Não sei vocês, mas desde que penso em independência financeira, sofro com um estresse financeiro em algum grau. Não, não saí correndo atrás de um psicólogo para chorar meus infortúnios, mas diversas vezes brota aquele sentimento de que você nunca será suficiente bom para chegar ao seu objetivo, entendem?
O conceito de ser financeiramente independente é, às vezes, curioso e incompreendido. Talvez quem esteja nessa estrada há algum tempo não perceba, mas para muitas pessoas, é algo difícil de engolir. Principalmente se elas não são os personagens principais da história…
Mesmo para mim, que tenho lido sobre o assunto nos últimos meses, ainda vejo como uma meta dificílima de alcançar, dadas minhas condições familiares que expliquei no último relato. E, para eu ter alguma chance, preciso ser muito melhor do que a média para alcançar algum sucesso nas finanças a longo prazo.
Esse é o verdadeiro estresse financeiro: parece que tudo pode ser feito de uma forma melhor. E minhas chances de fazer as coisas melhores não são tão grandes. Se me torturarem talvez até confesse que possuo uma inveja branca de quem pescou a ideia de independência financeira há tempos. Ou casou com alguém que está alinhado com o mesmo objetivo.
Quais gastos são válidos?
Como estruturar a ideia do que é válido comprar e não comprar e não sofrer com o estresse financeiro? Qual o sentido de utilidade de cada um de nós, da família, dá a determinado objeto ou passeio? Como equacionar essas demandas com o que é realmente importante?
No texto da semana passada, a leitora Cinthia falou como é possível viver com menos. A S&H disse que devemos escolher o que é importante. E o Renato, que devemos encontrar nosso nível de equilíbrio, único e pessoal, para decidirmos o que fazer.
Pois bem, vamos tentar colocar isso em prática. Semana passada, em meio ao estresse familiar com todos disputando os mesmos espaços por causa do coronavírus (quanto a isso sempre pensei como o André, como ele colocou aqui), uma bola de tênis foi lançada na TV.
Ela ganhou uma rachadura, de quase 10cm no canto superior esquerdo, mas a tela continuou funcionando bem. Como a TV é grande, não prejudicou em nada assistir a programação que estamos acostumados. Toda a grande área central estava ok. Mas ambos herdeiros começaram a reclamar que a experiência havia sido prejudicada.
Ok, concordo que seria melhor que não tivesse a rachadura lá no canto. Mas também não é nada crítico. Se você focar seu ponto de visão no centro da TV, você nem a percebe. Mas, quando se está sozinho nesse pensamento contra os filhos e depois com seu apoio da esposa, o negócio complica. Vou ter que comprar outra TV.
Poderia viver com menos, com uma TV levemente rachada. Sim. eu achava a troca muito importante? Não. Mas nesses 3 contra 1, como encontrar um equilíbrio? Pronto: surgiu um estresse financeiro!
Deveria ceder aos apelos para comprar uma nova? Minha vontade no momento da discussão era sair de casa deixando-os de castigo assistindo a TV rachada e refletir sobre o assunto. Mas nem isso podia, com o perigo de ser abordado por um policial e explicar que saí para pensar se comprava uma nova TV ou não. Não ia colar.
Resolvendo o estresse financeiro
Um descanso no vaso sanitário do banheiro me salvou por alguns minutos. Pensei a forma mais racional de lidar com essa situação. De um lado, expectativas familiares. De outro, manter o mínimo de planejamento para, um dia sei lá quando, ter dinheiro para me declarar financeiramente independente.
De certeza, apenas que toda essa luta não valerá a pena se eu passar anos em estresse financeiro. A vida já é complicada o suficiente sem termos tais projetos: não podemos multiplicá-los.
Pedi para os herdeiros acessarem o site Zoom e pesquisarem sobre TVs. Escolhido o novo modelo, pedi para cadastrarem um preço de alerta com, no mínimo, 10% do menor valor pedido no momento. Seria apenas nesse preço que compraríamos.
Ao mesmo tempo, pedi para tirarem fotos de nossa TV rachada e tentar vender na OLX, já que não tinha esperança de encontrar um técnico de TV de portas abertas para orçar uma nova tela (mas isso está na manga assim que o preço de alerta for atingido: ganho tempo…).
Minha esposa aprovou disfarçadamente a decisão. Não foi a melhor decisão para nenhum dos lados (não gastar ou deixar todos plenamente satisfeitos). Mas talvez tenha sido boa o suficiente e não vou me estressar por não ser a melhor.
Não quero ficar me ocupando em fabricar estresse financeiro desnecessário. Muito menor com obrigação ou culpa por não otimizar plenamente minhas decisões. Talvez o equilíbrio que o Renato pregou seja mais sensato, além de criar obrigações e responsabilidades para cada pessoa envolvida. Talvez seja esse o caminho.
Posteriormente, me arrependi de não ter exigido escolhas das crianças, como, por exemplo, trocar algo que eles esperavam ganhar pela nova TV. Mas, novamente, não me estressei. Tenho tempo para fazer isso em outro momento. O principal é que senti alguma evolução…
Olá, primeiramente, gostaria de agradecê-lo pelo conteúdo do site e dizer que ele me serviu de inspiração para criar o meu próprio blog. Estou aproveitando esse momento de isolamento social para estudar sobre o assunto. Já acompanhava alguns blogs sobre finanças e agora decidi me juntar a finasfera. Abraço.
Olá Policial! O André faz mesmo um trabalho legal aqui no Viagem Lenta. São ótimas informações a custo zero. Que bom que agora teremos mais uma fonte de informações na Finansfera!
Abraço.
Bansir, 3×1… uma situação complicada mesmo. Em um momento tão singular como esse, talvez a compra da tv tenha sido bom, pois poderá ser útil para o entretenimento de todos. Além disso, pela imagem parece que uma boa parte foi danificada… acho que seria muito incômodo ver qualquer coisa em uma tv nesse estado. A única coisa que achei estranho foi pesquisarem prontamente para a compra de uma nova tv. Não ficou fácil demais? Penso que, mesmo acidentalmente, o autor do estrago poderia ser de alguma forma levado à refletir sobre o que ocorreu, pois precisa tomar mais cuidado com… Leia mais »
Oi Rosana,
Na verdade não foi tão fácil convencê-los não… é que a gente meio que resume as coisas quando escreve rs E essa TV não foi a minha não. Preferi pegar de um site, estava mais fácil do que ir lá, tirar foto, baixar aqui… A minha ficou apenas com uma rachadura na parte lateral de cima.
Mas você está certa, foi melhor mesmo. Nesses tempos de quarentena, a vida seria um inferno se eu não comprasse logo.
Obrigado você pelo comentário!
Fala, André, como vai?
Ponto interessante que trouxe aqui… Realmente assumir esse mindset FIRE nos traz muitos pontos para nos preocuparmos. Desde que tracei o objetivo de aposentadoria é um exercício frequente de preocupação (na maioria dos casos eu diria até q desnecessário) com as finanças e com o futuro.
Esse tipo de coisa meio que me gera uma certa ansiedade, ainda mais pelo futuro ser incerto e não estar dentro do nosso controle na maioria dos casos.
Tipos de coisas que aprendemos conforme vamos vivendo…
Excelente post! Abraços.
Opa, Bansir aqui!
Eu ainda não sei se assumi para valer esse mindset, mas estou buscando aos poucos. O lance é que a família precisa ir junto, e aí começam os problemas haha. Quando se é solteiro o controle fica mais fácil. Em família o desafio é maior.
Obrigado!
Engraçado sua história da TV. Eu tinha uma Sony que vinha comigo desde 2013. O único “problema” da TV era um halo branco em torno de toda a TV. Digo problema com aspas porque, para mim, não era nenhum problema. Afinal de contas, a imagem continuava nítida. Resolvi trocar neste ano porque o preço das 4k atuais estão mais em conta. Primeira vez que liguei a TV nova, senti o impacto imediato de imagem e som. Aquele impacto que me deixou pensativo: Até que ponto valeu a pena não ter trocado a televisão antes? Ainda mais, no meu caso, que… Leia mais »
Fala Frugal! Vou pegar uma carona aqui comentar que estou com problemas de login no Blogger, tentei comentar no seu site e não consegui.
Isso ocorreu depois que limpei os “cookies” no Chrome e ele não está mais reconhecendo o login no Blogger. O interessante é que não consigo postar nem como anônimo…
Qdo der um tempinho, vou ver isso com calma! Abraço e força aí nos problemas com a loja!
É verdade, pensando por esse lado, concordo. Mas é que eu preciso fazer com que a página deles também virem para outro mindset como o amigo comentou acima. Pensar mais em futuro, menos em presente. Mesmo sabendo que eu devo fazer as coisas, acho que também devo fazer eles pensarem um pouco antes de ter tudo na hora que desejem. A ideia de IF não me incomoda não. No fundo, sei que é a melhor alternativa. Mas procuro mostrar as dificuldades que um pai de família possui quando a galerinha não está ainda na mesma página. Eu penso hoje na… Leia mais »
Olá meu caro, sou novato na blogosfera e gostaria de uma dica para este plebeu em ascensão. PERFIL: 28 anos, solteiro, sem filhos, sem dívidas “moro com os pais”, trabalho CLT que está longe do risco dessa crise “ou seja, risco mínimo de ser demitido”. OBJETIVO: Abrir uma empresa “já sei exatamente o que quero” daqui 2 à 4 anos, com os lucros dela, fazer investimentos que me tragam I.F no futuro. VALOR PARA ABRIR A EMPRESA: 20 à 30 mil reais. CONDIÇÃO ATUAL: Tenho 4 mil de reserva de emergência aplicadas no CDB Banco Inter. Tenho mais 4 mil… Leia mais »
Deve ter mais feras aí para te ajudar melhor. Eu ainda estou tentando fazer sobrar grana para investir haha. Mas se é solteiro, sem filhos e mora com os pais, vc tá de boa. Só não vira IF se não quiser.
Abraço.
Tv rachada pode ir escurecendo depois melhor vender mesmo .
Sem contar que não faz bem deixar coisas quebradas dentro casa , nem me pergunte onde ouvi isso.
Acabei de me lembrar que tenho um monte de tranqueira pra me livrar .
Traz fluidos negativos haha?
Eu também tenho tranqueira a rodo. Qualquer dia vou entrar num esquema de 5S na família!
Olá Bansir, chocada com a coincidência! Minha TV tbem sofreu avaria similar, na derradeira mudança que fiz… Eu fiz questão de continuar com ela, justamente pq fomos descuidados por ocasião da mudança, já que poderíamos ter carregado ela no carro (nem retiramos da casa no momento da pintura) e ela sofreu queda nas mãos de outra pessoa. Então a TV ficou como um lembrete para que eu dê mais valor ao meu dinheiro, afinal, ela era meu objeto de maior valor e nem assim na época cuidei direito (foi bem nesse período que comecei a ler sobre independência financeira e… Leia mais »
Oi Cinthia. Eu ficaria com a TV de boa também, até porque não uso muito. Mas minha vida se tornaria um inferno por outros motivos se eu não trocasse… Se eu conseguir vender a velha, já fico satisfeito..
Imagina! Abraço!
Me pareceu equilibrado o caminho da sua decisão mesmo. Foi bem um “caminho do meio”.
O que me pareceria pernicioso (em termos educacionais) seria a compra imediata de uma TV nova 1 minuto depois da bola de tênis colidir com a TV, sem qualquer ônus a quem a lesou.
Sim, Renato. São essas coisas “sem pensar” que quero evitar. A galera aqui vai ter que começar a ver e ponderar o outro lado das coisas. Essa é a missão agora.
Obrigado.