A eficácia em ajudar os pobres e necessitados passa pelo individualismo de cada um e não pela dependência do dinheiro alheio.
Até porque as premissas que suportam a transferência de renda estão recheadas de conceitos imorais.
Você, pessoa bem intencionada, talvez idealize um mundo onde a justiça é construída por meios de uma intensa política de confisco da riqueza através de impostos e uma acentuada transferência de renda através de políticas sociais, com o objetivo de alcançar a sonhada igualdade econômica e ajudar os pobres e necessitados. Talvez você não acredite, mas é uma impraticável e uma tola utopia.

Faça um pequeno exercício mental: imagine que na virada do próximo ano fosse possível distribuir toda a riqueza do mundo em partes iguais para cada cidadão. Digamos que cada um tenha ficado com 25 mil reais. Passados doze meses, o que aconteceria quando chegasse o final de Dezembro? Você ainda acha que teríamos alguma igualdade? Você acha que todas as pessoas decidiram poupar, consumir, doar, emprestar aquela quantia da mesma forma? Qual seria a nova sugestão? Redistribuí-lo novamente? Por quanto tempo duraria esse ciclo?
Transferência de renda: riqueza e igualdade salarial: conceitos imorais
Quer seja seu desejo ou não, a riqueza possui um caminho natural na sociedade, fluindo aos indivíduos que são mais eficientes e eficazes em sua área de atuação. E note, leitor, que isso é bom. Bom porque a renda é uma das formas de remuneração para pessoas que oferecem algo positivo aos outros. Em um local onde não existam interferências estatais, a riqueza é meritória, isso é, as pessoas que a conquistaram, só a conquistaram porque foram recompensadas por outras pessoas que, voluntariamente, adquiriram o seu produto ou serviço.
Você, que usa seu iPad, iMac ou iPhone, colaborou decisivamente aos executivos e acionistas da Apple a ficarem mais ricos. Você colaborou para essa transferência de renda. E não, esse conceito não é apenas elitista. Você que já pagou muitas prestações de seu carnê das Casas Bahia também enriqueceu a família Klein.
A inovação em um sistema livre de mercado, na qual a Apple é apenas um exemplo entre milhões, provém inicialmente do acúmulo de capital. Esse acúmulo de capital é essencial para que nossa sociedade continue em evolução e, mesmo que por boas intenções como a ajuda aos pobres, seria totalmente arruinado em um programa de transferência de renda como descrita no primeiro parágrafo, além de extirpar o estímulo a novos empreendimentos em função da natureza imoral do ato.
Redistribuir renda por coação é algo obsceno e movido pela inveja, pois é um confisco de quem a ganhou honestamente (não estamos aqui falando de burocratas e empresários beneficiados pelos Estado, evidentemente) e solapa qualquer incentivo para que as pessoas produzam algo bom entre o grupo em que vivem. Diferentemente de ações louváveis como a filantropia direta e atividades voluntárias, a espoliação do dinheiro dos outros é mais uma forma de sustentação de poder aos políticos, gerando mais corrupção.
Além disso, a imposição de uma igualdade salarial demanda a supressão da desigualdade das pessoas. Mas as pessoas são naturalmente desiguais, possuem metas desiguais, possuem motivações desiguais. Ora, é claro que nunca serão economicamente iguais! Impor, em qualquer grau, através de uma transferência de renda forçada esse nivelamento econômico é uma imposição perversa por natureza.
O que precisa estar garantido, é a igualdade baseada nos direitos naturais entre todos os seres humanos, ricos e pobres, que deve estar acima de quaisquer classificações como cor de pele, preferências sexuais e afins (atribuir diferenças de direitos entre supostas castas é outro discurso alienado em moda hoje em dia). A real demanda é garantir as condições necessárias, como oportunidades de educação básica de qualidade a todos, de forma que suas próprias motivações internas, viabilizadas por suas capacidades intrínsecas, construam seu futuro. E que algumas exceções sejam tratadas como… exceções!
O discurso da esquerda estatista, que faz uso de ideias aparentemente dignas para legitimar atos funestos, precisa ser desmontado. Suas boas intenções são tão boas e nobres quanto às intenções dos ditadores comunistas de Cuba, Coréia do Norte e Venezuela. É irracional pensar que premiando setores improdutivos e castigando setores produtivos poderemos alcançar uma sociedade justa.
Uma parte dessa esquerda sabe o que está fazendo, e deseja protelar por tempo indefinido a dependência dos supostos beneficiados, pois possui vantagens nessa situação. A outra parte são os idiotas úteis, que realmente acreditam que essa postura é um atestado de compaixão e integridade, mas que no fundo, ao invés de ajudar os pobres e necessitados, apenas perpetua o atraso. A história do mundo é a maior referência que pode ser citada, mas infelizmente eles não são capazes de interpretá-la. Ao menos com lógica.
Enfim, a pobreza só será eliminada através de maior liberdade econômica. Transferência de renda não trará igualdade econômica, pois cada indivíduo, com suas diferentes aptidões e motivações conceberá um caminho diferente do outro. A liberdade econômica, entretanto, age em conjunto com o crescimento econômico para melhorar a renda de toda a população em geral.
Dados demonstram que os países com uma economia mais livre possuem, invariavelmente, até melhores redistribuições de renda que os demais. De longe, o quintil dos mais pobres possuem uma renda muito maior do que o mesmo quintil dos países com menor liberdade econômica. Um resumo desses dados pode ser visto aqui.
Infelizmente, mesmo sendo impossível argumentar contra os dados, a mentalidade estatista ainda é preponderante às ideias liberais em terras tupiniquins.Mas já está começando a perder a grande hegemonia. Quem viver verá.
Mas então, como ajudar os pobres e necessitados?
Oras, se eu tenho reais boas intenções, o que posso fazer ou estimular para que o mundo seja mais justo? Hans F. Sennholz escreveu um excelente artigo que mostra como deveria ser o comportamento das pessoas íntegras quanto a essa questão. Seus conselhos desnudam a ideia de coletividade e colocam o dedo na ferida: se você quer ser um agente de mudança, dependa basicamente dos seus atos e do seu esforço, ou seja, do seu individualismo. Nada de depender do dinheiro dos outros. Como ele resume ao final:
“Ser caridoso com a riqueza dos outros é uma delícia. Arregaçar as mangas e produzir por conta própria aquilo que você quer ver distribuído já é um pouco mais trabalhoso. Mas seu amor genuíno aos pobres servirá de estímulo todas as manhãs”.
Um breve resumo da ideia de Sennholz em como ajudar os pobres em cinco itens…
- Procure não se tornar pobre e não permita que outros sejam empobrecidos: com menos riqueza circulando, ficará mais difícil ajudá-los.
- Crie seus filhos com independência, explicando como funciona de fato a economia de mercado, com menos propensão a roubar e serem desonestos. Eles poderão ajudar ainda mais as pessoas empobrecidas. Divulgue amplamente esses ensinamentos ao maior número possível de pessoas, inclusive aos mais pobres, estimulando o trabalho voluntário produtivo.
- Dê exemplos pessoais, nunca contribuindo com a perpetuação do arranjo de poder estatal. Não legitime a coerção e o roubo, muito menos as políticas de distribuição de renda do governo, uma vez que elas apenas perpetuam os conchavos para o próprio benefício dos donos do poder.
- Produza riqueza, disponibilize empregos e permita o crescimento das pessoas. Distribua sua riqueza da forma como preferir, seja através de doações (de preferência com boas contra-partidas) ou na formação de pessoas capazes, mas mantenha a galinha dos ovos de ouro para que eles nunca escasseiem.
- Quando estiver partindo, legue sua riqueza e conhecimento para pessoas honestas e competentes para que elas possam dar continuidade ao seu trabalho.
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Boa tarde, muito bom texto mas acho que esqueceu de adicionar muitos fatores, tipo os recursos do planeta não são finitos, sua lógica é muito boa, também não concordo com divisão de bens, mas acho que nossa economia não é justa levando em conta o que realmente é nessesario para se ter uma vida de qualidade e em contra partida preservar os recursos que não são infinitos, sem contar também os empresário s que ganhão dinheiro honestamente, mas com lucros abusivos e preços fora da realidade… Enfim é preciso muita ética e caráter neste assunto, não somente pensar em merecimento!… Leia mais »
Oi Camilo. Obrigado!
O artigo focou apenas que lutar por igualdade econômica e transferência de renda são conceitos imorais. Para adicionar todos os fatores que colocou precisaria de um texto bem maior, o que não era o objetivo.
Abraço!
Excelentes conselhos!
É preciso também que nossas crianças sejam educadas para serem ricas (não soberbas) mas desenvolverem a capacidade de lidar com a riqueza que elas são capazes de produzir e manter em prol de um mundo melhor, tanto para ela e como para as pessoas ao seu redor.
Perfeito Alex!
O que fazer com as pessoas que moram no vale do jequitinhonha, por exemplo, onde nenhum empresário quer fixar qualquer negócio?
Junqueira, precisamos ter mais informações para avaliar. Por que o empresário não quer fazer negócio lá? Provavelmente isso ocorre porque nossas leis não permitem o livre mercado. Por exemplo, se o lugar é muito pobre e as pessoas não possuem especialização, o que atrairia indústrias é mão-de-obra barata. Mas como o governo exige salário-mínimo e todos os impostos que vc deve conhecer bem, da mesma forma que exige de uma empresa que se estabeleça em São Paulo, então o empresário não vai escolher o Jequitinhonha mesmo. Não conheço bem o Jequitinhonha. O que temos lá de recursos naturais? Agricultura? Qual… Leia mais »
A pergunta é: por que as montadoras de veículos preferem o interior de SP ao invés do citado vale?
Respondendo a partir de uma visão externa, sem dados mais precisos para avaliação: elas escolhem o interior de SP por sua vantagem comparativa, em função da proximidade de centros de consumo, de fornecedores de auto-peças e especialização da mão-de-obra. Podem escolher também estados do NE, como a Ford (Bahia) e Fiat (PE), caso existam fatores como valor menor da mão-de-obra e incentivos fiscais que sobrepujem os anteriores. O ponto é: para atrair investimentos, o local precisa ter algum motivo de atração. Por isso perguntei se você conhece o Jequitinhonha para discutirmos sobre isso. Isolar o problema para as indústrias automobilísticas… Leia mais »
Valha-me Deus! A conclusão de que "Enfim, a pobreza só será eliminada através de maior liberdade econômica." é de um liberalismo exagerado. Poucos entenderão o conceito de "moral" que não se busca esclarecer no texto. Falar em 'moral' sem explicar que o mercado o é tergiversa propositalmente ou não sobre o que há de mais importante no assunto, induzindo o leigo a repetir sem entender. Prefiro mais quando seus textos ao menos buscam desconstituir "argumentos de esquerda", ainda que não concorde com o rótulo que foi colocado nos argumentos contrários aos liberais e libertários que defende.
Caro Anônimo, nesse blog o objetivo não é discorrer sobre todos os aspectos possíveis de determinado assunto. Viraria uma tese. Meu objetivo aqui é produzir textos curtos para despertar um interesse inicial para as pessoas que não estão iniciadas nas teses liberais. Não são textos muito profundos para quem já leu literaturas mais densas, como por exemplo, o livro "Ação Humana" de Mises ou "A Revolta de Atlas" de Rand. Mas mesmo assim, acredito que posso comentar alguns pontos. A conclusão que você cita não considero exagerada. No mesmo parágrafo tem um link para um estudo que mostra exatamente isso.… Leia mais »
Muito bom, não só a postagem, mas o blog por inteiro.
Rapaz, revendo o texto agora e os comentários… quero crer que o Sr. anônimo acima… por algum problema argumentativo sofreu solução de continuidade…rs
Pois é Fernando, o debate fica totalmente truncado… :/
Gostaria de saber do anônimo o que eles quis dizer quando afirma que o mercado tergiversa o conceito de moral.
Gostaria de saber do anônimo o que eles quis dizer quando afirma que o mercado tergiversa o conceito de moral.
Quem sabe ele um dia volta e explica para a gente? 🙂
Sem dúvida o texto possui pontos bem razoáveis, mas não concordo com a ideia de que toda política de transferência de renda seja maléfica ou "imoral", como colocado no texto. Tomemos como exemplo o Programa Bolsa Família, do Governo Federal: não há uma busca por um coeficiente de Gini igual a 0, o que caracterizaria uma absoluta e estrita horizontalização da renda dos indivíduos; o que há é o repasse de pequenos valores para famílias de baixa renda, que dão maior poder de compra e barganha as mesmas.Nesse caso, não havia um indivíduo X ganhando 4500 e um indivíduo Y… Leia mais »
Anônimo, o que você tenta é encontrar um ponto de equilíbrio, até onde a transferência de renda passa a ser imoral ou não. Mas se você aceita os fundamentos do texto, de que qualquer transferência de riqueza é imoral em virtude de retirar involuntariamente recursos de quem os ganhou honestamente, a sua luta é na verdade, o ponto de equilíbrio entre o que é um pouco imoral e o que é muito imoral. Em ambos os casos, há imoralidade. Há quem defenda o Bolsa Família por achar que esse é um caminho de justiça. Há quem o perceba como uma… Leia mais »
Caro André, o que eu quis dizer é que há uma abissal diferença entre a igualização radical das riquezas de todos e programas sociais que objetivam dar maior poder de compra às camadas mais pobres da sociedade. De forma alguma afirmei que qualquer política de transferência de renda é imoral, muito pelo contrário, o meu esforço foi no sentido de evitar um significado distorcido para o termo, como é, ao meu ver, colocado no texto. Não se trata de discutir o que é menos ou mais imoral, pois o Estado destituir violentamente os mais abastados de todas as suas riquezas… Leia mais »
E me desculpe por ter comentado como Anônimo acima, é que não estava conseguindo acessar minha conta no Google+.
Tudo bem Gabriel. Eu acredito que já havia entendido o seu ponto. E eu tentei afirmar justamente isso: eu acho imoral qualquer transferência de renda forçada, exatamente por ser feita sob coerção, e não sob voluntarismo. Esse é o meu argumento sobre essa imoralidade. O que você deseja debater é um segundo aspecto: se a transferência de riqueza pode ser útil para a sociedade ou não. Entenda meu ponto: mesmo que você me convença que ela seja útil, eu vou continuar achando-a imoral, em virtude da natureza do seu ato de coerção, percebe? Eu acredito em uma transferência de riqueza… Leia mais »
Entendo profundamente sua opinião, André. Só tenho uma pergunta: você acredita realmente em uma transferência voluntária de renda, mesmo em momentos de crises como a que estamos passando agora? Pois no mínimo a transferência deve ser constante e real, e não apenas circunstancial.
Gabriel, vou tentar responder de forma breve, mas para aprofundamento, necessitamos de mais debate. O voluntarismo é inversamente proporcional ao Estado Babá. Quanto mais Estado tivermos, mais as pessoas isentam-se da responsabilidade de ajudar o próximo. Pensam elas: "Oram, o Estado é assistencialista, isso então é papel do Estado". Assim hoje, com a carga tributária que temos e com a economia em frangalhos (que é uma das consequências desse Estado grande), não, eu não acredito que o voluntarismo seja suficiente para ajudar a maioria da população. Mas não podemos raciocinar em momentos de crises. Temos que ter nossos fundamentos ancorados… Leia mais »
Também conheço várias pessoas que desenvolvem trabalhos voluntários, e também vários projetos financiados com doações. Sem dúvida, essas ideias e essa forma de gerenciamento de defasagens econômicas e sociais é admirável. Meus parabéns pelo excelente texto e pela originariedade dos argumentos, com toda a certeza provoca-se a reflexão acerca da atual estrutura estatal que possuímos. O problema é que a aplicação desse projeto de sociedade idealizado por você de certa maneira esbarra numa questão circular: para se ter uma mudança na sociedade dessa forma é preciso uma boa instrução e educação da sociedade como um todo, além da boa vontade… Leia mais »
Sim Gabriel. Precisamos de fato, de um suporte para essa mudança de mentalidade, que ainda, está longe da solidificação. Uma transição em geral, pode ser dolorosa, mas se tratarmos como algo provisório, é possível algum amparo. Não prego de forma nenhuma o abandono e a miséria. O blog está meio parado, mas já têm muitas ideias por aqui escritas que poderiam ser classificada como "originais" em função da falta de capilaridade dessas ideias no Brasil. Porém, grande parte delas não são tão originais assim. Foram absorvidas durante anos de leitura de autores esquecidos em terras tupiniquins e alijados das universidades,… Leia mais »