Dia 17 da viagem: Sítio arqueológico da cidade de Éfeso, Turquia


Uma visita à antiga cidade grega de Éfeso, atual Turquia, em um dos sítios arqueológicos mais bem preservados da era clássica.


Para conhecer a antiga cidade de Éfeso, uma das maiores da antiguidade e situada em um dos maiores sítios arqueológicos de toda a região helênica, o viajante pode usar como base as cidades de Kusadasi, Izmir ou Selçuk. Usei essa última por ser a mais próxima, facilitando minha ida posterior à Capadócia. É, porém, a menor das três, embora ofereça em seus arredores alguns outros sítios para visitação caso haja tempo disponível para mais visitas.

Uma das ruas da cidade de Éfeso
Uma das ruas da cidade de Éfeso

Cheguei de Bodrum a Selçuk já tarde em um ônibus com tela de LCD individual com cinco canais de televisão, 3 de filmes (dublados em turco) e uns 10 de música, além de uma câmera na frente do ônibus caso você quisesse acompanhar a viagem.

Os ônibus da Turquia possuem um comissário, além do motorista. Sua função é cuidar das bagagens, oferecer álcool gel para você passar na mão e servir café, chá, água e bolinhos. A ênfase dada ao transporte rodoviário, em detrimento ao ferroviário, é grande.

Caminho para o sítio arqueológico
Caminho para o sítio arqueológico

Fui direto ao hostel que havia reservado, uma vez que nesse caso eu chegaria tarde da noite: o ANZ, controlado por um casal de australianos. Bom café da manhã, mas cama um pouco desconfortável. Além disso, o aquecimento do quarto estava com problemas. Dormi dentro do saco novamente embaixo das cobertas. Aliás, gostei dele… Está se tornando um instrumento indispensável para as próximas viagens. A outra ferramenta interessante é o GPS no celular. Saber onde você está em cada viagem, o nome das cidades que passam ao seu lado é muito enriquecedor.

Bom, não recomendo o hostel, mesmo pelos 12 euros gastos; devem ter melhores opções. Acordei, e após um café da manhã meio xoxo do hostel, cujos motivos para escolha foi a boa localização (perto da rodoviária e ao lado da estrada), fui a Éfeso a pé, percorrendo uma distância de menos de 3km. Mais quilômetros de caminhada seriam reservados para andar por todo o sítio arqueológico.

 Onde há consumidores, há vendedores
Onde há consumidores, há vendedores

Após cerca de uns 300m à sua direita, já encontra-se a entrada para o sítio arqueológico do templo de Artemis, que é gratuita. Deixei para o retorno. Após menos de 2km de caminhada, você sai da estrada à esquerda e anda quase 1 km  adicional para chegar no portão principal. Existem bastante placas informativas, como percebi em todas as estradas turcas que tenho passado, sendo difícil perder-se.

Chegando na entrada, pude presenciar enfim, muitos ônibus e turistas no local, sendo mais de 90% orientais. A exploração comercial do sítio é intensa, com a presença de inúmeras lojas (mesmo sem relação com a temática histórica do sítio), restaurantes e vendedores ambulantes. Vão oferecer tudo o que podem a você até chegar à cabine de compra do ticket, que não é barato: 25 liras turcas.

Logo na entrada à direita existem os banheiros (melhor garantir) e um café à esquerda. Se não comprou água ainda, compre agora. O sítio tem, entre os os dois extremos, 1,5km, e você anda bem mais do que o dobro disso, pois entra nas construções e ruas adjacentes. Na minha visita a temperatura estava em torno de 10ºC, mas li relatos que no verão, há dias que beiram o insuportável.

Rua de Éfeso que levava ao antigo porto
Rua de Éfeso que levava ao antigo porto

A região onde situa-se o sítio de Éfeso já acolheu diferentes civilizações. A primeira data de fixação da presença humana na região data de 6.000 a.C., posteriormente fez parte do império hitita, e pelos jônios, em 1.000 a.C., seguidos pelo lídios, persas, gregos, macedônicos e romanos, em 133 a.C. As ruínas das cidades que vemos hoje datam dessa última era, quando era uma das mais importantes cidades romanas, com mais de 250mil habitantes, possuindo um porto estratégico e, desde os tempos gregos, um grande centro de produção filosófica.

No período de início da pregação da fé cristã, Éfeso foi uma das cidades onde a nova religião mais se difundiu e, no mesmo sítio visitado, abriga a Igreja de Virgem Maria, que recebeu o primeiro Concílio de Éfeso em 431 d.C. e a cidade foi declarada como o centro do cristianismo em 449 d.C.

A visita ao sítio, como comentei, é longa e dependendo do seu tempo e interesse, 3 horas podem não ser suficientes. Agora no inverno o horário de abertura é das 10 às 16hs. Existem muitas placas indicativas de cada local, não existindo a necessidade de contratar um guia, principalmente se estiver só, pois o preço não é barato (25 liras a hora). Existe, contudo, a possibilidade de alugar áudios, por 15 liras. E claro, sempre existe um jeitinho de ficar próximo aos grupos guiados e ouvir algumas dicas dos guias por eles contratados.

Teatro de Éfeso: o maior da antiguidade
Teatro de Éfeso: o maior da antiguidade

As duas construções mais impressionantes é o Teatro, com espaço para 25mil pessoas, considerado o maior da antiguidade (para comparação, Epidavrus, que já era enorme, podia receber 15mil pessoas) e a biblioteca de Celso, cuja fachada foi reconstruída recentemente, na década de 70.

A visita à Éfeso, contudo, impressiona mais não pelas construções em si, isoladas, e nem pela quantidade de gatos banhando-se ao sol nas pedras de mármore, mas sim pela sensação de caminhar em uma cidade romana da antiguidade como seus antigos habitantes. É possível apreciar as ruas e reconstruir mentalmente as construções que antes estavam em pé. Uma viagem ao passado.

Infelizmente (ou felizmente, dependendo do ponto de vista), como venho comentado em outros posts, estamos imersos dentro de um processo histórico, e a cidade que vi provavelmente não será a cidade que o próximo viajante verá. Ainda existem muitas peças a serem encaixadas e muitos locais onde a passagem ainda é proibida. Algumas estruturas ainda estão sendo criadas, como o calçamento da estrada que liga a rua de entrada com a Igreja da Virgem Maria.

Enfim, faz parte em viver num mundo em plena transformação. Escrevi um texto posteriormente que reflete sobre esse ponto: “A expressão dos locais na viagem: tempo e espaço“. E acho que esse é um bom tema para um próximo post de reflexão.

Parte final da estrada explorada
Parte final da estrada explorada

No retorno, encorajado pelo GPS fiz algo diferente. Após uma bifurcação a 500m, peguei uma estrada à direita para conhecer a gruta dos “seven sleepers” (a 1,4km), cujas histórias e lendas divergem entre historiadores (não prolongarei o post; “google it”). E, ao invés de voltar para a estrada principal, decidi seguir outro caminho à cidade (mais 2km) até a rodoviária, onde comprei o ônibus noturno à Capadócia.

A estrada parecia boa no começo, mas depois se estreitou e torci para que não aparecesse nenhuma cerca no meio do caminho. Mas esse retorno foi interessante para conhecer um pouco a área rural de Selçuk, com direito a contemplar um bando de ovelhas com sininhos caminhando nas montanhas. Aliás, cabras e bodes pululam pela cidade e não provocam curiosidade para um viajante que já está andando na região há algum tempo.

O resto do dia foi preenchido com um passeio a Selçuk, visitando o local de alguns pontos históricos (Basílica de São João, cidadela de Ayasoluk e algumas ruínas nas áreas centrais), sentindo a rotina da pequena cidade com um comércio nas ruas centrais bem movimentado.

O que restou do Templo de Artemis
O que restou do Templo de Artemis

Visitei o interior de uma pequena mesquita. Não fiquei à vontade de tirar fotos, pois dois homens estavam rezando e achei falta de respeito. Quem sabe outra hora? Era  um espaço circular bem pequeno e simples, acarpetado (entra-se sem sapatos) e sem decoração, apenas duas cadeiras, e uma escrivaninha com algumas anotações.

No caminho para o hostel, passei no sítio do Templo de Artemis e, como já havia lido na internet, o sentimento é um pouco decepcionante. O que sobrou do maior templo da antiguidade foi apenas uma coluna com um ninho de cegonha em seu topo. Difícil imaginar toda a expressão que o templo causava entre os povos antigos. Voltei para lanchar e pegar o ônibus posteriormente. A empresa de ônibus foi a Süha e passagem custou 60 liras turcas.

Próximo post: Capadócia e a viagem de balão.

Veja todas as fotos de Éfeso no Google Photos ou então, as melhores fotos da Turquia no álbum do Pinterest.

As postagens dos roteiros e também dessa aventura que começou na Europa, passou pela Ásia, retornando ao velho continente, estão na página da viagem de 205 dias à Ásia.
Veja mais viagens e reflexões de viagens nessa página.

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Carolina
11 anos atrás

Paulo de Tarso esteve aí…uma das cartas mais bonitas dele é exatamente a carta aos Efésios. E esse teatroooooo???? Pelamordedeus!!!!! Sensacional, André!

Helana Almeida
Helana Almeida
11 anos atrás

Só agora que pude parar para ler com calma e atenção seu blog, do jeito que deve ser.Estou adorando!Que venham os proximos capítulos!
Em Istambul, vale a pena você tomar um loooongo típico banho em Cerbelitas hanami ou Cagaloglu hanami. Bjos e curta muito!

André Rezende Azevedo
11 anos atrás

🙂

André Rezende Azevedo
11 anos atrás

Obrigado Helana! Também pelas dicas. Estou indo para lá amanhã à noite. Bjus!

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