Um ser humano não é igual ao outro. Essa diferenciação é determinante para os sucessos e fracassos das mudanças de nossa rotina. Digamos, por exemplo, que você nasceu em uma família relativamente abastada. Seus pais sempre supriram sua vida com o que você quis, sem muitos questionamentos.
Imagine também que, no momento de seu casamento, você já possui um bom emprego e não vê dificuldade alguma em oferecer à sua esposa e futuros filhos o que você obteve no passado. Enquanto seu mind-set não muda, tudo parece estar bem. O problema é SE ele mudar.
Esse aí em cima sou eu. Até eu pensar na nossa independência financeira, estava tudo bem, empurrando o futuro com a barriga. Quando você vê que algo precisa ser feito, a transição pode ser um pouco dolorida.
Como reduzir o orçamento familiar
No último texto, falei como estou me adaptando, tecnicamente, para cumprir um orçamento familiar. Hoje quero comentar quais atitudes práticas estou pensando em fazer para reduzir as despesas sem que haja um impacto sensível na família.
Lendo alguns livros sobre finanças pessoais, percebo que temos que procurar adicionar mais valor às coisas que realmente importam. Normalmente, elas não custam caro e podem ser muito mais gratificantes para se alcançar a felicidade. Assim, toda a restrição que penso em fazer, penso em substituí-la por algo similar, mas de despesa menor. Isso facilita minhas argumentações em nossas DRs familiares.
A ideia principal é evitar que cada restrição torne o copo meio vazio de quem a pratica ou sofre seus efeitos. Mantendo a mesma quantidade de líquido, podemos torná-lo meio cheio, o que facilita a mudança sem muito estresse. Por exemplo…
- TV a cabo: essa não é novidade, pois comentei no texto anterior. Compensação: Netflix e Prime Video. Acho a combinação desses dois muito melhor do que as dezenas de canais disponíveis. O que mata são os pacotes. Se pudéssemos assinar cada canal separadamente, por sei lá, R$ 1,99, até valeria a pena. Mas as distribuidoras não pensam assim…
- Almoços a jantares fora: nesse período de quarentena tivemos a oportunidade de brincar muito de MasterChef aqui em casa. É impressionante como, apesar de caprichar nos ingredientes, o custo de uma refeição fica sensivelmente mais barata do que um restaurante. E, claro, após alguns aprendizados, a comida é muito melhor. Outra coisa que colabora com a visão do copo meio cheio é a melhor interação com a família.
- Melhorar a alimentação: embora isso esteja ligado com o item anterior, a ideia é melhorar nossas compras de supermercado. A obesidade por aqui é sempre uma ameaça, e a ideia é fazer com que troquemos alguns venenos por coisas melhores, como, por exemplo, trocar refrigerantes por água com gás com muito limão (mais gostoso e ais barato).
E quanto às sobremesas? O quanto é bom um morango com creme de leite em comparação com aquelas tortas industrializadas caríssimas?
É verdade que apenas esses exemplos não são suficientes para fazer uma diferença no orçamento, mas cada família pode pensar sua realidade e usar sua criatividade em um supermercado. O importante é termos a “troca” por algo, e não uma supressão. - Ainda no supermercado, por que não testar marcas mais baratas e aproveitar promoções e estocar o que não estraga facilmente? Normalmente não fazemos isso em casa, e acredito que podemos testar essa ideia sem associação com perda de prazer algum.
- Começar a focar mais em experiências que não estão ligadas a compras. Livro? Por que não aprender a usar a versão digital? Por que não aproveitar mais o que os parques da cidade oferecem? Um passeio de bicicleta familiar não trará mais enriquecimento familiar do que uma visita ao shopping, onde as crianças estarão tão ansiosas e distraídas com o marketing dos lojistas que até esquecem-se dos pais? Experiências duram e mantém o copo meio cheio mais tempo.
- Casa grande? Isso não tem como mudar muito o orçamento agora, mas uma casa grande gasta demais. E quando os filhos vão embora ela fica ainda maior, com muitos espaços sem necessidade. Já falei com a esposa que, se mudarmos agora, não será para uma casa maior.
- Carros são a mesma ideia. Para que um motorzão se tem radar para todo lado? Só gasta mais combustível, a manutenção é mais cara e ainda polui mais.
Manter o copo meio cheio e não meio vazio
Enfim, a ideia é fazer com que todas essas atitudes, apesar de efetivamente reduzirem as despesas, mantenha a visão familiar do copo meio cheio. Cortar gastos pode soar como restrições, como um copo meio vazio. Mas adicionar experiências novas, sem custo, pode balancear essa sensação de perda, o que acham?
As sugestões acima vêm com um componente de satisfação incluído, ou ao menos, não têm sensação de perda. Refeições em casa, por exemplo, além de uma comida melhor, traz mais profundidade de relacionamento.
O ponto é pensar em encontrar maneiras de viver bem sem trocar muito dinheiro por isso. Uma coisa que eu também tenho pensado muito são os amigos. Tenho amigos que sair com eles é um convite para o esbanjamento. E eu nunca achei assim tão necessário. Talvez procurar parceiros para ter uma vida mais simples também seja importante.
Além disso, vale um conselho para quem está no início da construção de sua vida: mantenha desde cedo, seu custo mensal baixo. Não permita que seu estilo de vida seja inflacionado com o crescimento da sua renda: mantenha-o como está e use dinheiro adicional para criar estabilidade a longo prazo. Aí, você não terá tanta dificuldade para recalibrar seus gastos quando atingir a situação que estou hoje em minha vida. E seu copo sempre estará meio cheio, e não meio vazio.
A partir do final de março de 2020, esse blog passou a ter mais de um autor. Seu nome aparece sempre abaixo do título da postagem. Cuidado para não fazer confusão 🙂
Veja a nova ideia editorial e acesse seus perfis nessa página.
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É isso aí! Adorei!!
Obrigado, Cinthia!
Eu não sei se vocês têm a mesma percepção que eu, mas algumas vezes percebo que “é muito fácil gastar muito dinheiro sem que a satisfação e o benefício deste gasto sejam acompanhados no mesmo nível”.
O que quero dizer é que é muito difícil, para as coisas muito caras, que o nível de satisfação e benefício daquilo seja tão alto quanto aquilo que foi gasto. Geralmente o custo/benefício vai pro espaço quando elevamos muito o “nível”…
Renato, tem um estudo que vi em algum texto que dizia que acima de um valor x, não teríamos mais satisfação e felicidade por ter algo. É necessário um mínimo, e cada incremento além dele, o incremento comparativo em relação ao gozo que tem do negócio vai diminuindo e tendendo a zero. Eu sempre tive, por exemplo, celulares caros. O último que comprei era a metade do preço, apesar de ser ainda acima dos intermediários. Falei esses dias para minha esposa que não senti diferença nenhuma. Todos os recursos que o outro tinha a mais acho que nunca usei. Poxa,… Leia mais »
Olá Bansir, Legal suas ideias para colocar em prática. Eu apesar de apaixonado por carros, sigo a risca um plano de não gastar um valor x com eles. E sobre o motorzão, está certo! A não ser que sejam esses novos turbinados que gastam menos do que os aspirados rsrs Sobre cozinhar, boa! Esses dias pedimos uma pizza e veio muito, muito ruim. Nos decepcionou pois era um lugar tradicional onde pedimos. Ficamos triste com a qualidade ter caído tanto. Assim, resolvemos nós mesmos fazer a pizza. Resultado, ficou MUITO melhor que a que pedimos e por um terço (se… Leia mais »
Olá Investidor Inglês!
É verdade esse lance. Conheço um amigo que tem o Cruze turbo. Apesar de andar muito, gasta muito pouco, até menos que um popular.
Pois é, se fizer a conta do valor da pizza e mesmo tirando uns 50%, você consegue comprar muito mais recheio e fazer uma pizza muito mais gostosa. E ainda interage mais com a família. Sigamos assim, haha.