Uma pausa para descansar: Rishikeshi, aulas de ioga, rafting e um lugar muito zen no norte da Índia, próxima às cordilheiras do Himalaia.
O trem 12017 para Haridwar partiria às 06:50hs da Estação de Nova Delhi, meu destino anterior. Cheguei meia hora mais cedo para não ter problemas em encontrar a plataforma correta. Na ida a Agra, havia percebido que a estação é imensa, porém naquela situação estávamos com o guia para nos mostrar o local correto. Agora era comigo mesmo. Porém, não houve complicações. Apesar de andar um tantinho, as plataformas são bem anunciadas.
Para andar de trem na Índia, você, já com a passagem na mão, não precisa parar em nenhum lugar e sim ir direto ao trem, em seu vagão e assento corretos. Já havia visto na internet para evitar malandros no caminho que dizem que você precisa de boarding pass. Mas não vi nada do tipo. Talvez eles não estivessem acordado ainda.
A viagem foi tranquila, e foi servido um razoável café da manhã, com pão, geleia, manteiga, leite e uns bolinhos salgados com batata e queijo. A primeira parte da viagem foi bem lenta em função da neblina que nessa época é normal na região de Nova Delhi. Em função da neblina, cheguei em Haridwar com uma hora de atraso e, como o primeiro destino seria Rishikeshi, fui direto à estação de ônibus para mais uma viagem de quase 1 hora.
Durante o percurso, passamos por alguns diques artificiais do Rio Ganges, onde em um deles existia uma pequena central hidrelétrica e, em algumas travessias, as pontes cruzavam apenas um vale, praticamente seco, mas o indiano ao meu lado confirmou que na época chuvosa a água preenche todo aquele espaço vazio.
Rishikeshi fica bem no norte da Índia, localizada ao pé de uma cordilheira próxima ao Himalaia, e é um dos portões de entrada para trekkings nas montanhas e outros esportes radicais. A cidade é margeada pelo Rio Ganges, que aqui ainda é limpo, e tornou-se famosa pela visita dos Beatles a um de seus inúmeros Ashrams, centros espirituais de meditação e evolução espiritual que são geridos por gurus diversos.
A cidade possui sua região central, bem estilo indiano, mas subindo a estrada 58 em direção às montanhas com uma linda vista do Ganges à sua direita, chega-se a um distrito chamado Tapovan no lado direito do rio (direção de seu fluxo), muito próximo à duas belas pontes pênsil: a Ram Julha e Laxman Jhula. É nessa região, que pode ser conhecida inteiramente a pé, que situa-se o principal ponto turístico, com uma ótima infraestrutura de comércio, restaurantes, inúmeros ashrams e agências de turismo que vendem todos tipos de esportes de aventura. Por incrível que pareça, aqui nesse distritinho dessa cidadezinha encontrei o melhor supermercado de toda Índia, com grande variedade de produtos importados que encontramos pelo mundo.
Fiquei 4 noites no hotel Ganga Ambiance e ele não decepcionou. Foi um dos melhores que fiquei na Índia, boa equipe e wifi no quarto. Ajudou a tornar esses 4 dias um momento de saudável recuperação da energia que precisarei para a parte final da Índia, antes da ida ao Nepal.
Além do descanso em si e da atualização de várias leituras atrasadas que eu acumulava, decidi fazer aulas de ioga e meditação (90min – 150 rúpias) todos os dias no Ashram Anand Prakash. Afinal, a cidade é tida como capital mundial da ioga. O Ashram é um local muito agradável que acolhe turistas para pernoite também, mas a reserva para tal tem de ser feita com grande antecipação. Ficava a 5 min do meu hotel.
As aulas tiveram um professor no 1º e 3º dia e outro no 2º e 4º dia e estiveram bem cheias, com média de 20 pessoas a cada dia. O estilo foi bem diferente entre os professores. O primeiro usou muito mais sons para relaxamento e incluiu intensamente a meditação e o cuidado com a respiração, bem zen mesmo. O segundo ministrou uma aula fisicamente mais puxada, com muitos alongamentos e propostas das posições clássicas de ioga, as quais algumas tive grande dificuldade de realizar. Mesmo com algum condicionamento a idade mostra suas caras… Mas foi muito bom. Faz-nos lembrar em quanta paz existe no silêncio, em quantos benefícios existem quando percebemos o nosso corpo. Nunca havia feito uma aula no Brasil e foi muito interessante conhecer como funciona justamente aqui, com professores indianos. Quanto à minha dificuldade de concentração… acho que estou melhor, mas tenho um grande caminho a percorrer ainda…
No terceiro dia fiz um rafting no Rio Ganges de quase duas horas (400 rúpias), com um intervalo no meio do circuito. A maior parte foi sossegada, pois o fluxo do rio não é muito intenso nessa parte do ano, mas pegamos algumas descidas que o guia comentou que possuía classe 3. De fato, deu para molhar bem e em alguns momentos, éramos levados a tombar o corpo para o lado em função do movimento do bote. E a água estava extremamente gelada no inverno norte-indiano. De dia as temperaturas mal passavam de 22ºC, mas de noite caía a 7ºC. Mesmo assim, essa oportunidade seria única e não queria perdê-la. Valeu muito a pena!
A caminhada é agradável em torno da região das duas pontes, que é frequentada por dezenas de macacos. Ouvi comentários de roubos de comidas pelos mesmos e realmente, alguns ficam encarando você, esperando uma oportunidade. Na margem esquerda da Laxman Jhula fica o templo Travambakeshwar (belíssima construção) e do mesmo lado do rio, ao final da Ram Jhula fica o Swarg Ashram, na região tido como o ponto espiritual central de Rishikeshi, com grande concentração de ashrams e templos. É a parte mais “zen” da cidade, com muitas lojas tocando músicas de meditação e queimando incenso. Muitos prainhas e gaths (escadarias que levam ao rio) existem pela margem do Ganges, onde os indianos fazem suas devoções.
Nessa pequena cidade a maioria do povo indiano continua com a mesma simpatia de sempre, parando os estrangeiros na rua, perguntando de seu país, profissão e características de sua viagem. O balanço característico da cabeça está em quase todos e pode significar tudo. Estou me acostumando a prestar atenção em outros sinais para saber se ele quer dizer “sim”, “não” ou “talvez”…
Claro que existem os tipos “vendedores chatos”, aos quais o turista deve ser duro logo no começo pois caso contrário eles não saem do seu pé. E pedintes aos montes tornando impossível classificar os realmente necessitados daqueles utilizados como meio de manobra para extorquir dinheiro dos turistas (é um negócio, como no Brasil). Já passando para a parte final da minha visita no país, começo a entender mais certas situações e comportamentos do dia a dia dos indianos.
O último dia na região eu passei em Haridwar, pois meu trem saía dessa estação na manhã seguinte, às 06:22hs. Não ia conseguir arranjar um transporte confiável em Rishikeshi para poder ir direto de lá nesse horário.
Haridwar é uma cidade sagrada para os hindus, também é banhada pelo Ganges (já com alguma poluição visual nas margens) e centro de peregrinação, notadamente na época do festival Kumbh Mela, que por sinal estava ocorrendo nesse mês. Possui vários gaths e templos para purificação e devoção. Porém, procurei na internet e não achei nada muito diferente do que já vi na Índia. Como fiquei poucas horas na cidade, resolvi andar um pouco na mesma e dormir cedo para a viagem do dia seguinte que seria emendada com uma outra viagem noturna, para Khajuharo após permanecer algumas horas em Nova Delhi.
Seguindo a viagem, leia sobre a próxima parada: Khajuraho.
Veja todas as fotos de Rishikeshi e Haridwar no Google Photos ou então, as melhores fotos do norte da Índia no álbum do Pinterest.
As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
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Oi André!Que viagem hein!!! Vai voltar mais sábio, mais zen,purificado pelas energias recebidas destes lugares que sabemos que muitos deles são considerados sagrados e acredito até que tenha sentido estas energias que ninguém sabe explicar e assim voltará também mais iluminado!!!Me alegra saber que você está conseguindo relaxar e penso a mesma coisa sobre o silêncio. É o melhor lugar para encontrarmos conosco mesmo e até para devanear um pouco… Eu prefiro meditar no silêncio e ao som de uma música suave, mas, em volume baixo, prestar atenção na respiração que é uma forma de ir aquietando a mente até… Leia mais »
Sim Nina, preciso aprimorar isso… A gente chega lá! 🙂
Bjus!