não bancos. Eu não sei como vou fazer algo automático (e precisa ser automático) para investir nessas corretoras. Para me “obrigar” a isso, eu simplesmente criei uma transferência automática dentro da plataforma do banco. Não tem possibilidade de fazer isso para contas de corretoras de valores. Ao menos que eu saiba.

Dentro do meu bancão, o “melhor” fundo de investimento do tesouro SELIC tem uma taxa de administração de 0,3%, e rendeu no ano 0,69% até agora. O CDI deu muito mais do que isso. Não me perguntem porquê. Vi a lâmina, lá diz que eles aplicam 95% em títulos pós do tesouro nacional. Acho que o bolso do fundo tá furado. Ou é má fé mesmo.

A poupança, pelo que calculei no site cálculo exato, rendeu 0,98%. E não tenho que ficar preocupado com nada, pois não tem custo, taxa, etc. Vi também que o CDI rendeu 1,24%, que, se consideramos uma taxa média de imposto de renda de 20%, daria 0,99%, igual à poupança. Enfim, estou tão errado assim em aceitar a facilidade de transferência automática, não ter de abrir conta em outro lugar e centralizar tudo – conta e reserva de emergência – na mesma plataforma apenas porque é uma “poupança”?

Sei que preciso ficar ciente apenas no dia do aniversário. Ou seja, se eu precisar pedir resgates, tem de ser depois do dia do pagamento (quando as transferências são feitas), para que eu possa receber o rendimento desse saque.

Enfim, esteja preparado com seu fundo de emergência

Embora não há possibilidade de saber o que virá por aí e como agir da melhor forma, é possível tornar sua vida um pouco melhor se você possui alguma segurança financeira. E o tal do “colchão de segurança” pode ser uma das bases para lhe dar essa tranquilidade. Criar a reserva de emergência é uma precaução simples que todos, até quem tem a vida complicada como a minha, deveriam fazer.

Quer estejamos à beira de uma recessão bem profunda ou se todas as histórias estarem exageradas, sinto que me sentirei melhor por ter tomado essa medida para proteger a segurança financeira de minha família. Ao menos eles entenderam isso.

Que ninguém deixe-os descobrir, entretanto, que meu objetivo final não é apenas construir esse fundo de emergência: a ideia é passar esses meses com essa meta e depois, vendo que todos estão bem e vivos, prolongar a mesma restrição orçamentária para começar a carteira de investimentos. Vamos ver se eles engolem isso no momento certo.

A partir do final de março de 2020, esse blog passou a ter mais de um autor. Seu nome aparece sempre abaixo do título da postagem. Cuidado para não fazer confusão 🙂
Veja a nova ideia editorial e acesse seus perfis nessa página.

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Muna
Muna
3 anos atrás

Eu tomei a mesma decisão que você: coloquei a minha reserva na poupança, mesmo entendendo que não é a melhor opção. Eu ainda não compreendo bem a questão do Tesouro direto (embora já tenha colocado parte dos meus magros investimentos por lá) e não saberia como resgatar meu dinheiro do Tesouro Selic em caso de necessidade. Meu companheiro ficou desempregado este ano e a reserva tem nos deixado mais tranquilos. Eu trabalho mas meu salário não cobre nem metade dos gastos e os recortes serão drásticos por aqui mas vejo também tudo isto como oportunidade. Em fim, enquanto isso continuo… Leia mais »

André
Admin
Reply to  Muna
3 anos atrás

Olá Muna!

Bandir está meio afastado das escritas do blog, mas desejo a você sucesso nessa fase de dificuldade. Realmente pode ser uma ótima oportunidade, pois é no mar revolto que se fazem bons marinheiros.

Quem sabe vocês não descubram meios de controlar melhor os gastos e seu marido não obtenha uma chance para garantir uma melhor remuneração no futuro?

Abraço!

Muna
Muna
Reply to  André
3 anos atrás

Oi, André! Sim, percebi isso depois :-). Eu venho acompanhando seu blog faz um tempinho, li seu livro e te escrevi contando do meu terror a bancos devido a minha experiência de vida no meu país. Desde então venho me educando (vc falou de fundos na sua resposta e fiz uma lista de coisas a aprender antes de chegar até os fundos…estou chegando…lentamente…é a minha viagem lenta, hehe) e hoje, apesar da situação na qual estamos, estou achando um excelente momento para parar de procrastinar a minha educação financeira. Os posts do Bansir eu não tinha lido não sei o… Leia mais »

André
Admin
Reply to  Muna
3 anos atrás

É, Muna, o importante é fazer todo o processo em conjunto com a família, para não dar xabu lá na frente rsrs

Boa sorte, e, se tiver mais alguma dúvida, pode comentar por aqui.

Abraço e bom final de semana!

Bilionário do Zero
3 anos atrás

Concordo com você, pra reserva de emergência a poupança no bancão é o melhor atualmente. Eu tinha minha reserva no nubank e um final de semana precisei de grana, e não consegui sacar, porque pra piorar os bancos não funcionam em dia não útil, simplesmente você não consegue transferir dinheiro fora do horário… acho isso o fim da picada, mas enfim, ter um valor ali pode te salvar, principalmente se for um banco do Brasil da vida que tem agências em tudo que é lugar. Sobre trocar de emprego depois dos 40, não tenho essa experiência, mas já vi alguns… Leia mais »

Poupando Centavos
3 anos atrás

A reserva de emergência é fundamental para garantir a nossa sanidade mental, principalmente se você for o único provedor financeiro da casa. Sou servidora pública da área da saúde, então provavelmente seria a última classe a ser atingida por cortes ou não pagamento de salário. Mesmo assim minha reserva (também em poupança) me garante uma certa tranquilidade, e meu esposo também trabalha. Sendo bem sincera com você, sendo a única pessoa que trabalha, com família consumista e alto padrão de vida, eu não estaria tranquila. Parabéns pelas decisões, foram muito acertadas e que venha um futuro com mais sossego pra… Leia mais »

Anônimo
Anônimo
3 anos atrás

Eu não tenho reserva financeira mas tenho uma reserva pra consumo seja viagens ou compras futuras, se acontece alguma coisa inesperada ai já erra esse dinheiro vai me salvar depois eu vejo que faço se adio ou cancelo os planos.Até hoje o máximo que aconteceu foi adiar um pouco ou ter usar cartão de crédito fora isso nunca tive problemas que demandassem o uso da “reserva”

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